A primeira fase será a colocação de tubos de aço a 30
metros de profundidade. Depois disso, será feito o enchimento dos tubos
com um líquido especial de arrefecimento que, esperam os autores do
projeto, irá criar no subsolo uma espécie de “parede de gelo” no caminho
da radiação.
Quase três anos depois do acidente na
usina nuclear japonesa, que ocorreu na sequência de um forte terremoto e
do tsunami subsequente, os reatores nucleares continuam a ter
vazamentos radioativos. Os peritos afirmam que isso pode provocar uma
verdadeira catástrofe se não se travar os vazamentos de água radioativa.
Os
três reatores da usina, nos quais ocorreu a fusão dos núcleos na
primavera de 2011, recebem ininterruptamente água para o seu
arrefecimento. Ela vaza pelas brechas nos equipamentos, preenche os
pisos subterrâneos dos geradores, o sistema de drenagem e se mistura com
as águas freáticas. Várias centenas de toneladas dessa água são vazadas
diariamente no porto da central.
Para parar com os
repetidos vazamentos da usina acidentada, os japoneses planejam congelar
a terra em redor dos reatores danificados. Para isso eles irão instalar
condutas subterrâneas, a 30 metros de profundidade, contendo azoto
líquido. A construção da dessa geladeira subterrânea gigante é, sem
dúvida, uma ideia bonita, mas não irá resolver totalmente o problema dos
vazamentos de água radioativa, considera o presidente do Fundo de
Segurança Energética Nacional russo Konstantin Simonov:
“A
solução tecnológica seria criar uma barreira de gelo aos vazamentos
radioativos. Mas aqui surgem algumas questões, porque nós estamos a
lidar com substâncias radioativas para as quais a água gelada não é um
obstáculo. Uma “parede de gelo” é uma ideia bonita, mas qualquer pessoa
que perceba minimamente de processos radioativos sabe que o gelo não
protege dos vazamentos de resíduos radioativos e nessa área a humanidade
ainda está aprendendo a desativar completamente as centrais. A usina
terá de ser completamente desativada.”
Neste momento o
nível de radiação na usina e sua área circundante bate todos os recordes
e é tão elevado que pode matar uma pessoa em poucas horas. A presença
de substâncias radioativas nas amostras de água recolhidas a 18 de
janeiro, no poço tecnológico situado na área do gerador número dois, foi
de cerca de 3 milhões de becqueréis por litro de água, sendo a norma de
150 becqueréis. As medidas que estão sendo tomadas na usina acidentada
de Fukushima 1 fazem lembrar uma atividade fervilhante para a aplicação
de novidades tecnológicas, mas todas essas medidas não influenciam a
essência do processo catastrófico que continua nos reatores danificados,
na opinião do vice-presidente do Comitê da Duma para os Recursos
Naturais, Ambiente e Ecologia Maxim Shingarkin:
“Podemos
combinar as tecnologias de muitas maneiras, congelando a costa ou
enchendo-a de concreto, criando uma espécie de écrans, toldos,
estruturas artificiais, mas o principal problema permanece: é a
necessidade de continuar arrefecendo os reatores destruídos. É
impossível conter os lençóis freáticos radioativos. Elas irão continuar a
vazar contornando quaisquer estruturas edificadas. A proposta da Rússia
consiste na resolução da origem do problema – em desmontar o reator
nuclear.”
Os peritos estão seriamente preocupados com a
circunstância de o poço tecnológico, do qual foram recolhidas as
amostras contaminadas se encontrar apenas a 40 metros da costa. Assim,
não é de excluir a contaminação das águas do Pacífico com água
radioativa. Já quase metade de todo o peixe que habita na área de
Fukushima contém metais nocivos. Mas isso ainda não é tudo. Recentemente
foram registrados vestígios de compostos químicos da usina acidentada
em baleias e peixes a mil quilômetros da usina, referiu Maxim
Shingarkin:
“É impossível combater a contaminação
radioativa de bioorganismos. Devido às suas propriedades químicas e
físicas, os materiais radioativos substituem eficazmente os seus
análogos naturais. Assim, o fósforo é substituído no organismo pelo
estrôncio. A radiação irá se acumular nos bioorganismos continuamente se
continuar o vazamento de água radioativa para o oceano, e isso irá
sempre acontecer se os reatores nucleares não forem desmontados. Ela irá
atingir toda a cadeia alimentar: do plâncton irá passar para o marisco,
e do marisco para os peixes. No final, a parte principal da
radioatividade se acumulará no organismo dos animais marinhos superiores
que ocupam o topo da cadeia. Incluindo as baleias e o homem. A Rússia
já introduziu limitações à exploração de uma série de recursos
biológicos no oceano Pacífico por serem perigosos para a saúde.”
O
próprio Japão faz de conta que tem tudo sob controle, afirmam mesmo que
os problemas da usina não irão impedir a realização dos Jogos Olímpicos
de Tóquio em 2020. Entretanto os japoneses se esquecem das previsões
dos peritos que para eliminar as consequências da catástrofe serão
necessários, no mínimo, 40 anos. É difícil imaginar o que irá acontecer
durante todo esse tempo. Portanto, os especialistas estão convencidos
que o Japão dificilmente irá passar sem um programa internacional para o
salvamento de Fukushima.
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