Na imprensa mundial, estes documentos têm sido vistos
como um autêntica sensação, comprovando a desconfiança de Pequim em
relação ao seu aliado norte-coreano.
Entretanto, o plano
parece moderado e sensato. Trata-se de organização, nas zonas
fronteiriças chinesas, de campos de refugiados, o reforço da proteção da
fronteira e até de seu encerramento em casos de emergência. Se assinala
ainda a necessidade de “atender líderes de grupos norte-coreanos em
oposição, que possam procurar refúgio no território chinês”. Assim, as
autoridades chinesas devem, por um lado, garantir a sua segurança e, por
outro, mantê-los sob o seu controle.
Depois de
divulgada esta notícia sensacionalista, o governo chinês emitiu um
desmentido, anunciando que os documentos divulgados por jornalistas
nipônicos não são verdadeiros.
Seja como for, convém ter
uma atitude cética em relação a declarações como essa. Diplomatas
chineses disseram aquilo o que deviam dizer nessa situação. Mesmo que os
documentos não sejam falsos, a China não pode reconhecer esta
circunstância, uma vez que ninguém em Pequim quer complicar as relações
já bem complicadas com a Coreia do Norte. Mas como a publicação causou
uma enorme ressonância, não se podia ignorá-la: o silêncio de Pequim
teria sido interpretado com um reconhecimento da autenticidade dos
documentos em causa.
A situação na Coreia do Norte
realmente continua difícil, muito próxima de uma crise muito grave. No
final das contas, nos últimos 10-15 anos, temos constatado a ruína de
regimes políticos muito mais estáveis. Por isso, os especialistas e
peritos não escondem o fato de a China estar se preparando para ações a
empreender no caso de uma crise interna norte-coreana.
Se
a situação na Coreia do Norte se desestabilizar e sair do controle,
sofrerá, antes de mais nada, a China devido à sua situação geográfica.
Claro que, nesse caso, a maioria dos refugiados norte-coreanos partirá
com destino à China.
A fronteira entre a China e a
Coreia do Norte tem a extensão de 1.400 km e se protege muito mal.
Enquanto isso, o número de refugiados poderá se estimar em centenas de
milhares, a maior parte dos quais serão, pelo visto, antigos militares
do exército norte-coreano com as armas na mão. Através da China poderão
ser transportados ainda as armas nucleares e outros tipos de armas de
extermínio em massa da Coreia do Norte.
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