Presidente sírio criticou europeus por classificar rebeldes de 'moderados'.
Ele deu entrevista a canais russos.
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, atribuiu à Europa a responsabilidade pela crise dos refugiados, já que "apoiou, apoia e dá cobertura ao terrorismo", em uma entrevista divulgada nesta quarta-feira (16) por vários meios da imprensa da Rússia.
"A Europa é responsável, porque apoiou, apoia e dá cobertura ao terrorismo", disse o líder sírio, que acrescentou que "a Europa chama de 'moderados' os terroristas e os divide em grupos, quando, na realidade, são todos extremistas".
Assad comentou que agora a Europa tenta "apresentar o assunto como se sua culpa fosse apenas não ter disponibilizado os recursos necessários para garantir uma migração organizada, o que fez com que refugiados morressem afogados em sua tentativa de cruzar o Mediterrâneo".
"Sentimos dor por todas as vítimas inocentes, mas por acaso a vida de uma pessoa afogada no mar tem mais valor que a de uma morta na Síria? Como se pode lamentar a morte de uma criança no mar e fazer pouco caso de milhares de crianças, mulheres e idosos vítimas do terrorismo na Síria?", questionou o líder sírio.
Para Assad, isto é uma demonstração clara e "vergonhosa" de "dois pesos e duas medidas" da União Europeia.
O presidente sírio afirmou que a Europa apenas conseguirá diminuir a "avalanche" de refugiados "se deixar de apoiar os terroristas", que são a "origem do problema".
"Se os europeus estão preocupados com o destino dos refugiados, que deixem de apoiar os terroristas", insistiu Assad.
Além disso, o líder do regime fez um pedido a todos os sírios "para que se unam na luta contra o terrorismo, porque é o caminho para se conseguir os objetivos políticos que os sírios querem, através do diálogo e de um processo político".
"Se hoje perguntamos a qualquer sírio o que ele quer, sua primeira resposta será: segurança e estabilidade para todos e cada um de nós. Desta maneira, todas as forças políticas, tanto no governo como fora dele, devem se unir em torno das exigências do povo sírio", ressaltou o presidente.
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Permanência no poder
Assad reiterou que sua permanência ou não no poder é um assunto que cabe ao povo da Síria, através de eleições, "e não aos Estados Unidos, ao Conselho de Segurança da ONU e à Convenção de Genebra".
"Sobre o presidente, ele chega ao poder com o consentimento do povo por meio de eleições, e se ele sair, ele sai se o povo quiser isso, não por causa do julgamento dos Estados Unidos, do Conselho de Segurança da ONU, da Conferência de Genebra ou do Comunicado de Genebra", disse Assad nesta quarta-feira.
"Se o povo quiser que ele fique, o presidente fica. Do contrário, ele deve renunciar logo", acrescentou.
O presidente sírio negou que unidades militares iranianas estejam combatendo ao lado das forças governamentais, mas assinalou que Teerã lhe fornece armamento.
A ajuda do Irã, que tem fornecido tecnologia militar, tem sido crucial no combate ao terrorismo na Síria, segundo Assad. Mas Teerã não enviou unidades militares a Damasco, acrescentou.
Assad disse ainda que a coalizão liderada pelos EUA não tem sido capaz de enfraquecer os militantes islâmico até o momento.
O presidente sírio enfrenta uma guerra civil há mais de quatro anos e meio contra seu regime.
Nesta terça, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que Moscou seguirá apoiando o regime sírio com ajuda militar em sua luta contra grupos terroristas, como o Estado Islâmico.
O chefe do Kremlin negou que o apoio de Moscou ao regime de Assad seja a causa da crise dos refugiados e, por outro lado, ressaltou que, se estivesse apoiado Damasco, o número de deslocados seria ainda maior.
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