terça-feira, 9 de junho de 2015

Não ao imperialismo, por uma nova ordem mundial e pelo socialismo
Não ao imperialismo, por uma nova ordem mundial e pelo socialismo
Por Adilson Araújo 

Sob a máscara da defesa da democracia e dos direitos humanos os Estados Unidos e a União Europeia, instrumentalizando a OTAN, vêm impondo a nações e governos que não comungam com seus interesses e nem rezam pela cartilha neoliberal políticas de embargos, bloqueios, sanções e chantagens cujas principais vítimas, conforme sugere o título deste seminário, são os trabalhadores e as trabalhadoras.

O caráter de tais iniciativas, que configuram guerra econômica e na verdade atropelam a democracia e os direitos humanos, é claramente imperialista e entre seus principais alvos da atualidade destacam-se Cuba, Venezuela, Irã, Rússia e Coreia do Norte. Visam preservar e ampliar o domínio das grandes potências capitalistas do chamado Ocidente (EUA, UE e Japão) sobre as demais nações do globo, ameaçado pela ascensão da China, pela criação do Brics e a afirmação de um novo arranjo geopolítico em Nossa América.

As provocações e a guerra civil na Ucrânia, onde EUA e Otan respaldaram um golpe de Estado liderado pela extrema direita, são guiadas pelo propósito econômico-militar de isolar e desestabilizar o governo russo. Somam também neste sentido o empréstimo do FMI, de US$ 17,5 bilhões, a Kiev e a campanha de demonização do presidente Putin orquestrada pela mídia imperialista.

Não por acaso, a Rússia, que ainda mantém um poder militar invejável, se destaca como o membro do Brics que advoga de forma mais ostensiva a ideia de uma nova ordem mundial e tem tomado medidas concretas para viabilizá-la, incluindo acordos de comércio e investimento sem a intermediação do padrão dólar.

O mesmo propósito reacionário orienta as sanções contra a Venezuela. Não podemos esquecer o papel destacado do governo daquele país nas iniciativas que visam a integração soberana da América Latina e Caribe e na criação de um novo cenário político na região, que tem por marco precisamente a eleição de Hugo Chávez em 1998.       

Ao lado de Lula, Evo Morales e outros líderes progressistas e de esquerda, Chávez liderou o enterro da Alca em 2005, bem como a criação da Alba em 2004, da Unasul em 2008 e da Celac (com Cuba e sem EUA) em 2010. A revolução bolivariana agrega ao caráter nacional anti-imperialista o propósito de superar o capitalismo e construir o socialismo.

Entre as medidas que adotou em defesa da classe trabalhadora, cujo protagonismo político é indiscutível, destaca-se a instituição (em maio de 2012) de uma Lei Orgânica do Trabalho que proíbe a terceirização (classificada por Chávez como “a escravidão do século 21”), reduz a jornada para 40 horas semanais, promove a Organização por Local de Trabalho e consagra outros direitos sociais.

Por isto, o ódio contra a Venezuela é mais acentuado e impiedoso, a exemplo daquele que o império sempre destilou contra Cuba. Em abril de 2002, Chávez foi afastado do poder por um golpe civil-militar liderado pelo presidente da Federação dos Empresários (Fedecameras), o breve Carmona, que teve seus sonhos ditatoriais frustados pelo povo e militares fiéis a Chávez e não ficou mais que um dia no Palácio Miraflores.

Em 2003 seu governo e o país tiveram de enfrentar um locaute na indústria petrolífera. No primeiro semestre de 2014 novas iniciativas golpistas tomaram corpo na forma de manifestações violentas lideradas pela extrema direita que deixaram por saldo 44 mortes. A nação bolivariana enfrenta também uma guerra econômica movida pela burguesia local e pelo imperialismo através do desabastecimento e das sanções.    

Por trás da ofensiva contra o governo liderado por Nicolás Maduro, que começou sua vida política no movimento sindical como metroviário, residem os interesses estratégicos dos Estados Unidos de abortar o projeto de integração, ainda incipiente, e impedir a consolidação de uma nova realidade geopolítica em Nossa América, que Washington considera e trata como um quintal do império. É uma tentativa de recompor a hegemonia perdida ou ameaçada.

O mesmo sentido tem a onda conservadora que invade o Brasil e a Argentina, cujos governos também são protagonistas do processo de integração soberana e têm se sobressaído na diplomacia mundial como defensores do direito à autodeterminação das nações, contra as intervenções das potências imperialistas, pela democracia e a solução pacífica das divergências internacionais. Cumpre destacar neste sentido que a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) criou em sua 2ª Cúpula (2014), por decisão unânime dos 33 países membros, uma zona de paz no continente americano, sem a presença dos Estados Unidos e Canadá.

A radicalização da luta de classes, entrelaçada com as guerras e conflitos políticos internacionais promovidos pelo imperialismo (na Ucrânia, no Oriente Médio, no Mar da China e na América Latina), é o desdobramento natural da crise econômica e geopolítica (crise de hegemonia) que perturba o mundo pelo menos desde o final de 2007.

Nós temos a obrigação e o desafio de unificar a classe trabalhadora, esclarecer e conscientizar as bases sindicais sobre o que está acontecendo, desnudando os objetivos imperialistas dos EUA e UE, e mobilizar amplas massas para fazer frente às forças conservadoras, condenar as sanções e as guerras, defender uma nova ordem mundial, o direito à autodeterminação das nações, a solução pacífica das divergências internacionais, a paz e a Justiça Social.

Basta de imperialismo!

Abaixo as sanções!

Viva o internacionalismo proletário!

Viva o Socialismo!  

Adilson Araújo, presidente da CTB 




*Discurso realizado durante a Conferência Sindical Internacional da FSM, ocorrida nos dias 1 e 2 de junho no Parlamento Europeu, na Bélgica. 
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