Steinmeier foi o autor da iniciativa para as consultas de urgência de Berlim entre os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, da Rússia, de França e da Ucrânia. Na opinião de Berlim, Paris e Moscou, os contatos devem ter início até 5 de julho.
Os rebeldes do leste da Ucrânia já declararam que estão prontos para estabelecer contatos e a cumprir o cessar-fogo. Os acordos também foram assinados pelo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavel Klimkin. Se bem que, como o poder de Kiev já demonstrou por diversas vezes, as assinaturas e as promessas dos ministros ucranianos hoje não significam quase nada.
Por isso a Europa aguarda a reação de Kiev com preocupação. Em privado, os diplomatas europeus reconhecem que a resposta irá mostrar quem está a vencer em Kiev: se o “partido da guerra” e o bloco neonazista apoiado por Washington, ou o bom senso, e se o presidente da Ucrânia tem uma autonomia real, está disposto a alcançar a paz ou se todas as suas declarações não passaram de um blefe.
Não há muito otimismo nas capitais europeias. Os europeus não deixaram de ver o fato de Piotr Poroshenko, depois das informações recebidas do seu ministro das Relações Exteriores sobre os resultados da reunião de Berlim, em primeiro lugar telefonou ao vice-presidente dos EUA Joe Biden “para consultas”. Isso antes de se ter reunido com o Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia. Poroshenko, tal como o presidente interino Alexander Turchinov, tomaram todas as decisões sobre operações militares depois de fazerem telefonemas para Washington.
É completamente evidente que Poroshenko foi obrigado a recomeçar a guerra sob pressão direita no poder em Kiev e dos seus “patrocinadores” norte-americanos. Tanto a OSCE, como todos os principais países europeus, apelaram a que ele prolongasse o regime de cessar-fogo, mas ele ignorou esses apelos, diz o perito Vladimir Kornilov:
“A catástrofe humanitária na Ucrânia já é um fato consumado. Ela aumenta a cada dia e será muito difícil de parar, mesmo que se restabeleça o regime de cessar-fogo. Eu penso que a decisão de Poroshenko em recomeçar a operação punitiva foi uma surpresa não só para o Donbass e para a Rússia, mas também para a Europa.”
A participação ativa da Alemanha, líder da União Europeia, nas buscas por uma solução reflete o fato de os políticos do Velho Continente já começarem a ver as coisas e perceber quem é o responsável pelo derramamento de sangue, diz o perito Yuri Gluschenko. Se antes de ter rebentado a crise na Ucrânia, e de Kiev ter começado a exterminar a população do Donbass e de Lugansk, alguém ainda duvidava dos objetivos estratégicos dos EUA, agora só não os vê quem for cego e surdo, é a opinião de Yuri Gluschenko. Os EUA, afirma, querem transformar a Ucrânia e toda a região numa espécie de “novos Bálcãs”:
“Considerando que a extensão da fronteira russo-ucraniana é de cerca de 2 mil quilômetros, uma crise permanente na Ucrânia deverá se tornar, segundo os planos de Washington, num “ponto fraco” da Rússia. A teoria dos “conflitos controlados”, e do “caos controlado”, que está sendo praticada pelos EUA no Oriente Médio, também é aplicada por eles na Ucrânia.”
A Alemanha procura caminhos para a regularização da crise ucraniana precisamente em conjunto com a Rússia, porque não se consegue debelá-la com mais ninguém, pensa a maioria dos peritos russos. A União Europeia, ao contrário dos EUA, já não está analisando o chamado “terceiro pacote” de sanções contra a Rússia. Os diplomatas de Bruxelas, segundo testemunha o jornal EU Observer, dizem que as novas sanções não foram retiradas da agenda, mas que isso é feito para não irritar Washington.
Os EUA não querem entender que a União Europeia precisa de ter, como parceiro associado, um país política e economicamente estável, e não um território do “caos controlado”, diz o analista político Vladimir Bruter. Mas isso só será possível depois de uma regularização da crise e de um processo negocial, que será impensável sem a Rússia. Os europeus compreendem perfeitamente que as novas linhas divisórias na Europa não interessam a ninguém.
No dia 3 de julho já tiveram início em Bruxelas as consultas trilaterais de especialistas da Rússia, da Ucrânia e da União Europeia para a execução do Acordo de Associação e de comércio livre com Kiev. Essa é uma discussão técnica para preparar o encontro a nível ministerial que foi marcado para 11 de julho. A Rússia propunha, entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, realizar precisamente essas negociações. Mas nessa altura a União Europeia recusou. Se essas discussões tivessem tido lugar mais cedo, talvez a crise ucraniana nunca tivesse ocorrido.
FONTE:
http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_04/EUA-criam-zona-de-caos-controlado-na-Ucrania-5016/
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