A religião cristã poderá estar extinta no Iraque no prazo de cinco anos se não houver uma "ajuda de emergência a nível internacional", alerta um relatório da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) divulgado hoje.
Lusa
O relatório "Perseguidos e Esquecidos?", sobre "os cristãos oprimidos por causa da sua fé" e relativo ao período entre outubro de 2013 e julho de 2015, refere que o número de cristãos no Iraque passou "de cerca de um milhão em 2002-2003 para cerca de 700 mil em 2006 e para menos de 300 mil" no período em análise.
A "população cristã tem vindo a sofrer uma verdadeira hemorragia no Iraque, a um ritmo de 60 a 100 mil por ano", assinala o estudo, adiantando: "Estas estatísticas sugerem que, a não ser que haja uma mudança para melhor, o Cristianismo será totalmente extinto no Iraque no prazo de cinco anos".
Organização da Igreja Católica que depende diretamente da Santa Sé, a Fundação AIS tem como missão "ajudar os cristãos onde quer que eles se encontrem perseguidos, refugiados ou em necessidade".
Além do Iraque, o relatório refere que "um enorme êxodo de cristãos de outras regiões do Médio Oriente, como por exemplo da Síria, combinado com um aumento das pressões sobre os fiéis na Arábia Saudita e no Irão, significam que a Igreja está a ser silenciada e expulsa do coração da sua antiga região bíblica".
De acordo com o estudo, "a ameaça mais grave" para os cristãos tem sido o islamismo extremista e não só no Médio Oriente.
"A ascensão de grupos militantes islâmicos na Nigéria, no Sudão, no Quénia, na Tanzânia e noutras regiões de África está a destabilizar a presença cristã no único continente que até agora constituiu a maior esperança da Igreja para o futuro", adianta.
Ameaça para os cristãos é ainda a "ascensão de outros movimentos religiosos extremistas" que representou "um grande retrocesso".
"Em países como o Sri Lanka, a Índia e Israel, os cristãos estão sob ameaça de radicais budistas, hindus e judeus", respetivamente, refere o resumo do relatório divulgado pela Fundação AIS.
O relatório avalia a situação em 22 países e os relatos de incidentes abrangem todos os grupos cristãos tradicionais - católicos, ortodoxos e protestantes.
Dos 22 países, 19 estavam incluídos no relatório anterior da Fundação AIS e destes "15 (ou seja, 79%) viram a situação dos cristãos 'piorar'".
"O número de países categorizados como aqueles onde os cristãos sofreram perseguição "extrema" aumentou de seis em 2011-13 para 10 em 2013-15", segundo o estudo.
Iraque, Nigéria, Sudão e Síria são os países que passaram a integrar a lista daqueles onde os cristãos são mais perseguidos e que incluía a China, Eritreia, Coreia do Norte, Paquistão, Arábia Saudita e Vietname.
Entre os fatores de degradação da situação nos vários países estão o "aumento dos ataques aos cristãos e às igrejas, alterações legais que comprometem claramente a liberdade dos cristãos e discurso de ódio, sobretudo na comunicação social", adianta o relatório.
A investigação que tem sido feita para a realização de cinco edições do relatório "Perseguidos e Esquecidos?", abarcando um período de nove anos, "revela que a situação se deteriorou na esmagadora maioria dos países em análise", assinala a Fundação AIS.
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