Foto: AFP
O excesso de população de Teerã está entre as
principais razões para a transferência da capital apresentadas no
parlamento iraniano. Atualmente, aí residem cerca de 12 milhões de
pessoas. Além disso, a situação ecológica na cidade está se
deteriorando.
Mas tudo isso pode não passar de uma
manobra para desviar a atenção dos habitantes de problemas da política
externa mais importantes, considera Serguei Seriogichev, perito do
Instituto do Oriente Médio:
“Devido
ao regime de sanções, aí desenvolve-se fundamentalmente o pequeno e
médio negócios, e não o grande. Não se pode dizer que aí há uma maior
quantidade de empresas poluentes. Quanto ao excesso de população, o que
impede de construir novas zonas urbanas e transferir as pessoas para os
arredores da cidade? Esse projeto de envergadura poderá não ser
realizado, mas irá ser discutido. Isto fará com que, durante uns meses,
as pessoas não pensem na Síria e no Hezbollah.”
Na
história há vários exemplos bem sucedidos de mudança de capitais. Até
1997, Alma-Ata era a capital do Cazaquistão. Era impossível alargar
fronteiras devido à situação geográfica, pois a cidade está rodeada de
montanhas. Por isso, o centro político e econômico passou a ser a cidade
de Akmala, depois de batizada com o nome de Astana, palavra que na
língua cazaque significa capital. Então, o presidente do país, Nursultan
Nazarbaev apontou, entre os principais argumentos a favor da
transferência, a situação cômoda da nova capital:
“Primeiro,
ela encontra-se praticamente no centro geográfico do Cazaquistão.
Segundo, Akmala está situada no cruzamento de grandes vias de
transportes. Terceiro, atualmente, 300 mil pessoas vivem na cidade e, em
conformidade com o plano geral existente, prevê-se a possibilidade do
aumento do número de população até 400 mil. Quarto, o estado das
infraestruturas fundamentais da cidade é adequado.”
Não
foi fácil convencer as pessoas a abandonarem em massa os seus cômodos
locais de habitação e a transferirem-se para uma cidade ainda não
construída. Em 15 anos de existência, Astana aumentou várias vezes e
tornou-se irreconhecível.
Noutros países, pelo
contrário, as capitais foram transferidas para pequenas cidades. A
criação de um centro governamental separado, segundo os peritos, ajuda a
evitar os problemas que as cidades gigantes enfrentam.
O
exemplo do Canadá é convincente neste campo. No século XIX, Ottawa,
então com uma população de apenas 8 mil pessoas, foi tornada capital.
Semelhante opção foi um compromisso entre as duas comunidades étnicas do
Canadá, assinala Vladimir Rozhankovsky, diretor do departamento
analítico do Grupo de Investimento Nord-Capital:
“No
Canadá há duas comunidades: a anglófona e a francófona. Entre Toronto e
Montreal teve lugar, historicamente, não uma guerra, mas um confronto.
Por isso, a transferência da capital para Ottawa foi ditada, em primeiro
lugar, pela tentativa de impor a neutralidade, para que nem uns, nem
outros ficassem zangados. Além disso, Ottawa é uma cidade pequena em
comparação até com o Quebec, para não falar de Montreal e Toronto. Por
isso, penso que semelhantes opções são justificadas até ao momento em
que se começa a desenvolver a infraestrutura em redor dos edifícios
governamentais.”
Em 1960, a capital brasileira também
foi transferida para uma pequena cidade, Brasília, especialmente
construída na parte central do país. Segundo os peritos, isso ajudou o
desenvolvimento da região e redirecionou as correntes migratórias.
Precisamente por isso, a população aumentou aí quase 10 vezes e, hoje,
supera os dois milhões e meio de habitantes, em redor cresceram
numerosas cidades-satélites.
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