Daniel Mello
- Pedro Ladeira/FolhapressPaulo Bernardo, ministro das Comunicações, diz que espionagem feita pelos EUA ao Brasil "não tem nada a ver com segurança"
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse nesta quarta-feira (18) que os Estados Unidos praticaram espionagem industrial contra o Brasil. "A partir do momento em que estão fazendo escuta e monitoramento de dados de políticos brasileiros, inclusive da presidenta da República, e de empresas como a Petrobras, isso não tem nada a ver com a segurança dos Estados Unidos, isso é espionagem industrial", afirmou Bernardo.
O ministro disse acreditar que as ações não têm respaldo na legislação americana. "É tentativa de obter informações que, na minha opinião, nem mesmo com a legislação que os Estados Unidos têm, que legitima a atividade de espionagem, isso é ilegal. A lei americana não prevê esse tipo de coisa", acrescentou antes de fazer palestra no encontro da Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid).
"É evidente que se um país faz monitoramento de informações, atividades de inteligência para se defender de eventuais ataques, principalmente se defender de ataques terroristas, com a história que têm os Estados Unidos, o mundo inteiro acha isso uma coisa razoável", ponderou sobre os limites que seriam considerados legítimos.
Bernardo avaliou que o adiamento da visita que a presidenta Dilma Rousseff faria aos Estados Unidos em outubro era a única resposta possível porque o governo americano não respondeu satisfatoriamente às denúncias. "O que o presidente Obama deveria ter feito é dizer: 'Foi errado. Nós vamos redirecionar, readequar isso'. Infelizmente, isso não aconteceu. Eu acho, então, que não tinha alternativa [a não ser adiar a visita]", ressaltou.
O ministro disse que o governo está pensando em formas de reforçar a proteção contra ações de espionagem. "Nós temos que reforçar os nossos investimentos em redes mais seguras", disse durante a palestra. Entre as ações, Bernardo destacou o lançamento de um satélite previsto para o final de 2015. "A ideia é usar o satélite para as comunicações estratégicas do Ministério da Defesa e das Forças Armadas. E, também, para fazer provimento de banda larga nas regiões mais distantes", explicou.
GRAMPOS NOS EUA
O programa | O Prism é um programa de inteligência secreta americana que daria ao governo acesso aos dados de usuários de serviços de grandes empresas de tecnologia | |
Quais dados? | Não se sabe exatamente, mas qualquer informação poderia ser consultada. O jornal 'Washington Post' cita e-mail, chat, fotos, vídeos e detalhes das redes sociais | |
Quem sabia? | Segundo Obama, o programa foi aprovado pelo Congresso e é fiscalizado pelo Poder Judiciário no país. Todas as empresas negaram participação | |
Funcionamento | De acordo com fontes do jornal britânico 'The Guardian', o governo poderia ter acesso aos dados sem o consentimento das empresas, mas, como eles são criptografados, precisaria de chaves que só as companhias possuem | |
Empresas possivelmente envolvidas | Microsoft, Google, Facebook, Yahoo, Apple, Paltalk, Skype, Youtube, AOL |
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