terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Obama procura salvar a cara dos serviços de espionagem

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Foto: EPA

Durante três dias peritos refletiram sobre as propostas formuladas, em 17 de janeiro, pelo presidente dos EUA, concernentes a uma eventual reforma da Agência de Segurança Nacional (NSA).

Segundo os círculos jurídicos, a reforma não passa de uma tentativa de legitimar tudo o que era ilegítimo nos quadros da agência antes. Hoje, à luz do programa de reorganização do sistema de espionagem eletrônica dos EUA, têm surgido avaliações diversas. Se ouvem apreciações como “vergonhoso”, “ridículo” e “vago”. Entretanto, a União de Defesa das Liberdades Civis (ACLU) qualificou a remodelação como a “manutenção de um status quo, envolto em tecido bonito”.
Obama prometeu introduzir limitações complementares para a recolha de informações sobre contatos telefônicos à escala mundial e limitar (não cancelar), ao mesmo tempo, as atuais proporções da espionagem travada contra os líderes estrangeiros, inclusivamente “amigos e aliados próximos”. Nos tribunais secretos dos EUA que autorizam as escutas telefônicas irão trabalhar “advogados independentes”. Todavia, estes últimos serão nomeados desde que suas candidaturas sejam acordadas com a administração.
De qualquer jeito, o discurso do presidente no Ministério da Justiça tem um verso da moeda. Quando falava de restrições e limitações, acabou por reconhecer que as denúncias feitas por Snowden são a verdade crua e nua, comprovando aquilo que ele próprio tinha negado, incluindo a espionagem praticada contra os líderes de vários países, inclusive os aliados dos EUA:
“Deixei claro aos respectivos serviços que, na ausência de evidentes causas que ponham em jogo a segurança nacional, não vamos submeter ao monitoramento a comunicação mantida por chefes de Estados e governos dos nossos amigos e aliados.”
Desta forma, pode-se concluir antes disso os EUA tinham monitorado os líderes de outros Estados mesmo “na ausência de motivos sérios”. Porque, afinal de contas, as conversas telefônicas de Angela Merkel e da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, não tinham apresentado quaisquer ameaças para a segurança dos EUA. O mesmo se refere aos contatos telefônicos dos líderes de 35 países, vigiados pela NSA.
É um fato vergonhoso para um líder desse porte proferir um discurso de 45 minutos sem dizer nada de concreto, disse na ocasião o fundador do WikiLeaks, Julian Assange:
“É mais do que evidente que o presidente foi forçado a intervir para “denunciar” Edward Snowden e outros. Ele não tem alguma vontade de realizar reformas concretas. Limitou-se a lançar a bola para o campo do Congresso e de advogados que ele próprio irá indigitar.”
As reformas parecem extremamente ridículas, constata Glenn Greenwald, colaborador de Snowden e antigo observador do The Guardian. Foi ele que começou a publicar as denúncias feitas por Snowden. Ninguém, em parte alguma, apresentou uma única prova que bilhões de unidades de informação social pudessem prevenir um ato terrorista ou deter um terrorista, adianta. A questão não é de limitar a escala de espionagem, mas de saber avaliar corretamente os valores da nossa sociedade que a NSA e a Casa Branca estão estrangulando.
“Cabe-nos definir bem os valores civis. Claro que podemos erradicar quaisquer tipos de crimes: roubos, assaltos, violências, assassinatos e pedofilia. Mas para tal seriam necessário abdicar do sistema de mandados obrigatórios para buscas ou instalar câmeras de vigilância em cada casa ou cada escritório. Enfim, não o fizemos e anuímos em que seria melhor um crime do que a intrusão do governo na nossa vida pessoal.”
Em simultâneo com pseudo-reformas da NSA, o Congresso dos EUA começou a impor a hipótese sobre o alegado braço de Moscou no caso de Snowden. Conforme esta versão, o FSB (serviços especiais russos) teria planejado tal operação. Até hoje, “não existem provas diretas disso”, mas o Kremlin estaria “com certeza” envolvido no escandaloso caso, sem a ajuda dele Snowden não teria conseguido fazer nada, anunciaram os congressistas Mike Rogers e Michael McCaul, revezando-se nas avaliações idênticas absurdas.
Enquanto isso, o presidente Vladimir Putin, ainda em junho do ano passado, depois da estada de Snowden na zona de trânsito no aeroporto internacional Sheremetyevo, disse que “quaisquer acusações lançadas nesse sentido para Rússia não passam de invenções e absurdo”. Na entrevista coletiva em dezembro lembrou:
“Demos-lhe a possibilidade de viver na Rússia. Snowden, enquanto estiver no território da Rússia, não irá fazer propaganda antiamericana. As informações secretas que se divulgam são a obra que deixou em todo o mundo. Posso até assegurar na linguagem quase profissional: nós não trabalhamos com ele no plano operacional.”
Todas as reformas da NSA lembram as reformas dos anos passados, afirma Glenn Greenwald. Tanto Bush, como Obama tinham realizado algumas transformações nos serviços de espionagem após as denúncias feitas na imprensa em 2005. Mas, por mais estranho que possa parecer, as possibilidades da espionagem, desde então, têm aumentado cada vez mais.

 
FONTE:
http://portuguese.ruvr.ru/2014_01_20/Obama-procura-salvar-a-cara-dos-servicos-de-espionagem-7014/ 
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