É um grande dia para a Índia e para todos os que acreditam na universalidade dos direitos humanos", afirmou Michelle Bachelet
Aalta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, elogiou, nesta sexta-feira (7), a decisão do Supremo Tribunal da Índia, que, nessa quinta-feira (6), barrou lei que criminaliza a homessexualidade. "É um grande dia para a Índia e para todos os que acreditam na universalidade dos direitos humanos", afirmou Bachelet, em comunicado.
"Com esta decisão histórica, o Supremo Tribunal deu um grande passo em direção à liberdade e igualdade. Espero que outros tribunais, em outras partes do mundo, olhem para o exemplo da Índia e se sintam encorajados a seguir o mesmo caminho", acrescentou.
No comunicado, a nova responsável da agência das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) lembra que as leis que criminalizam as relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo violam os direitos fundamentais, incluindo o direito à privacidade e à não-discriminação.
"Pelo mundo, tais leis levaram a uma série de abusos contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgênero (LGBT), incluindo prisões arbitrárias, violência, 'bullying' na escola, recusa no acesso à saúde e assédio no trabalho", sublinhou a alta comissária.
Para Michele Bachelet, que assumiu a liderança do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACNUDH) no dia 1º de setembro, tais leis "não têm lugar no século XXI". "Estou encantada que o Supremo Tribunal indiano tenha reconhecido isso. A decisão de quinta-feira, que foi unânime e não é passível de recurso, resolve a questão na Índia de uma vez por todas", reforçou.
O Supremo Tribunal da Índia decidiu quinta-feira e com efeito imediato que o Código Penal do país deixará de criminalizar as relações sexuais consensuais entre pessoas do mesmo sexo. Bachelet reconheceu que a decisão do tribunal não vai alcançar a igualdade "de um dia para o outro", mas prepara o caminho para uma maior "inclusão e aceitação", dissipando o estigma associado à comunidade LGBT na Índia.
A responsável das Nações Unidas desafiou as autoridades indianas a, baseadas na decisão do tribunal, introduzirem rapidamente novas medidas de proteção dos direitos desta comunidade, incluindo medidas anti-discriminação efetivas.
Bachelet saudou também a comunidade LGBT indiana especialmente os ativistas que "trabalharam arduamente e esperavam há longo tempo por este momento".
Dia que não será esquecido
A decisão histórica do Supremo Tribunal põe termo a uma proibição que remontava ao século XIX. A mais alta instância judicial deste país do sul da Ásia, com 1, 2 milhão de habitantes, considerou ilegal um artigo de lei que condenava as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Esta disposição "tornou-se numa arma de perseguição contra a comunidade LGBT", considerou o presidente do Supremo Tribunal, Dipak Misra.
Segundo o código penal indiano que provém da era colonial britânica, a prática da homossexualidade era passível com pena de prisão perpétua. O governo nacionalista hindu de Narendra Modi, conservador sobre as questões de sociedade, optou por não emitir opinião e remeteu para a justiça a decisão de barrar a homossexualidade como crime. A Índia tornou-se no 124º país onde os atos homossexuais deixam de ser criminalizados. Com informações da Lusa.
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