sexta-feira, 4 de julho de 2014

EUA criam zona de caos controlado na Ucrânia

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, apelou a Kiev para que cumpra sem demora os acordos de restabelecimento do cessar-fogo e dos contatos com o leste do país alcançados na reunião quadripartida realizada em Berlim a 2 de junho.

Steinmeier foi o autor da iniciativa para as consultas de urgência de Berlim entre os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, da Rússia, de França e da Ucrânia. Na opinião de Berlim, Paris e Moscou, os contatos devem ter início até 5 de julho.
Os rebeldes do leste da Ucrânia já declararam que estão prontos para estabelecer contatos e a cumprir o cessar-fogo. Os acordos também foram assinados pelo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavel Klimkin. Se bem que, como o poder de Kiev já demonstrou por diversas vezes, as assinaturas e as promessas dos ministros ucranianos hoje não significam quase nada.
Por isso a Europa aguarda a reação de Kiev com preocupação. Em privado, os diplomatas europeus reconhecem que a resposta irá mostrar quem está a vencer em Kiev: se o “partido da guerra” e o bloco neonazista apoiado por Washington, ou o bom senso, e se o presidente da Ucrânia tem uma autonomia real, está disposto a alcançar a paz ou se todas as suas declarações não passaram de um blefe.
Não há muito otimismo nas capitais europeias. Os europeus não deixaram de ver o fato de Piotr Poroshenko, depois das informações recebidas do seu ministro das Relações Exteriores sobre os resultados da reunião de Berlim, em primeiro lugar telefonou ao vice-presidente dos EUA Joe Biden “para consultas”. Isso antes de se ter reunido com o Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia. Poroshenko, tal como o presidente interino Alexander Turchinov, tomaram todas as decisões sobre operações militares depois de fazerem telefonemas para Washington.
É completamente evidente que Poroshenko foi obrigado a recomeçar a guerra sob pressão direita no poder em Kiev e dos seus “patrocinadores” norte-americanos. Tanto a OSCE, como todos os principais países europeus, apelaram a que ele prolongasse o regime de cessar-fogo, mas ele ignorou esses apelos, diz o perito Vladimir Kornilov:
“A catástrofe humanitária na Ucrânia já é um fato consumado. Ela aumenta a cada dia e será muito difícil de parar, mesmo que se restabeleça o regime de cessar-fogo. Eu penso que a decisão de Poroshenko em recomeçar a operação punitiva foi uma surpresa não só para o Donbass e para a Rússia, mas também para a Europa.”
A participação ativa da Alemanha, líder da União Europeia, nas buscas por uma solução reflete o fato de os políticos do Velho Continente já começarem a ver as coisas e perceber quem é o responsável pelo derramamento de sangue, diz o perito Yuri Gluschenko. Se antes de ter rebentado a crise na Ucrânia, e de Kiev ter começado a exterminar a população do Donbass e de Lugansk, alguém ainda duvidava dos objetivos estratégicos dos EUA, agora só não os vê quem for cego e surdo, é a opinião de Yuri Gluschenko. Os EUA, afirma, querem transformar a Ucrânia e toda a região numa espécie de “novos Bálcãs”:
“Considerando que a extensão da fronteira russo-ucraniana é de cerca de 2 mil quilômetros, uma crise permanente na Ucrânia deverá se tornar, segundo os planos de Washington, num “ponto fraco” da Rússia. A teoria dos “conflitos controlados”, e do “caos controlado”, que está sendo praticada pelos EUA no Oriente Médio, também é aplicada por eles na Ucrânia.”
A Alemanha procura caminhos para a regularização da crise ucraniana precisamente em conjunto com a Rússia, porque não se consegue debelá-la com mais ninguém, pensa a maioria dos peritos russos. A União Europeia, ao contrário dos EUA, já não está analisando o chamado “terceiro pacote” de sanções contra a Rússia. Os diplomatas de Bruxelas, segundo testemunha o jornal EU Observer, dizem que as novas sanções não foram retiradas da agenda, mas que isso é feito para não irritar Washington.
Os EUA não querem entender que a União Europeia precisa de ter, como parceiro associado, um país política e economicamente estável, e não um território do “caos controlado”, diz o analista político Vladimir Bruter. Mas isso só será possível depois de uma regularização da crise e de um processo negocial, que será impensável sem a Rússia. Os europeus compreendem perfeitamente que as novas linhas divisórias na Europa não interessam a ninguém.
No dia 3 de julho já tiveram início em Bruxelas as consultas trilaterais de especialistas da Rússia, da Ucrânia e da União Europeia para a execução do Acordo de Associação e de comércio livre com Kiev. Essa é uma discussão técnica para preparar o encontro a nível ministerial que foi marcado para 11 de julho. A Rússia propunha, entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, realizar precisamente essas negociações. Mas nessa altura a União Europeia recusou. Se essas discussões tivessem tido lugar mais cedo, talvez a crise ucraniana nunca tivesse ocorrido.
FONTE:
http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_04/EUA-criam-zona-de-caos-controlado-na-Ucrania-5016/
Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Faça seu comentário aqui ou deixe sua opinião.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

SUA LOCALIZAÇÃO, EM TEMPO REAL.

Blogger Themes

Total de visualizações de página

Seguidores deste canal

Arquivo Geral do Blog

Minha lista de Sites e Blogs Parceiros

Translate this page

Hora Certa