Os especialistas mostram-se bastante alarmados: as
alterações climáticas ultrapassaram o âmbito da ciência, chegando a ser
uma questão de importância nacional. Elas podem ser consideradas como um
novo fator estrutural da economia mundial. Ao mesmo tempo, os
especialistas alertam contra as tentativas de caracterizar as mudanças
climáticas globais como apenas aquecimento. Mesmo se for assim, o
processo que se dá na realidade é muito mais complicado. Ele passa por
alternação de períodos de aquecimento e esfriamento, mantendo em geral
uma tendência de longo prazo à elevação das temperaturas.
É
mais justo dizer que estamos presenciando hoje uma mudança climática
global caracterizada pelo aumento, por um lado, da intensidade dos
extremos meteorológicos e, por outro, a repetitividade mais frequente
dos fenômenos naturais perigosos e anomalias climáticas. O que os
especialistas denominam de “crescimento da conflituosidade na natureza”.
O
problema já não se reduz apenas ao dilema sobre se o aquecimento está
ocorrendo ou o esfriamento, nem tampouco tem a ver com o grau de culpa
da humanidade. A discussão mudou-se para o plano de interesses
objetivos, a teoria cedeu lugar à prática, a escolha tática relegou para
segundo plano a estratégia. E verificou-se que o impacto do clima sobre
a economia real é ambíguo. Pois, de tudo se pode tirar proveito,
segundo acredita Konstantin Simonov, presidente do Fundo de Segurança
Energética Nacional:
“Não é um fato consumado que é o
aquecimento global que acontece. Eu falaria mais bem nas mudanças do
clima e anomalias naturais, o que estamos presenciando na realidade. É
uma evidência dos problemas ambientais globais, mas não do aquecimento
global. A julgar pelo estado do tempo, devemos tratar do esfriamento
global. Contudo, não existem quaisquer estatísticas exatas que permitam
tirar uma conclusão expressamente unívoca. No que respeita ao impacto
das anomalias na economia, é igualmente ambíguo. Com certeza, os
desastres naturais paralisam a atividade econômica. Mas há sempre alguns
pontos positivos. Quando a Europa assolada por frios consome mais
energia, os preços do gás natural sobem. E quem se beneficia com isso?
São os produtores e vendedores, ou seja, a Rússia, entre outros.”
De
acordo com especialistas, o mundo do negócio deve considerar as
mudanças do clima como fator da luta competitiva. Porque estes processos
levarão a uma redistribuição em grande escala dos mercados, na qual
serão envolvidos todos os setores sem exceção: agricultura, seguros,
transportes, construção, indústria do lazer, ramo imobiliário, geologia
econômica, produção de alimentos, saúde pública, mineração e até
finanças. Eis um comentário a respeito do economista Alexander Abramov:
“Os
primeiros a ganhar com isso serão os setores relacionados com o
desenvolvimento das fontes alternativas de energia, de geradores eólicos
a reatores termonucleares. Entre os setores potencialmente mais
afetados poderão constar a produção de carvão e a de petróleo. A
produção de gás, pelo contrário, poderá passar a ocupar uma posição
privilegiada. Serão afetadas as produções classificadas como poluentes.
Por exemplo, grandes usinas siderúrgicas de baixa tecnologia, todas as
empresas que expelem à atmosfera elevadas quantidades de dióxido de
carbono e ainda aquelas que sejam incapazes de passar a implementar a
nova tecnologia.”
As alterações climáticas globais já
estão afetando a economia mundial. Se a tendência negativa se preservar,
é de esperar no futuro os choques mais sensíveis. No entanto,
acredita-se que tal instabilidade promove o progresso científico e
tecnológico, “desperta a humanidade da hibernação”. Mas devemos começar a
nos preparar para o novo desde já, com antecipação, para que as
novidades não nos peguem de surpresa.
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