O
secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, o chanceler
mexicano, José Antonio Meade, e o ministro das Relações Exteriores
canadense, John Baird, concordaram nesta sexta-feira que não há
necessidade de reformar o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte
(Nafta).
Durante uma reunião trilateral no Departamento de
Estado, Baird, Kerry e Meade prepararam a agenda para a Cúpula de
Líderes da América do Norte, que será realizada no próximo dia 19 de
fevereiro em Toluca, no México.
Essa cúpula, consideraram, servirá para marcar o 20º
aniversário do Nafta e também para buscar formas de fortalecer a relação
entre os três países para promover um crescimento econômico que seja
"ao mesmo tempo partilhado e inclusivo", nas palavras de Meade.
Apesar de terem apostado na promoção e na diversificação
das relações, os responsáveis das Relações Exteriores descartaram a
possibilidade de reabrir as negociações sobre o tratado para levar em
conta mudanças como a recente reforma energética aprovada no México.
"Não achamos que seja necessário reabrir o Nafta em si para conseguir o que queremos", disse Kerry.
No mesmo sentido, Meade assegurou que os três países
concordam que "não é necessário reabrir o NAFTA", mas sim "continuar
avançando para construir e revitalizar a ideia de uma América do Norte
dinâmica".
Esse avanço pode se basear em dois grandes tratados
comerciais em negociação, segundo os ministros: o Acordo de Associação
Transpacífico (TPP, sigla em inglês) e o Tratado de Livre-Comércio e
Investimentos entre Estados Unidos e União Europeia (UE).
Para Kerry, a integração dos três países no TPP será "um
componente crítico para avançar rumo a uma nova fase pós-NAFTA",
enquanto Meade indicou que o México "tem interesse" que as negociações
entre Estados Unidos e UE "sejam benéficas para a região da América do
Norte".
"Trabalharemos para garantir que essas negociações
aumentem a competitividade da América do Norte, visando uma perspectiva
mais integrada da América do Norte com a UE ao invés de algo
simplesmente bilateral", afirmou Meade.
Os três ministros falaram também sobre energia,
integração de indústrias, como a de automoção e aeronáutica, e segurança
pública.
Em uma reunião bilateral posterior, Kerry e Meade
"renovaram seu compromisso de compartilhar a responsabilidade por sua
cooperação bilateral sob a Iniciativa Mérida", o tratado internacional
de segurança estabelecido por EUA, México e os países de América Central
para o combate ao narcotráfico e o crime organizado.
Segundo a porta-voz do Departamento de Estado, Jen
Psaki, "os países vão trabalhar juntos para construir uma fronteira que
promova o comércio e proteja a segurança pública".
Meade aproveitou a reunião para tratar do caso do réu
mexicano Édgar Tamayo, sentenciado à pena de morte no Texas e cuja
execução está prevista para a próxima quarta-feira, apesar de seu
julgamento ter violado o direito à notificação consular incluído na
convenção de Viena.
Tamayo seria o terceiro mexicano a ser executado após o
caso Avena em 2004, no qual a Corte Internacional de Justiça ordenou os
EUA a revisarem os casos dos condenados à morte cujo direito à
notificação consular foi violado.
Meade disse a Kerry que seu governo reconhece "as ações
do governo dos EUA para buscar o cumprimento da decisão Avena", mas ao
mesmo tempo "expressou profunda preocupação pela decisão do estado do
Texas de manter a data de execução do mexicano Edgar Tamayo", informou a
embaixada mexicana em comunicado.
Uma funcionária do alto escalão do Departamento de
Estado, que pediu o anonimato, afirmou na quarta-feira que o governo
seguirá tentando assegurar que a decisão da CIJ seja implementada, "mas
essas decisões estão em último caso nas mãos do estado", onde o
governador, Rick Perry, mantém, por enquanto, a data da execução.
Antes da reunião, Kerry mostrou sua inquietação pela
situação no estado mexicano de Michoacán, onde os confrontos entre as
milícias de autodefesa e os cartéis do narcotráfico geraram recentemente
uma onda de violência que provocou a intervenção do Governo Federal
para recuperar o controle de vários municípios.
"Estamos preocupados, e trabalharemos com o governo do
México e estamos preparados para tentar ajudar no que for possível",
garantiu o secretário de Estado americano.
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