Foto Foto REUTERS/Mussa Qawasma
O deputado árabe israelita Zuheri Bahlul anunciou ontem a sua demissão do parlamento em protesto contra a lei que define Israel como “Estado-nação do povo judeu”, que considera “discriminatória contra os árabes”
“Quando terminar a interrupção [das férias de verão] da Knéset [parlamento israelita], a demissão será efetiva e prometo que não me voltarei a sentar nesta Knéset”, disse a um canal televisivo Bahlul, um palestiniano que ficou em Israel, após a sua criação em 1948, membro do grupo de centro-esquerda União Sionista.
Questionado se esta não era uma decisão demasiado drástica, o deputado, um conhecido antigo comentador desportivo, respondeu que “o drástico foi a aprovação da lei Estado-Nação, que põe a população árabe, de forma oficial e constitucional, fora do reino da igualdade em Israel”.
O antigo líder da União Sionista, Isaac Herzog, saudou a posição de Bahlul, defendendo que “as vozes das minorias em Israel têm de ser ouvidas”, de acordo com uma notícia da televisão estatal Kan.
A lei Estado-Nação, com peso constitucional, que estabelece que só os judeus têm direito à autodeterminação em Israel foi recentemente aprovada, desencadeando duras críticas das minorias israelitas, da comunidade internacional e de grupos judeus na diáspora.
No domingo passado, líderes da comunidade drusa - com mais de 130 mil pessoas em Israel, que cumprem o serviço militar obrigatório e que sentem uma vinculação especial com o país - interpuseram um recurso junto do Tribunal Supremo contra a lei, que classificaram de “ato extremo” de discriminação contra as minorias.
Alguns ministros garantiram à comunidade drusa que vão propor emendas à lei para ter em conta os membros desta minoria.
A lei aprovada pelo Parlamento de Israel, com o apoio do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, declara que o estabelecimento de “localidades judaicas é de interesse nacional” e torna o hebraico a única língua oficial do país, estatuto que anteriormente também abrangia o árabe.
Os drusos, que vivem sobretudo na Galileia, norte de Israel, falam árabe e professam uma fé derivada de um Islão muito heterodoxo.
A lei, que se enquadra na categoria de leis básicas que servem como a Constituição em Israel, também proclama que Jerusalém é a capital de Israel, incluindo a parte palestiniana da cidade anexada pelo Estado judaico.
A ONU nunca reconheceu essa anexação.
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