Nesta semana, a comunicação social da Europa e dos EUA está tentando compreender os eventuais efeitos dos acordos russo-chineses celebrados em 13 de outubro. O premiê do Conselho de Estado da China, Li Keqiang, e o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, firmaram mais de 40 acordos na área de comércio, energia e finanças, estimados em bilhões de dólares. Além disso, as partes acordaram passar paulatinamente ao uso de suas moedas nacionais – rublo e yuan – nas operações de compra e venda e restante contabilidade.
Segundo notou a esse respeito o periódico The Washington Post, a China, reconhecida pelo FMI em outubro como a maior economia mundial, e a primeira superpotência energética, ou seja, a Rússia, criaram uma espécie de “aliança celestial”.
O The Wall Street Journal explica tal aproximação rápida e a “aceleração das relações de amizade” com o fracasso das intenções norte-americanas de isolar a Rússia: “Ao que tudo indica, estão sendo concretizados os avisos de que a atual política de “sanções sem estratégia adequada” teria impulsionado a China e a Rússia para a formação de sistemas econômicos alternativos e paralelos. Isto não significa que as sanções sejam inúteis ou insuficientes como tais. Elas devem ser aplicadas de forma consequente e com muito cuidado”.
O chefe de governo russo concorda com tal avaliação apenas em parte. Em entrevista concedida à cadeia televisiva CNBC, Dmitri Medvedev disse que “o Ocidente não reparou na tendência de aproximação entre Moscou e Pequim, que se delineava ao longo de décadas”:
“As nossas relações com a República Popular da China têm tido um caráter de longo prazo e não se devem à conjuntura política complicada. No entanto, há já 25 anos que estamos desenvolvendo os contactos dinâmicos com a China que, hoje em dia, continua sendo o nosso maior parceiro econômico. O saldo comercial se estima hoje em 90 bilhões de dólares. No próximo ano, poderá atingir, sem dúvida, 100 bilhões e para o ano de 2020 – 200 bilhões”.
A parceria estratégica russo-chinesa constitui um tipo de relações muito específico, sustenta o analista do Instituto do Oriente Médio, Alexander Larin:
“As relações russo-chinesas se caraterizam por laços estreitos em várias esferas de atividade e por um vasto espetro das áreas de cooperação. Acontece que, em termos econômicos, ambos os países se complementam. A Rússia possui largas reservas de matérias-primas, que até superam suas necessidades e lhe permitem exportá-las para vários países, inclusive a China. A China, por sua vez, se assenta na economia em rápido crescimento, o que requer a importação de matérias-primas, sobretudo, de recursos energéticos. Além disso, a Rússia não deixa de ser um enorme mercado para os artigos chineses”.
Um aspeto importante da colaboração tem sido a compreensão mútua na arena política mundial, considera o perito Andrei Volodin:
“A China e a Rússia se mostram interessadas em que se realize uma gradual e transição de um modelo do sistema geopolítico, baseado na predominância ocidental, para um outro modelo, mais polivalente. Uma transição para uma ordem mundial em que muitos países, se não for a maioria deles, possam expressar e defender seus interesses através de convénios internacionais e soluções de compromisso. Tal opção do evoluir do sistema global parece ser mais previsível e aliciante”.
Os peritos chineses vêm compartilhando a opinião dos colegas russos. “As relações entre a China e a Rússia são bem sucedidas devido aos sentimentos de respeito e compreensão recíproca”, disse o diretor da Associação Nacional de Pesquisas Internacionais, Victor Gao. “A crise ucraniana veio dar um forte impulso ao desenvolvimento e ao fortalecimento das relações russo-chinesas”, frisou.
FONTE:
http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_10_16/Russia-China-alian-a-geopolitica-ideal-1053/
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