segunda-feira, 14 de abril de 2014

Rússia mobiliza “cérebros eletrônicos”


Foto: RIA Novosti

A Rússia é capaz de passar sem os “cérebros eletrônicos” importados, tanto em terra, como no espaço. A introdução de sanções por parte do Ocidente impulsiona a ciência e a indústria russas a resolver de forma autônoma suas tarefas complexas nas áreas mais tecnológicas.

A holding Roselektronika está criando um supercomputador para a indústria militar com base em componentes próprios. Isso irá elevar a Rússia a um novo nível de independência cibernética e irá promover as tecnologias nacionais, consideram os peritos da Voz da Rússia.

O desempenho do “cérebro eletrônico” de nova geração será de 1,2 petaflop/s (flop por segundo, ou flop/s, é o número de operações que o computador executa por segundo; peta significa 1015 ). Por comparação, o supercomputador russo atualmente mais potente, que se encontra na Universidade Lomonosov de Moscou e possui o mesmo nome, tem um desempenho de um petaflop/s. Além disso, o computador Lomonosov se baseia em tecnologias ocidentais, mas o seu novo análogo será totalmente russo, o que é, sem dúvida, um grande avanço para a eletrônica russa.

Até que ponto é realista a missão dos desenvolvedores russos? Será que a Rússia poderá já hoje deixar de importar componentes? Os especialistas russos podem desenvolver neste momento qualquer software ou componentes de qualquer complexidade, mas falta uma base industrial. São necessárias linhas de montagem e equipamentos modernos, clarifica Andrei Masalovich, presidente do consórcio Inforus:

“A base de componentes tem três partes: temos de inventar nós mesmos, produzir nós mesmos e fabricar nós mesmos o equipamento com que possamos produzir. Nós temos hoje cérebros suficientes, tanto em arquitetura de processadores, como em lógica de programação. Assim, dentro de três a cinco anos, os especialistas russos poderão produzir esquemas de um nível suficientemente moderno para poderem ser usados em computadores com multiprocessadores. Neste aspeto o atraso não é superior a cinco anos. Em segundo lugar, para seu fabrico são necessárias máquinas. Elas serão vendidas de boa vontade pela China ou por qualquer outro país que não goste dos EUA. Com elas na Rússia poderá ser fabricada na totalidade a base nacional de componentes usando equipamento importado. Nós ainda não o temos. Eu avaliaria este atraso entre os 15 anos e o infinito.”

A atual situação é uma boa oportunidade para a Rússia deixar de viver à custa do petróleo e investir nas novas tecnologias, considera Andrei Masalovich. Temos de apenas elaborar uma estratégia correta para a substituição das importações. Para isso nós já temos o mais importante, que são os programadores capazes de atingir quaisquer objetivos. Apenas precisamos da base de componentes, mas nós podemos criá-la:

“Não se pode dizer que os programadores russos liderem mundialmente, mas estão presentes nos primeiros dez lugares, e mesmo nos primeiros cinco. Isto em diversas áreas, desde os hackers até aos desenvolvedores de projetos muito grandes ou de sistemas de alta tecnologia. Se a base de componentes, presente no futuro modelo de supercomputador, acompanha esse nível – isso já é algo discutível. As tarefas com que nos debatemos neste momento, como o desenvolvimento de mísseis supersônicos, a modelagem de explosões nucleares ou a decifragem de algoritmos complexos, podem ser resolvidas eficazmente mesmo pelo supercomputador que existe na Universidade de Moscou.”

Na opinião do perito, a Rússia poderá seguir um outro caminho mais simples. Ou seja, em vez de tentar deixar de usar componentes importados, criar novas alianças tecnológicas:

“Eu não interpretaria o que se passa atualmente como a criação de uma impenetrável cerca de ferro à volta da Rússia. Eu veria isso como uma oportunidade única de criar uma nova URSS à volta da Rússia, a criação de novos blocos em substituição dos antigos.”

O maior problema hoje não é deixar de usar microchips ocidentais, mas a impossibilidade de deixar de usar equipamentos ocidentais no fabrico de microchips. Contudo, é possível sair completamente da dependência em componentes, considera o editor principal do portal Nauka i Tekhnologii (Ciência e Tecnologias) Konstantin Kiselev. A holding estatal Roselektronika é um conjunto de mais de cem empresas que participam na criação de dispositivos de microeletrônica. Se trata de uma enorme força tecnológica capaz de atingir qualquer objetivo, diz o perito:

“A resolução desse problema é vital para a Federação Russa, especialmente para sua indústria de defesa, porque a modelagem de grandes desafios de engenharia, de testes nucleares, de diversas complexas alterações temporais devem ser realizadas com equipamentos próprios. A Rússia tem cerca de uma dezena de supercomputadores, dos quais o mais conhecido, o que integra o ranking mundial, é o supercomputador Lomonosov, localizado na Universidade Estatal de Moscou. A Roselektronika tenciona fabricar um computador mais potente. A arquitetura desse supercomputador deverá ser desenvolvida cá, na Federação Russa, enquanto as encomendas dos componentes deverão ser feitas a empresas russas, ou parcialmente a empresas do Sudeste Asiático.”

Outro aspecto importante é a redistribuição dos fluxos monetários porque neste momento os supercomputadores russos se baseiam em componentes norte-americanos. Uma só máquina do tipo do Lomonosov custa cerca de 150 milhões de dólares por cada petaflop/s de desempenho. Claro que o produto nacional irá igualmente aumentar em uma ordem de grandeza a proteção dos computadores russos e dos sistemas de importância vital contra os ciberataques. Porque, usando a linguagem poética da programação, a chave do funcionamento de um dispositivo é sua arquitetura.

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