Hoje vamos falar de uma doença que pode atingir
qualquer pessoa. Se trata da dismorfofobia – um distúrbio mental que se
manifesta por uma percepção errada do seu próprio corpo e tem como
consequência um ódio hipertrofiado contra si próprio. Essa doença é
acompanhada de riscos muito elevados de suicídio, especialmente entre os
jovens com 25-30 anos de idade.
A Voz da Rússia decidiu
perceber com a ajuda da psicóloga Irina Lukianova como se pode detectar
a tempo o início da dismorfofobia em si próprio, ou em pessoas das suas
relações, o que fazer se se estiver no grupo de risco e como começar um
tratamento correto.
Na maioria dos casos o grupo de
risco inclui pessoas com uma autocrítica excessiva, perfeccionistas na
sua maneira de ser e que têm o complexo de excelência. À dismorfofobia
são sobretudo vulneráveis adolescentes a partir dos 14-15 anos. Regra
geral, depois dos trinta anos a quantidade de pessoas que sofrem dessa
síndrome se reduz em várias vezes e finalmente desaparece.
Irina Lukianova explica como detectar os sintomas da dismorfofobia:
“Se
notou que alguma particularidade do seu aspecto físico atrai
constantemente as suas atenções, está sempre se vendo ao espelho para
descobrir até que ponto o seu “defeito” pode ser visível para os demais,
e o que pode fazer para escondê-lo, se tenta não se deixar fotografar,
sente uma apatia constante e falta de vontade para fazer seja o que for,
o mais provável é ter sido mais uma vítima dessa síndrome. Se pensa que
essa sua “particularidade” física o incomoda de uma forma insustentável
e que sem ela sua vida seria completamente diferente: você teria uma
vida socialmente ativa, com sucesso e feliz, se o seu único desejo é
fazer uma cirurgia plástica ou mesmo pôr termo à vida, você ter que
recorrer urgentemente a um psicoterapeuta altamente qualificado.”
O
círculo mais próximo da pessoa tem um papel importante na
dismorfofobia. De acordo com as estatísticas, mais de 60% dos que sofrem
desse transtorno referem ter sido alvo de críticas constantes ao seu
aspecto físico ao longo da sua infância por parte dos pais ou dos
amigos. O desejo de alcançar a aprovação e o apreço geral acaba por
empurrar essas pessoas para alterações radicais do seu aspecto exterior
adotando estilos extravagantes no vestuário, a aplicação de tatuagens e a
realização de cirurgias plásticas. Outros tentam reduzir ao mínimo o
contato com o mundo exterior, adotam um modo de vida solitário, não saem
de casa durante o dia para que as pessoas não vejam a sua
“deformidade”.
Além de tudo isso, uma grande influência no desenvolvimento da dismorfofobia tem a mídia. Irina Lukianova também concorda:
“Os
adolescentes vêm o mundo de uma forma idealista. Eles não se dão conta
que as fotos retocadas das pessoas das revistas cor-de-rosa pouco têm a
ver com a vida real. As personalidades que nos olham a partir das capas
são na realidade pessoas iguais a nós, com os seus defeitos e
imperfeições, mas a juventude não percebe isso.
Eles
acreditam sinceramente que as pessoas não têm poros, ou rugas, ou
erupções cutâneas. São todos altos, eternamente jovens e elegantes.
Assim muitos criam uma imagem distorcida sobre qual deve ser o
verdadeiro aspeto do corpo humano. O padrão de aspeto exterior imposto
pela mídia é, na realidade, inatingível, mas infelizmente os jovens
raramente o compreendem. Não sendo capazes de alcançar os padrões
impostos pela ditadura da moda atual, eles entram em depressão, perdem a
autoconfiança e, por vezes, a vontade de viver.”
O que
temos de fazer para vencer a dismorfofobia e não permitir que atinja um
estado extremo? Os fatos não são muito otimistas: uma pessoa
praticamente não se consegue tratar sozinha. Aqui é necessária uma
abordagem complexa, desde a psicoterapia e o uso de antidepressivos até
mesmo ao internamento. Sem um tratamento adequado a doença pode atingir
um estado crônico, com períodos de recaídas graves e remissões. É
importante perceber que nem os dermatologistas, nem os cosmetólogos, nem
os cirurgiões plásticos podem ajudar as pessoas com dismorfofobia,
porque regra geral não se trata de defeitos físicos reais, mas
imaginários.
O problema da recusa em aceitar o próprio
corpo tal como ele é não desaparece depois das intervenções cirúrgicas.
Ela tem um caráter puramente psicológico. Nos casos mais adiantados, e
durante as recaídas, os pacientes podem se automutilar, tentando
realizar sozinhas a operação que as livre da sua “deformação”. Houve
casos em que as pessoas tentaram sozinhas cortar a gordura de suas
barrigas ou quadris, ou serrar parte da cartilagem nasal. Ou então
decidiam terminar com a própria vida por não se conseguirem aceitar como
são.
Essa tendência assustadora aumenta a cada ano que
passa ceifando as vidas de muitos jovens. Por isso tenha atenção! Não
critique em excesso a sua aparência ou a aparência de outras pessoas.
Tente não criticar o aspeto físico dos seus próximos, mesmo que pense
estar fazendo bem. Quem sabe o que você irá semear na alma de outra
pessoa? Pode vir a ser uma tempestade que lhe irá arruinar toda sua
vida.
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