Um canal televisivo japonês mostrou há dias uma lula gigante que foi apanhada por um pescador local.
A
audiência ainda não tinha digerido a impressão provocada pelo “mutante
de Fukushima”, como ela já foi batizada, já o jornal Asahi oferece um
novo monstrinho sob a forma de um perigoso prato típico nacional –
uma choupa (Spondyliosoma cantharus). Afinal o nível da contaminação da
choupa era simplesmente monstruoso. Também é verdade que o Asahi
ressalva que apenas um dos 37 peixes capturados apresentava esse nível.
Outros dois peixes desse grupo apresentavam 4 e 2 vezes mais
contaminação, os restantes tinham níveis normais. As amostras foram
recolhidas pela Agência de Investigação das Pescas no delta de um rio a
40 km para sul da malograda usina. Isso faz parte de estudos mais vastos
que irão verificar os níveis de contaminantes perigosos na cadeia
alimentar humana provenientes de Fukushima.
Os
poluentes radioativos existentes nos produtos alimentares se acumulam no
organismo humano e provocam doenças que o matam lentamente. Entretanto,
a usina de Fukushima tem fugas de água radioativa para o mar. Primeiro a
radiação satura o primeiro elo da cadeia alimentar – os organismos
marinhos unicelulares e as plantas. O vice-presidente do comitê de
recursos naturais e ambiente da Duma de Estado Maxim Shingarkin afirma:
“De
uma dezena de células de alga é sintetizada, falando de uma forma
esquemática, uma célula de molusco. Uma dezena de células de molusco,
que tenham acumulado radioatividade a partir de algas, dão origem a uma
célula de peixe. O homem consome o peixe, ou seja, consome a
radioatividade concentrada em toneladas de água. Portanto, ao avançarmos
na cadeia alimentar a concentração de contaminantes aumenta.”
A
pesca e a comercialização da choupa junto à costa das províncias de
Fukushima e de Miyagi são proibidas. Mas o sistema alimentar japonês não
pode ser alterado por uma assinatura. Eles querem comer o seu peixe
favorito que consomem há séculos. As notícias, como o artigo do jornal
Asahi, ajudam as autoridades a alertar o povo. Os apelos e proibições
não irão ajudar muito, continua o perito:
“As
autoridades do país têm de recorrer aos métodos mais refinados para
alterar os hábitos dos seus concidadãos, ao mesmo tempo evitando uma
explosão social. Por isso este tipo de publicações são apenas um
mecanismo normal para governar uma nação que se encontra à beira de uma
catástrofe radioativa.”
Se esses números foram
publicados, isso quer dizer que é apenas a ponta do iceberg. O mais
provável é Tóquio ter apresentado números mais baixos que os reais ao
longo dos três anos que decorreram depois de Fukushima. A realidade é
bastante pior, supõe o conselheiro da Academia das Ciências da Rússia,
ambientalista e professor universitário Alexei Yablokov:
“A
questão é: por que é que apenas um peixe em quarenta apresenta essa
quantidade enorme de radionuclídeos? Como nós não conhecemos as vias de
difusão dessas substâncias, podemos supor que existem muitos peixes com
um nível muito perigoso de contaminação. Isso representa um problema e a
fonte da contaminação ainda não foi detectada.”
Se
prosseguirmos na mesma lógica, teremos um quadro muito negativo das
consequências de Fukushima. Dentro de alguns anos, uma parte
considerável do pescado japonês estará contaminada pela radiação. O
Oceano Pacífico será percorrido por baleias radioativas que se encontram
no topo da pirâmide alimentar marinha. Já na nova década deveremos
esperar um surto de doenças oncológicas entre os japoneses.
Os
peritos brincam que aquela choupa contaminada, que foi noticiada pelo
Asahi, pode ser comida uma vez. Isso não seria mortal para o ser humano.
O principal é não consumir esse peixe de forma continuada.
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