Concretizar essas ameaças pode colocar em risco, porém, as relações dos EUA com sócios-chave como Pequim e Moscou
Pressionado pelo caso Snowden, os Estados Unidos ameaçam China, Rússia e países da América Latina com represálias, caso concedam asilo ao analista de inteligência que revelou segredos da Agência de Segurança Nacional (NSA). Concretizar essas ameaças pode colocar em risco, porém, as relações dos EUA com sócios-chave como Pequim e Moscou.
Nesta segunda-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, considerou "muito decepcionante" e "profundamente inquietante" que Edward Snowden, acusado e procurado por espionagem, tenha conseguido viajar sem problemas de Hong Kong para Moscou. Em entrevista à imprensa em Nova Délhi, Kerry disse que o incidente pode ter "consequências" nas relações, já tensas, de seu país com Rússia e China.
O assessor da Casa Branca, Jay Carney, e o porta-voz do Departamento de Estado, Patrick Ventrell, foram incomumente duros com a China, acusando-a de ter "escolhido de forma deliberada soltar um fugitivo, apesar do pedido de captura" e do fato de que Snowden está com o passaporte vencido.
Duas semanas depois de uma cúpula informal na Califórnia entre os presidentes Barack Obama e Xi Jinping que apontava para um novo impulso às relações entre as duas principais potências mundiais, a Casa Branca lamentou "não poder contar com eles (os chineses) para que respeitem suas obrigações jurídicas em matéria de extradição".
Washington, que acredita que Snowden continua em Moscou, também pediu à Rússia que "estude todas as opções à sua disposição para expulsá-lo para os EUA".
Apesar dessas aparentes manifestações de raiva, o governo americano não tomará qualquer medida concreta contra China e Rússia, afirma o diretor de pesquisa da Brookings Institution Michael O'Hanlon.
O caso Snowden é "importante, mas não é uma das maiores prioridades diplomáticas, ou de segurança nacional" para os EUA, disse o especialista. "Há assuntos mais importantes" para as relações entre Washington e Pequim e Moscou, "como Síria, ou Coreia do Norte", acrescentou.
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