Muitos esperavam que a ANAJURE, por seus passos iniciais com a Visão Nacional de Consciência Cristã (VINACC), seria restritiva na sua caminhada com outros grupos, especialmente as igrejas neopentecostais, que, embora predominem cada vez mais no cenário nacional, não estão adequadameante representadas na VINACC. Na ANAJURE, eles têm uma representação deficiente, em comparação com os números evangélicos totais no Brasil.
No entanto, o que chama a atenção não é a sub-representação de predominantes grupos neopentecostais na ANAJURE (sigla da Associação Nacional de Juristas Evangélicos), mas o direcionamento dessa entidade para com grupos que têm menos representatividade do que os grupos evangélicos.
Em 30 de outubro último, a ANAJURE estabeleceu parceria com FAMBRAS (Federação das Associações Muçulmanas no Brasil) em defesa da liberdade religiosa no Brasil, como se grupos muçulmanos conseguissem contribuir para a promoção da liberdade religiosa.
O presidente da ANAJURE, Dr. Uziel Santana, esteve em São Paulo na sede da FAMBRAS — entidade que reúne as principais associações islâmicas do Brasil — para se encontrar com o seu Presidente, o Dr. Mohamed Hussein El Zoghbi, e com o sheikh Kaled Taky Eldin, Presidente do Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil. Os assuntos em pauta foram: liberdade religiosa, acolhimento de refugiados e ajuda humanitária.
A FAMBRAS e o Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil também apoiam o Estatuto Jurídico da Liberdade Religiosa, PL 1219/2015, apoiado pela ANAJURE.
A ANAJURE e FAMBRAS trocaram experiências e estabeleceram metas de parceria para o futuro. Sobre Liberdade Religiosa, o Dr. Zoghbi e o Sheikh Kaled destacaram a importância da ANAJURE ajudar a FAMBRAS e o Conselho dos Teólogos islâmicos no combate à disseminação de qualquer ideologia que promova o terrorismo, o ódio e a violência contra pessoas e suas crenças.
O Uziel Santana disse: “Esta foi uma reunião muito importante pra nós da ANAJURE, que desde a fundação busca diálogo e parcerias com diferentes entidades, de distintas bandeiras e atuações, em defesa das liberdades civis fundamentais. A família Zoghbi tem um histórico de trabalho extraordinário com ajuda social e integração de imigrantes desde que se instalou em SP na primeira metade do século XX. Além disso, a FAMBRAS trabalha e luta para que o islamismo no Brasil seja uma religião de paz, combatendo toda sorte de radicalismos e extremismos. ANAJURE, FAMBRAS e Conselho dos Teólogos estão aliançados pela paz, pela ampla liberdade religiosa, pela cooperação humanitária e ajuda a refugiados”.
Chama a atenção a grande disposição do Dr. Uziel ir à própria sede da entidade islâmica e abrir-lhes os braços, num contraste com sua indisposição em 2013 de abrir os mesmos braços para o Dep. Marco Feliciano, nomeado como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Grupos esquerdistas queriam Feliciano fora dessa comissão. Na ocasião, o Dr. Uziel emitiu um carta pública contra Feliciano na presidência da comissão, julgando suas motivações.
No caso do grupo islâmico, o Dr. Uziel não emitiu nenhuma carta pública contra FAMBRAS nem julgou suas motivações.
Resta-nos perguntar: quais são as motivações da ANAJURE para antes condenar publicamente o Pr. Marco Feliciano e agora abrir os braços para uma organização islâmica? Ecumenismo? Sede de poder? Ou ingenuidade patética?
A VINACC, que ajudou nos passos iniciais da ANAJURE e tem um ministério apologético contra seitas, nada dirá sobre estranha parceira ANAJURE- FAMBRAS?
Cremos que como nós, da ADHT, muitos pastores brasileiros ficam no aguardo de um pronunciamento satisfatório de ambos à comunidade evangélica brasileira.
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