Foto: splifr/flickr/com
Na realidade, a legalização de drogas leves no
Uruguai pode ser qualificada como acontecimento do século. Pela
primeira vez, o Estado autoriza e sujeita a seu controle todo o setor,
das importações para as exportações, sem falar da semeadura, cultivo,
colheita, transformação, compra, armazenamento, venda e propagação. Mas é
evidente que o Uruguai não é o primeiro sujeito de direito
internacional em que as ideias libertárias encontraram apoio por parte
de círculos de poder. Podemos falar com certeza de uma nova tendência
mundial, destaca o chefe da Seção da Ásia Média e Central do Instituto
dos Países da CEI, Andrei Grozin:
“Aquilo que acontece
hoje no mundo pode ser considerado como legalização de drogas leves, da
maconha, em primeiro lugar. Por um lado, este é um acontecimento
bastante extraordinário, pelo menos para a UE, porque os burocratas
europeus tentavam até recentemente impedir esta ação liberal. Mas agora o
pêndulo moveu-se para outra parte. Atualmente, a legalização de drogas
leves é uma certa tendência. Por enquanto é impossível prever quanto
tempo durar esta situação. Não diria que a legalização de drogas leves é
uma tendência de longo prazo. Mas avaliando as decisões tomadas agora
por alguns governos, a maconha equipara-se ao tabaco e álcool.”
É
só à primeira vista que a tendência definida por peritos seja
inofensiva. As drogas leves, tal como as drogas em geral, é o caminho
mais curto ao inferno de onde não há saída, considera o presidente da
Associação de Saúde Pública da Rússia, professor e doutor em Medicina,
Andrei Demin:
“Uma política absolutamente justa é
aplicada pelos países que proíbem as drogas e perseguem seus produtores e
vendedores. Mas o número de consumidores é enorme. Esta é uma doença
perpétua: mesmo se uma pessoa alcançar uma fase de remissão, ela deverá
ser controlada até o fim dos seus dias. Isso, infelizmente, não é
conhecido por todos. Mesmo as drogas legais, como, por exemplo, as
bebidas alcoólicas e cigarros, são capazes de alterar a mentalidade
humana. No fundo, esta é uma doença mental incurável. Infelizmente, a
ciência não pode propor-nos algo hoje em dia. A eficácia de ações de
reabilitação constitui 3%, não ultrapassando os limites de erro
estatístico.”
Se enfrentarmos o problema da legalização de drogas leves (tal como outros problemas discutíveis) a partir da posição cui prodest, os consumidores não são beneficiários. Na opinião de Andrei Grozin:
“A
legalização de drogas leves é vantajosa para seus produtores.
Atualmente, o mercado de drogas é superlotado devido à situação no
Afeganistão. Sua quantidade cresceu em flecha. São tantas que o mercado
em que se vendiam não é capaz de absorve-las. Mas se o mercado legal ou
semilegal de maconha ou de haxixe irá crescer, o volume de vendas
aumentará também. Tal pode ser vantajoso também para os setores da
economia mundial, que são auxiliares para a produção, o tráfico e o
consumo de drogas. Em outras palavras, a legalização de drogas leves não
apenas facilitará a vida a narcobarões, mas também a algumas companhias
e estruturas financeiras que vivem à conta desse negócio,
encontrando-se ao mesmo tempo na esfera da economia absolutamente
legal.”
Especialistas afirmam que os mitos que
justificam a liberalização da legislação, não resistem a quaisquer
críticas. Por exemplo, a legalização de drogas não reduz o nível da
criminalidade ligada ao seu consumo, não erradica o mercado paralelo e
não enfraquece a atividade do crime organizado, assim como não impede a
propagação da AIDS. Devemos constatar que a legalização não acaba com
antigos problemas e cria novos. Se no governo do Uruguai prevaleceu um
ponto de vista diferente, tal aconteceu contrariamente aos fatos
evidentes.
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