Uma
empresa de cibersegurança dos Estados Unidos disse ter reunido
evidências de que o governo russo espionou centenas de companhias
norte-americanas, europeias e asiáticas, na primeira acusação de
ciberataques contra a Rússia para obter supostas vantagens econômicas, e
não políticas.
De acordo com a empresa CrowdStrike, as vítimas do
esquema de espionagem incluem companhias de energia e tecnologia,
algumas das quais perderam valiosa propriedade intelectual.
A CrowdStrike não quis entrar em detalhes sobre essas
perdas ou dizer o nome das vítimas, citando aspectos confidenciais da
sua investigação.
Autoridades do Ministério do Interior russo não puderam ser contactadas para comentar o caso na manhã desta quarta-feira.
"Esses ataques parecem ter sido motivados pelo interesse
do governo russo em ajudar a sua indústria a manter a competitividade
em áreas de importância nacional", disse à Reuters Dmitri Alperovitch,
funcionário da CrowdStrike, na noite de terça-feira.
No passado, pesquisadores da área de segurança no
ciberespaço afirmaram que o governo da China estava por trás de
espionagem a várias corporações desde 2005, mas a China nega essas
acusações. Alperovitch disse que essa é a primeira vez que o governo
russo é ligado a ações desse tipo contra empresas.
Governos têm usado redes de computadores para espionar
um ao outro por mais de 30 anos, um tipo de programa de vigilância
implementado praticamente por todos os países, segundo a CrowdStrike.
Foi somente na década passada que alguns países começaram a usar a
espionagem no ciberespaço como uma plataforma para obter informações que
ajudem a promover os interesses econômicos nacionais, de acordo com
Alperovitch.
A CrowdStrike tem seguido as atividades de um grupo
russo de hackers chamado "Urso Energético" por dois anos. A empresa
acredita que o governo russo está por trás da campanha por causa de
indicadores técnicos, da análise dos alvos escolhidos e das informações
roubadas.
Segundo a CrowdStrike, as vítimas são empresas de
energia europeias, prestadores de serviço na área de defesa, companhias
de tecnologia e agências de governo.
A indústria e o setor de construção nos Estados Unidos,
na Europa e no Oriente Médio, assim como provedores de assistência
médica nos EUA, também são citados como alvo no relatório divulgado pela
Internet nesta quarta.
Alperovitch, que é de origem russa e mora em Washington,
é um especialista em espionagem no ciberespaço e ganhou destaque quando
trabalhava para a McAfee.
Ele disse à Reuters que as informações obtidas sugerem
que Moscou decidiu usar esse tipo de espionagem para promover seus
interesses econômicos.
"Eles estão copiando a cartilha chinesa", afirmou. "Essa espionagem é muito lucrativa para um país."
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