Foto: Flickr.com/pasa47/cc-by-nc
O parlamento russo está considerando possibilidades de criminalizar as tentativas de reabilitar o nazismo. O projeto de lei prevê multas pesadas até cinco anos de prisão por negação os crimes estabelecidos pelo veredicto do Tribunal de Nuremberg.
Segundo notam os autores do documento, leis semelhantes já estão há muito em vigor em vários países europeus. Ao mesmo tempo, em países da Europa Oriental se fala cada vez mais de “ocupação soviética”, e cúmplices dos nazistas se tornam lá heróis nacionais.
Os autores do projeto de lei propõem complementar o Código Penal com um artigo chamado “Reabilitação do nazismo”. Por negar os fatos estabelecidos pelo Tribunal Internacional Militar em Nuremberg os infratores se sujeitariam a multas de até 300 mil rublos (cerca de 10 mil dólares), ou a penas de prisão até três anos. Os mesmos atos cometidos com o uso de posição oficial ou mídia são puníveis com uma multa de até 500 mil rublos, ou uma pena de prisão de até cinco anos.
Leis que devem impedir a reabilitação do nazismo existem na Áustria, Alemanha, Bélgica e França. Ao mesmo tempo, a política geral da União Europeia em relação às tentativas de reviver o nazismo parece bastante estranha. Ainda em 2009, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE), em sua resolução “Reunificação da Europa dividida”, equiparou o nazismo ao estalinismo. Segundo seus autores, a adoção de um tal documento “histórico” dá aos ex-países da URSS o direito de exigir legalmente da Rússia a compensação de danos pela “ocupação”.
A ideia foi entusiasticamente retomada, em primeiro lugar, pelos países bálticos. Por exemplo, na Letônia passaram de homenagens aos veteranos da divisão fascista Waffen SS a legislação: Riga impôs uma punição pela negação da suposta “ocupação soviética” do país.
E os recentes acontecimentos na Ucrânia – o apoio e patrocínio de um golpe pró-nazista – tornaram-se mais um exemplo flagrante dos duplos padrões de Bruxelas: na Europa não deve haver nazismo, mas junto da Rússia ele pode mesmo estar em pleno florescimento. Ha que dizer que esta é uma política impensada: o efeito bumerangue não deixou de existir, nota o historiador Vladimir Simindei:
“As forças de extrema-direita estão ganhando impulso na Europa. Sua atividade está em muito ligada a tentativas de revisão dos resultados da Segunda Guerra Mundial e da relação ao nazismo. E tudo isso é servido numa embalagem russofóbica. Tais processos vão continuar a ocorrer, infelizmente, há que constatar isso. Outra questão é que conseguir rever os resultados da Segunda Guerra Mundial a nível oficial seria muito difícil.”
Por volta do 70º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial (2011) a imprensa ocidental foi varrida por uma avalanche de artigos “analíticos”. Pseudohistoriadores e cientistas políticos estavam diligentemente tentando descobrir quem matou mais pessoas – Hitler ou Stalin. Todas estas “pesquisas” tinham um objetivo: apagar por completo a memória de quem ganhou a guerra e salvou a humanidade do nazismo. Até hoje, ideólogos ocidentais estão trabalhando incessantemente. Isto sugere que o prazo de validade do “enxerto contra o nazismo” em países europeus está terminando, acredita o analista político Alexei Mukhin:
“Infelizmente, a Europa não está agora em condições de desenvolver um antídoto contra este tipo de desculpas – e, aparentemente, está condenada a uma radicalização do processo político. A Rússia, a este respeito, pode agir, como sempre o fez, de reduto da oposição à ameaça nazista - e deve fazê-lo. Este tipo de legislação que proíbe a promoção e justificação do nazismo, de seus crimes contra a humanidade é uma espécie de remédio homeopático para prevenir a evolução da doença do nazismo e sua transformação numa doença crônica.”
Os líderes do Velho Mundo continuam cometendo o mesmo erro. Seu princípio de ação é sempre o mesmo: agitar as forças mais radicais, ajudá-las a se equiparem bem, e mandá-las para o Leste. No entanto, a história ensina (àqueles que querem aprender): Drang nach Osten sempre acaba em Drang nach Westen.
