quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Trump quer nova ordem mundial para barrar ações russas 'nefastas', diz ministro britânico



O presidente dos EUA, Donald Trump, está bem ciente do padrão de atividades malignas da Rússia e quer reformar a ordem internacional para reverter a situação atual, afirmou o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt.

"Acho que ele [Trump] entende perfeitamente a importância da ordem internacional como a conhecemos. Você não precisa persuadi-lo de que a Rússia está sujeita a atividades nefastas que não são aceitáveis e violam as normas internacionais. Mas sua opinião é que, se essa ordem internacional vai funcionar, tem que ser reformado. Tem que mudar", disse Hunt em entrevista ao site Axios nesta quarta-feira.



A entrevista acontece quando Hunt está visitando Washington pela primeira vez em sua condição de ministro do Exterior. Na terça-feira, Hunt pediu por sanções mais duras da comunidade internacional contra a Rússia em resposta ao caso de envenenamento dos Skripals.

Mais cedo na quarta-feira, o Departamento de Estado dos EUA disse que o secretário de Estado Mike Pompeo e Hunt discutiram a suposta ameaça russa e o contraterrorismo em sua primeira reunião.

O diplomata britânico também defendeu a abertura de Trump a um diálogo com todos os países, apesar de fortes diferenças com alguns deles, como "uma mentalidade de negócios".

"A política externa ocidental tradicional tem sido que, se desaprovamos algo que alguém fez, não apenas agimos, mas também impedimos o engajamento. Ele considera que, na verdade, é preciso se envolver com as pessoas. Acho que é um negócio, uma mentalidade. Ele está sempre procurando uma maneira de reformular o negócio", ressaltou.

Ele também ficou parcialmente do lado de Trump em meio à ameaça deste último de impor tarifas sobre a indústria automotiva da União Europeia (UE), observando que o presidente tentou corrigir um "claro desequilíbrio [comercial]".



As relações russo-britânicas deterioraram-se significativamente depois que Londres acusou Moscou de ter orquestrado o ataque ao ex-agente duplo russo Sergei Skripal e sua filha Yulia na cidade britânica de Salisbury, em março, com o que especialistas britânicos afirmam ser o agente nervoso A234. Moscou negou veementemente todas as acusações, apontando para a falta de qualquer evidência para substanciá-las.

O Reino Unido lançou uma campanha anti-Moscou, exortando seus aliados a expressarem solidariedade a Londres, que resultou na expulsão de vários diplomatas russos de países ocidentais. No início deste mês, os Estados Unidos anunciaram uma nova rodada de sanções contra Moscou por causa de seu suposto envolvimento no incidente de Salisbury. A primeira onda de restrições entrou em vigor na quarta-feira.


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