Grupo supremacista branco vê política no país ir ao seu encontro
Ódio. Integrantes da KKK queimam cruz e suástica nazista em ato pelo “orgulho branco” no estado da Geórgia em abril - AP/Mike Stewart
BIRMINGHAM, ALABAMA, EUA — Nascida das cinzas do derrotado Sul após a Guerra Civil Americana, a Ku Klux Klan ressurgiu antes de perder a luta contra os direitos civis nos anos 1960. Então, as inscrições minguaram, o grupo se dividiu e alguns de seus integrantes foram para a prisão por uma série de assassinatos de negros. Muitos presumiram que o fantasma do ódio e da violência, tinha morrido, mas a KKK, com também é conhecida, ainda está viva e sonha em retornar a ser o que outrora foi: um império invisível da supremacia branca que espalha seus tentáculos pela sociedade.
Aos 150 anos de existência, a Ku Klux Klan está tentando se reformar para uma nova era. Integrantes ainda se reúnem sob o céu estrelado no meio da noite para pôr fogo em cruzes, e panfletos da KKK apareceram em subúrbios desde o Sul até o Nordeste dos EUA. E algumas organizações independentes estão se juntando a grupos maiores para ganhar força.
— Vamos trabalhar por uma Klan unificada ou uma aliança — diz Brent Waller, “mago imperial”, um título de liderança, dos “Cavaleiros Brancos Unidos de Dixie”, no estado do Mississippi.
Em uma série de entrevistas à agência de notícias “Associated Press”, seus líderes afirmam considerar que a política nos EUA está indo ao seu encontro, com uma mentalidade nacionalista de “nós contra eles” ganhando terreno em toda nação. Eles apontam, por exemplo, que interromper ou limitar a imigração — um desejo da Klan que data dos anos 1920 — é uma causa maior do que nunca. E destacam ainda que as inscrições aumentaram neste fim do segundo mandato do presidente Barack Obama, embora poucos deles forneçam números.
Se juntar à Klan é tão fácil quanto preencher um formulário — desde que você seja branco e cristão. Integrantes podem visitar uma loja on-line para comprar seus característicos roupões brancos de algodão por US$ 145, embora muitos se deem ao “luxo” de comprar a versão de US$ 165 feita de cetim.
Embora a Klan tenha aterrorizado minorias durante boa parte do século passado, seus líderes agora se apresentam ao público mais virulentos do que violentos. Lideranças de diversos grupos dizem ter regras contra a violência a não ser que seja em autodefesa, e mesmo opositores concordam que a KKK baixou o tom após vários membros irem para a prisão por ataques incendiários, espancamentos, atentados a bomba e tiros anos depois dos fatos terem ocorrido.
— Embora a Klan de hoje ainda esteja envolvida em atrocidades, ela não é de forma alguma tão violenta quanto a Klan dos anos 1960 — avalia Mark Potok, do Centro Legal para a Pobreza do Sul, grupo de advocacia que se dedica a acompanhar as atividades de organizações que considera extremistas. — Isso não significa, porém, que ela é um grupo benigno que não se engaja em violência política.
Hoje, alguns líderes da Klan falam com a imprensa abertamente, articulando planos ambiciosos que incluem construir força política. Alguns grupos fazem até convenções anuais para discutir estratégias que incluem eleger membros para cargos políticos locais e recrutar “sangue novo” via internet. É difícil calcular quanto integrantes tem a KKK nos EUA hoje, mas estimativas apontam para não mais de 6 mil, pouco frente os 2 milhões a 5 milhões que tinha nos anos 1920.
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