Existe o perigo de um golpe semelhante nos outros
países da CEI. Washington usou habilmente a questão étnica na Ucrânia em
seus objetivos. E o Euromaidan é apenas o começo.
A
questão étnica sempre foi e continua sendo a mais aguda na política de
qualquer Estado. As divergências entre a Ucrânia ocidental e oriental
começaram ainda muito tempo antes dos acontecimentos no Maidan, mas, nos
últimos meses, a situação agravou-se consideravelmente, diz o cientista
político Alexei Makarkin.
“O fator étnico manifestou-se
com a chegada dos revolucionários ao poder, os quais eram temidos no
Leste por muitos motivos. Temiam que iriam impor a ucranização,
e eles, subindo ao poder, revogaram de fato a lei dos idiomas
regionais. Temiam que haveria aproximação ao Ocidente, o que no Leste do
país não queriam”.
O Leste da Ucrânia sempre se
manifestou por contatos mais estreitos com a Rússia – tanto políticos
como econômicos. E o ingresso da Ucrânia na União Aduaneira foi encarado
por eles como um passo no caminho da estabilidade e salvaguarda, diz
Alexei Makarkin:
“A União Aduaneira é um símbolo para as
forças do Leste, símbolo de que caminhamos com a Rússia e não para o
Ocidente. Se, para os participantes do Maidan, o Ocidente é o guia, para
o Leste da Ucrânia é um jogador agressivo, que impõe seus direitos e
que bombardeou a Iugoslávia. Eles temem que a aproximação ao Ocidente e a
assinatura de um acordo com a União Europeia os prejudique e destrua
sua cultura. A Rússia, neste caso, inclusive no formato da União
Aduaneira é considerada como defensora e salvadora”.
O
Ocidente, enquanto isso, tem seus planos para a Ucrânia. Os conflitos
entre nações e a guerra civil são consequências da política hábil de
Washington, voltada em primeiro lugar contra a Rússia – está convicto
o cientista político ucraniano Yuri Gorodnenko.
“Agora
ocorre uma agressão direta dos EUA contra a Rússia. Tudo o que ocorre na
Ucrânia é voltado não contra Kiev. A América quer afastar seu principal
concorrente – a Rússia. Eles não podem atacar diretamente, já tentaram
através da oposição, através da praça Bolotnaya, mas nada deu certo. Por
isso, eles procuram desestabilizar a situação nos países vizinhos da
Rússia. As fronteiras abertas e os problemas econômicos refletir-se-ão
em primeiro lugar sobre a Rússia”.
Os EUA atuam com um
método testado. Nas questões de instigação do ódio entre nações eles já
tiveram êxito no Iraque, assinala o especialista. Por isso, não tiveram
dificuldade em desencadear uma campanha anti-russa na Ucrânia. Sendo
que, considera Gorodnenko, é pouco provável que os EUA se limitem à
Ucrânia. Qualquer um dos países da CEI pode se tornar o próximo alvo.
Por isso, as antigas repúblicas soviéticas devem participar ativamente
na formação da União Euroasiática, diz Yuri Gorodnenko:
“Agora
chegou a hora de cada um dos parceiros da CEI e a Geórgia pensarem em
seu futuro, porque em qualquer caso o golpe será desfechado também
contra eles. Os próximos na fila depois da Ucrânia serão eles. Se eles
ficarem isolados, os EUA irão mesmo assim continuar a sua política
agressiva. Eles só podem ganhar com a aproximação à Rússia”.
O
perigo de desencadeamento de mais um conflito étnico pode aparecer em
qualquer dos países do espaço pós-soviético. Se os países da CEI não
quiserem a repetição do roteiro ucraniano, devem esquecer os conflitos
nacionais e fortalecer a interação com a Rússia.
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