O que há por trás das imagens populares do Instagram? Que tipo de perfil posta imagens de sucesso? Entenda.
Fotos de comidas coloridas organizadas cuidadosamente, estilo de vida fitness, mulheres de biquínis em lugares paradisíacos e selfies – essas são algumas das imagens recorrentes que encontramos na pequena lupa de busca do Instagram. Chegando a beirar a exaustão, esses tipos de fotografias são as que acabam ganhando mais evidência na rede, que define a popularidade de cada imagem de acordo com a quantidade de interações ("likes" ou comentários).
Não importa as contas que você interaja ou siga, parece que não há como fugir delas. Mas por que os usuários gostam tanto disso? O programa BBC Tomorow’s World usou inteligência artificial para desenvolver um chatbot que analisa imagens e avalia sua potencial influência, revelando o que há por trás das imagens populares da rede social em questão.
Foto: Steve Cutts / stevecutts.com / Reprodução Geekness
A conclusão é que algumas características específicas têm o poder de provocar os sentidos de quem as vê, como por exemplo, as cores ou ambientações. O sistema analisa a “anatomia” de cada foto de acordo com quatro aspectos: cores, elementos, emoções e locais de interesse. Somando pontos a cada uma, para definir seu nível de influência.
O chatbot funciona através do Messenger e é alimentado com fotos publicadas no Instagram. Dessa maneira, ele aprendeu a identificar os elementos que destacam uma imagem das demais, e é capaz de prever o quão popular ela será. É possível conversar com o bot e enviar sua própria fotografia para descobrir o que ele tem para dizer.
Uma fotografia em um ponto turístico famoso, ou pessoas que expressam emoções positivas, por exemplo, terão mais sucesso. Segundo o sistema, “as fotos com cores azuis evocam sentimentos de serenidade e tranquilidade. Já foi comprovado mais de uma vez que é a nossa cor favorita”.
Ou seja, tudo é baseado na composição perfeita para cativar os olhos de quem as vê. E isso não quer dizer que tudo aquilo seja verdade.
Foto: Phuketian.S / Foter.com / CC BY
Psicólogos traçaram perfis de personalidade de acordo com a preferência de fotografias publicadas por usuários na rede. E chegaram aos seguintes perfis:
O pesado (histriônico): muitas publicações, a maioria sem conteúdo relevante, na academia ou mostrando o que come – grande instabilidade emocional.
O egocêntrico: busca atenção constante e publica muitas selfies - perfil narcisista.
O grupal ou “nunca sozinho”: sempre aparece rodeado de muitos amigos - geralmente é inseguro, com grande receio de abandono.
O “amante”: geralmente publica fotos com seu parceiro o tempo todo, por mais íntima que seja – expressivo e dependente.
O ausente ou solitário: fotografias incomuns, introvertidas, de paisagens, nas quais ele nunca aparece – denota sensibilidade e certo medo de rejeição.
O “sigo de volta”: seu único objetivo é ter seguidores para silenciar suas inseguranças.
Aproximadamente 90% dos jovens, mais do que qualquer faixa etária, utilizam redes sociais. O que coloca esse grupo como alvo das contaminações psicológicas.
Não à toa, as taxas de ansiedade e depressão desse grupo etário aumentou em 70% nos últimos 25 anos.
Uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, concluiu que redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro. E, dentre elas, o Instagram foi definido como a pior de todas.
Os pesquisadores desenvolveram uma enquete, onde 1.479 pessoas com idades entre 14 e 24 anos avaliaram vários aplicativos populares em quesitos como ansiedade, depressão, solidão, bullying e imagem corporal.
O resultado indica que os entrevistados se sentem mais ansiosos, deprimidos, com autoestima baixa, sem sono e sentem medo de ficar por fora (foMO - fear of missing out).
Sete em cada dez voluntários disseram que o Instagram fez com que eles se sentissem pior em relação à própria imagem. As meninas são o maior alvo: nove em cada dez se sentem infelizes com seus corpos e pensam em mudar a própria aparência - inclusive com cirurgias plásticas.
Segundo o estudo, o Facebook fica em terceiro lugar como a rede mais nociva à saúde. Já o Youtube lidera como a menos nociva, seguida do Twitter.
Foto: Steve Cutts / stevecutts.com / Reprodução Geekness
Entretanto, nem tudo é extremo ou tão tóxico. Existem evidências de que publicar nas redes, assim como interagir com as publicações de outros usuários, podem ajudar a definir a identidade, ajudar no bem-estar emocional e desenvolver um senso de comunidade.
O chatbot da BCC ainda indica que um grupo de usuários com idades entre 14 e 24 anos disseram que o ato de postar e ver fotografias têm ajudado a desenvolver uma auto-expressão, identidade-própria, e é onde encontram um apoio emocional e senso comunitário.
Redes sociais em geral tendem a abrigar todos os elementos do ser humano, sejam eles bons ou ruins. A questão em torno dessas plataformas é complexa e tem diversas vertentes e impactos.
Um caminho inteligente para isso tudo talvez seja se conhecer e reconhecer os próprios limites, e assim chegar a uma conclusão pessoal do que te faz bem ou não. Há sempre uma opção para se adaptar nesse mar de informações. Mas se manter atento e ter cuidado para não tropeçar nas armadilhas desses aplicativos é sempre bem-vindo.
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