Tsipras aceita reduzir o gasto militar à metade e também revelou que está disposto a reduzir as aposentadorias já a partir de outubro.
O que a comunidade internacional mais temia, mas muita gente tinha
esperança de evitar, acabou acontecendo na terça-feira (30) às 19h,
horário de Brasília: a Grécia não pagou a dívida com o FMI. Foi o primeiro calote de uma economia do primeiro mundo, o que gerou ainda mais apreensão.
O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras fez uma nova oferta aos
credores internacionais. O governo grego quer um terceiro plano de ajuda
sem a participação do FMI
e quer também uma reestruturação da dívida, mas os ministros europeus
advertiram que não vão negociar com a Grécia se o FMI ficar de fora. A
reportagem é de Ilze Scamparini.
Na reconstrução dos fatos das últimas horas, o drama grego ganha ainda
mais suspense. À meia noite, o relógio do Banco Nacional da Grécia
avisava também o vencimento da dívida do país com o Fundo Monetário
Internacional de uma parcela de 1,6 bilhão. O governo grego mandou uma
mensagem ao FMI pedindo a prorrogação do prazo.
Foi um dos maiores calotes da história da instituição, com sede em
Washington. O último país a não pagar foi o Zimbábue, em 2001, devia só
US$ 100 milhões.
O FMI declarou a Grécia inadimplente, mas respondeu que vai avaliar o pedido de Alexis Tsipras
e não está excluído que, com a influência do governo americano, que não
quer crise na Europa, possa aceitar o pedido e prorrogar o pagamento. O
rombo que representa para o FMI é enorme, e em agosto vence outra
parcela grega bem maior do que a de terça.
Nesta quarta (1º) o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras chegou cedo
ao trabalho. Logo na entrada recebeu o apoio de um aposentado. Os gregos
parecem profundamente divididos.
Uma parcela da população acredita que não tem nada a perder e que na
consulta popular de domingo deve dizer não ao plano de austeridade
imposto pelos credores. Um motorista de táxi disse que o país está um
caos, não tem como piorar e por isso vai votar não.
Outros preferem aceitar os cortes de benefícios para manter o Euro e
permanecer como cidadãos da Europa. Um homem acredita que a Grécia ainda
vai conseguir fechar um acordo com os credores. Na terça, nas ruas de
Atenas, milhares de pessoas saíram em defesa do sim ao pacote europeu.
O sistema financeiro está à beira de um colapso. Desde o início do ano mais de 40 bilhões de euros foram retirados dos bancos.
Durante a noite chegou a Bruxelas o texto escrito da proposta do
governo grego, pedindo a restruturação da dívida e mais um empréstimo de
três bilhões em dois anos. Segundo fontes italianas, Alexis Tsipras
teria comentado que estaria disposto a cancelar o referendo de domingo
se os credores aceitassem os seus pedidos.
Bancos abrem só para aposentados
Nesta quarta os bancos gregos abriram, mas só para os aposentados, que
enfrentaram filas e até tumulto para sacar o pouco que podiam. A falta
de dinheiro já atinge em cheio o comércio, como mostra a enviada
especial a Atenas Bianca Rothier.
No fim de semana, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, disse que o sol
nasceria mesmo depois de um calote e os gregos sobreviveriam. O dia
clareou e milhares de aposentados correram para as agencia bancárias.
Em frente a uma agência do Banco Nacional da Grécia, em Atenas, houve
tumulto. Theodoros está incrédulo: “Essa é a pior situação que eu já vi.
Nem na guerra foi tão ruim”, contou.
Cenas caóticas foram registradas em todo o país. Mil agências abriram
as portas, mas apenas para aposentados que não tem cartão. Eles só
puderam retirar 120 euros: o limite de saque para a semana inteira. “Não
é suficiente para pagar nossas contas no prazo”, disse Ioanna.
Começa a faltar dinheiro nos caixas eletrônicos. Com pouco dinheiro
circulando, o comércio sente os efeitos. O movimento em restaurantes é
muito tranquilo. O gerente de um restaurante disse que o movimento já
tinha caído pela metade na semana passada, e nesta semana vai piorar
ainda mais. Resignado, o funcionário desabafa: “Não há o que fazer”.
Sem qualquer companhia por perto, Stamatus devora o jornal, mas é
difícil digerir as notícias. “Eu sinceramente espero que as coisas
mudem”.
O jornal ‘Financial Times’ afirma que o primeiro-ministro grego, Alexis
Tsipras, aceitou a última proposta dos credores para continuar
recebendo empréstimos, mas impôs uma série de condições, que
dificilmente serão aceitas pelos banqueiros.
Conheça melhor a Grécia
Vamos entender um pouco esse país, que fica no sul da Europa e é um
destino dos sonhos para turistas do mundo todo. A Grécia combina
paisagens de montanha com mais de 1,4 mil ilhas. A maior delas é Creta.
São 11 milhões de habitantes e um produto interno bruto de US$ 240
bilhões, bem abaixo do brasileiro. A Grécia só representa 2% do PIB da
União Europeia e 0,39% da economia mundial.
Ao todo, 40% das crianças gregas vivem abaixo da linha da pobreza e o
desemprego atinge 52% dos jovens. O turismo é a principal atividade
econômica, mas outra importante fonte de renda é a construção naval. Com
monumentos históricos como o Parthenon, em Atenas, a Grécia é
considerada o berço da civilização ocidental, origem da democracia, da
filosofia, dos Jogos Olímpicos e das artes.
Premiê envia nova proposta a credores
O primeiro-ministro da Grécia Alexis Tsipras vai fazer um
pronunciamento pela TV. Ele vai dizer ao povo grego que mandou uma carta
com uma nova proposta aos credores. A carta foi endereçada ao
presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker ao presidente do
Banco Central Europeu Mario Draghi e à diretora do FMI Christine
Lagarde. Tsipras aceita reduzir o gasto militar à metade e também
revelou que está disposto a reduzir as aposentadorias já a partir de
outubro.
A primeira-ministra Angela Merkel fez um pronunciamento sobre a crise
grega no parlamento alemão. Ela disse que a dívida da Grécia não é um
problema insuperável e que a Europa vai sair ainda mais forte dessa
crise.
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