De acordo com o jornal árabe Asharq Al-Awsat, os guerrilheiros mal tomando importantes regiões da Síria começaram a tomar atenção aos artefatos. Não é de admirar, trata-se de uma fonte de rendimento estável. Por isso, os jihadistas começaram a estabelecer contactos com especuladores e a máfia internacional, especializados no contrabando de tesouros históricos. Quando entraram na cidade de Mossul, no Norte do Iraque, tomaram a província de Nínive, sob o seu comando ficaram centenas de locais registados de escavações arqueológicas.
O que disse em entrevista à agência de notícias Rossiya Segodnya Hamed Abdel Razzaq, célebre especialista iraquiano em antiguidades:
“Os artefatos da antiguidade, nosso tesouro de valor incalculável em Mossul, ficaram entre a espada e a parede. Por um lado a ladroagem e a falta de educação dos guerrilheiros, que pilham e destroem as escavações arqueológicas e os museus, por outro a avareza dos contrabandistas internacionais, a apropriarem-se dos bens do povo iraquiano.
As cidades de Mossul, Ashur, antiga capital do poderoso império Assírio, são museus únicos sob o céu aberto com significado internacional, e, talvez seja pouco adequado calcular hoje o dano, causado por bárbaros à cultura do Iraque: muitos artefatos, com mais de dois mil anos, têm um valor incalculável.
A maior e irrecuperável perda passa pela pilhagem do palácio do czar assírio Ashurmasirpal II em Nimrud (Kalhu). As placas assírias desaparecidas encontram-se em mercados europeus. Lá, muitas vezes, são vendidas aos pedaços. Tal como o célebre baixo-relevo “Touro com asas”. Assim, as raridades que têm um valor histórico, mas também emocional, desaparecem sem deixar rasto ficando em coleções privadas”.
Os reptos da UNESCO a colecionadores privados para que devolvam as raridades da antiga Mesopotâmia ao Estado, normalmente ficam sem resposta. Até a data, nos grandes países ocidentais, não existe legislação quanto à aquisição de antigos artefatos de países terceiros. Hamed Abdel Razzaq recorda quantos artefatos iraquianos foram levados aquando da ocupação norte-americana do país:
“É claro que foram organizadas campanhas internacionais para a devolução de artefatos ao Iraque. E, algumas coisas, de fato foram encontradas e devolvidas ao Estado, mas trata-se de casos únicos e de pequena dimensão. A maior parte dos artefatos está nos mercados internacionais de contrabando.
É necessária experiência de investigação internacional, o esforço conjunto da Interpol e peritos no inetflúvio. Enquanto estamos a reorganizar-nos, os elementos do EI roubam – escavam túmulos, cidades antigas, esconderijos, enquanto as autoridades da Turquia e da Jordânia fecham os olhos ao contrabando de raridades históricas através das suas fronteiras. Os jihadistas já aqueceram as mãos na herança histórica síria. O mesmo destino aguarda a herança iraquiana”.
Seguindo a leitura rígida do Islã salafita, os jihadistas do EI destroem o rasto do que consideram ser a adoração de ídolos: cemitérios antigos, locais de culto, igrejas, santuários, locais de culto pré-islâmico.
Tal como os seus correligionários destruíram o legado das culturas antigas no Mali e no Afeganistão, os militantes do EI rebentaram em Mossul os monumentos ao compositor e músico iraquiano do séc. XIX Othman Al-Mosuli e do poeta árabe Abássida Abu Tammam. Não sabemos quantos mais monumentos e artefactos históricos irão perecer às suas mãos.
FONTE:
http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_10_12/Estado-Islamico-decide-destino-das-antiguidades-iraquianas-destruir-ou-vender-7806/
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