O fato de ter sido marcada já uma data e um lugar
aproximados do evento constitui um enorme avanço. Uma decisão dessas foi
esperada durante mais de 50 anos. Parece não ser grande coisa em
relação a um outro fato de que todos os Patriarcas ortodoxos não se
reuniram desde a altura do Segundo Concílio de Niceia em 787. Por outro
lado, já se tornou claro ser impossível dar solução a uma série de
problemas pendentes sem que seja convocado um Concílio dessa
envergadura. Por isso, o próximo Concílio será, sem embargo, um evento
de grande porte, disse o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, Kirill:
“A
história eclesiástica desconhece eventos do gênero. É extremamente
importante que as decisões nesse Concílio sejam tomadas por via
consensual, ou seja, por um acordo geral. A via de votação será
excluída. Mas um documento aprovado pelos chefes de Igrejas realça que
“cada Igreja local terá um voto”. Isto significa que a Igreja Ortodoxa,
no seu conjunto, não poderá sustentar dois pontos de vista diferentes. A
opinião de Igrejas locais deverá ser formulada de modo a poder
expressar os ânimos dos bispos, sacerdotes e do rebanho de Deus. Isso
tem sido sobejamente importante para evitar controvérsias e cisões. O
Concílio deverá contribuir para uma maior coesão e reconciliação perante
um vasto espectro de desafios contemporâneos.”
No
início dos anos 60, altura em que surgiu a ideia de convocar tal fórum
representativo, ao exame de Patriarcas foram submetidos cerca de 100
temas. Com o passar do tempo, o seu número se reduziu a dez, requerendo
cada uma votação à parte. Ora, até hoje, se conseguiu consenso em
relação a oito temas debatidos e já votados. Isto aponta para a
necessidade de realizar um Concílio Ortodoxo a fim de resolver várias
questões relacionadas com a situação de diásporas de crentes nos países
não ortodoxos, a uniformização de calendário eclesiástico e das regras
relativas ao jejum, a atitude da Igreja Ortodoxa para com os fiéis de
outras confissões cristãs. Foi decidido ainda que cada Igreja local
seria representada por 24 arciprestes com o seu respectivo Patriarca à
frente. Diga-se de passagem que o princípio de consenso, escolhido com
um método de realização do Concílio, foi proposto pela Igreja Russa,
adianta o metropolita Illarion:
“É evidente que a
presidência será assumida pelo Patriarca de Constantinopla, “primeiro
entre os iguais”, devendo ele se sentar à mesa no meio dos chefes de
outras Igrejas locais. Deste modo, o Concílio não será semelhante aos
concílios católicos em que a mesa de presidência está ocupada por Papa,
enquanto os bispos se encontram sentados em filas na sala de reuniões.
Assim, será posta em prática a doutrina ortodoxa, segundo a qual as
Igrejas locais, iguais em direitos, são dirigidas por Patriarcas e
metropolitas também iguais pela sua dignidade.”
Em
resultado da recente reunião em Istambul não foi apenas aprovado um
regimento do futuro Concílio. Os chefes de Igrejas adotaram um Apelo em
defesa de cristãos na Síria e no Oriente Médio. Também foi aprovada uma
declaração sobre a crise política na Ucrânia. Segundo ressaltou o
Patriarca russo Kirill, este documento contém três elementos
importantes:
“Primeiro, é um apelo à paz e à
reconciliação. O segundo ponto adverte contra o emprego da força, ou
seja, uma ocupação forçada de mosteiros e templos. O terceiro diz
respeito aos crentes dissidentes que são convidados a tomar juízo e se
reintegrar na Igreja Ortodoxa Russa.”
Trata-se, pois, de um princípio canônico visando a unidade eclesiástica na Ucrânia, salientou o Patriarca Kirill.
FONTE:
0 comentários:
Postar um comentário
Faça seu comentário aqui ou deixe sua opinião.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.