domingo, 12 de abril de 2015

“Bíblia do Thalles Roberto” causa polêmica

Só por trazer biografia e testemunho do cantor, Bíblia custa R$ 110,00

Julio Severo
O cantor Thalles Roberto gravou um vídeo e postou no seu Facebook para mostrar o mais novo produto que leva sua marca: a Bíblia Ide, que traz em suas primeiras páginas a biografia do cantor.
Com mais de 7 milhões de seguidores na rede social, Thalles disse aos seus fãs que a criação dessa Bíblia foi uma direção dada a ele pelo Espírito Santo para atrair os jovens.
“O jovem não lê Bíblia. O jovem gosta de música, gosta de louvor, de pular, de gritar, de celebrar. Mas muitos jovens têm dificuldade de ter consistência no relacionamento com Deus”, disse ele.
Ele disse que por conter seu testemunho e várias fotografias, sua Bíblia possa fazer com que os jovens tenham o interesse de ler a Palavra de Deus. “Deus me deu uma influência e meu Facebook está entre os maiores do país. Eu quero influenciar os jovens a ler a Bíblia e foi por isso que eu coloquei o meu nome aqui.”
Mas essa influência não vai sair barata. Enquanto o cantor e seus fãs estão comemorando o lançamento da Bíblia especial, os críticos apontam para o preço exorbitante do produto: R$ 110,00.
Internautas se queixaram de que se o real objetivo do cantor é ajudar os jovens, ele deveria doar ao invés de vender um produto tão caro.
Críticos de linha antipentecostal aproveitaram o momento para usar o exemplo do Thales para apontar para a “ganância” dos pentecostais. Eles evitaram mencionar, porém, que a Bíblia Ide do Thales foi lançada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que tem um programa para produzir Bíblias especiais como forma de angariar mais recursos.
As Bíblias especiais da SBB não são produzidas somente para o Thales, mas para todos os tipos de ministérios.
E não é só o Thales que vive em mansão.
Os diretores da SBB, muitos dos quais são presbiterianos, luteranos e batistas, vivem no mesmo tipo de luxo.
Então, criticar o cantor como pentecostal “ganancioso” sem lembrar que protestantes tradicionais “gananciosos” lucram com a Bíblia Ide e com todas as Bíblias especiais produzidas pela SBB para ministérios pentecostais e protestantes tradicionais é desonestidade.
Claro que se a intenção fosse de fato ajudar, haveria espaço amplo para a verdadeira caridade cristão.
O cantor carismático Keith Green (1953-1982), que se tornou famoso no mundo evangélico dos EUA, tinha um ministério musical que incluía uma política fantástisca “Whatever you can afford” (Qualquer coisa que você tenha condições de pagar).
Keith Green
Como Thales e muitos cantores evangélicos famosos, Green vendia muitos produtos, inclusive camisetas, Bíblias, livros, CDs, etc. Você podia pagar o preço sugerido — ou menos. E se você explicava que não podia pagar, tudo era mandado de graça. Havia uma cota mensal generosa para quem não podia pagar. A cota incluía livros de autores evangélicos conhecidos, especialmente Charles Finney, que teve grande influência no movimento pentecostal nos EUA.
Eu fui um dos jovens beneficiados pelo ministério Keith Green e sua política de vender para quem pode pagar e dar para quem não pode.
Keith Green, que veio do mundão do rock, drogas e sexo livre, se converteu através do ministério Vineyard (Vinha), de John Wimber. Mais tarde, ele atuou junto a JOCUM (Jovens com Uma Missão). Seu ministério era essencialmente carismático (crença e prática dos dons sobrenaturais do Espírito Santo, inclusive curas, profecias, revelações, etc.).
O ministério de Green, chamado Last Days Ministries (Ministérios dos Últimos Dias), vendia ou dava de graça literatura sobre sexo, drogas, dons espirituais, chamado, homossexualismo e até aborto. O trabalho contra o aborto de Last Days Ministries cresceu tanto que Melody Green, que presidiu o ministério após a morte do marido, foi convidada para estar em 1986 com Ronald Reagan, o presidente mais conservador da história recente dos EUA. Tanto Keith quanto Melody eram descendentes de judeus.
Melody Green, esposa de Keith Green, sendo homenageada por Ronald Reagan por sua luta contra o aborto
O testemunho e obras de Green mostraram, durante décadas, que não existe nenhuma incompatibilidade entre ser um cantor famoso e usar sua plataforma de fama para a glória de Deus, inclusive para alertar o povo evangélico a lutar contra o aborto e outras agendas nocivas.
O testemunho e obras dele também mostraram que não existe nenhuma incompatibilidade entre ser um cantor famoso e ajudar jovens evangélicos que não têm condições de comprar produtos evangélicos.
Talvez a SBB, Thales e outros cantores famosos poderiam se beneficiar do testemunho de Green.
Aliás, os críticos antipentecostais do Thales, que suspostamente se preocupam com os pobres que não têm condições de pagar produtos caros, poderiam dar um testemunho melhor vendendo suas mansões e casas extras para ajudar os pobres.
Com informações do GospelPrime.
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