FONTE:
O parlamento russo está considerando possibilidades de criminalizar as tentativas de reabilitar o nazismo. O projeto de lei prevê multas pesadas até cinco anos de prisão por negação os crimes estabelecidos pelo veredicto do Tribunal de Nuremberg.
Segundo notam os autores do documento, leis semelhantes já estão há muito em vigor em vários países europeus. Ao mesmo tempo, em países da Europa Oriental se fala cada vez mais de “ocupação soviética”, e cúmplices dos nazistas se tornam lá heróis nacionais.
Os autores do projeto de lei propõem complementar o Código Penal com um artigo chamado “Reabilitação do nazismo”. Por negar os fatos estabelecidos pelo Tribunal Internacional Militar em Nuremberg os infratores se sujeitariam a multas de até 300 mil rublos (cerca de 10 mil dólares), ou a penas de prisão até três anos. Os mesmos atos cometidos com o uso de posição oficial ou mídia são puníveis com uma multa de até 500 mil rublos, ou uma pena de prisão de até cinco anos.
Leis que devem impedir a reabilitação do nazismo existem na Áustria, Alemanha, Bélgica e França. Ao mesmo tempo, a política geral da União Europeia em relação às tentativas de reviver o nazismo parece bastante estranha. Ainda em 2009, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE), em sua resolução “Reunificação da Europa dividida”, equiparou o nazismo ao estalinismo. Segundo seus autores, a adoção de um tal documento “histórico” dá aos ex-países da URSS o direito de exigir legalmente da Rússia a compensação de danos pela “ocupação”.
A ideia foi entusiasticamente retomada, em primeiro lugar, pelos países bálticos. Por exemplo, na Letônia passaram de homenagens aos veteranos da divisão fascista Waffen SS a legislação: Riga impôs uma punição pela negação da suposta “ocupação soviética” do país.
E os recentes acontecimentos na Ucrânia – o apoio e patrocínio de um golpe pró-nazista – tornaram-se mais um exemplo flagrante dos duplos padrões de Bruxelas: na Europa não deve haver nazismo, mas junto da Rússia ele pode mesmo estar em pleno florescimento. Ha que dizer que esta é uma política impensada: o efeito bumerangue não deixou de existir, nota o historiador Vladimir Simindei:
“As forças de extrema-direita estão ganhando impulso na Europa. Sua atividade está em muito ligada a tentativas de revisão dos resultados da Segunda Guerra Mundial e da relação ao nazismo. E tudo isso é servido numa embalagem russofóbica. Tais processos vão continuar a ocorrer, infelizmente, há que constatar isso. Outra questão é que conseguir rever os resultados da Segunda Guerra Mundial a nível oficial seria muito difícil.”
Por volta do 70º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial (2011) a imprensa ocidental foi varrida por uma avalanche de artigos “analíticos”. Pseudohistoriadores e cientistas políticos estavam diligentemente tentando descobrir quem matou mais pessoas – Hitler ou Stalin. Todas estas “pesquisas” tinham um objetivo: apagar por completo a memória de quem ganhou a guerra e salvou a humanidade do nazismo. Até hoje, ideólogos ocidentais estão trabalhando incessantemente. Isto sugere que o prazo de validade do “enxerto contra o nazismo” em países europeus está terminando, acredita o analista político Alexei Mukhin:
“Infelizmente, a Europa não está agora em condições de desenvolver um antídoto contra este tipo de desculpas – e, aparentemente, está condenada a uma radicalização do processo político. A Rússia, a este respeito, pode agir, como sempre o fez, de reduto da oposição à ameaça nazista - e deve fazê-lo. Este tipo de legislação que proíbe a promoção e justificação do nazismo, de seus crimes contra a humanidade é uma espécie de remédio homeopático para prevenir a evolução da doença do nazismo e sua transformação numa doença crônica.”
Os líderes do Velho Mundo continuam cometendo o mesmo erro. Seu princípio de ação é sempre o mesmo: agitar as forças mais radicais, ajudá-las a se equiparem bem, e mandá-las para o Leste. No entanto, a história ensina (àqueles que querem aprender): Drang nach Osten sempre acaba em Drang nach Westen.
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