Dezessete membros da comunidade judaica do Iêmen, que em um determinado momento chegou a ter dezenas de milhares de pessoas, chegaram a Israel no domingo (20) à noite
Centenas de milhares de judeus de origem iemenita vivem atualmente em Israel
Israel anunciou nesta segunda-feira (21) o resgate de 19 judeus do Iêmen, um país em guerra, em uma "operação secreta" destinada a salvar os últimos sobreviventes de uma das comunidades judaicas mais antigas do mundo.
Dezessete membros da comunidade judaica do Iêmen, que em um determinado momento chegou a ter dezenas de milhares de pessoas, chegaram a Israel no domingo (20) à noite. Outros dois integrantes viajaram nos dias anteriores.
"Um dia talvez façamos um filme. Falamos de uma operação secreta em um meio hostil. Não é fácil retirar pessoas visível e ostensivamente judaicas", disse à AFP Yigal Palmor, diretor de comunicação da Agência Judaica de Israel, responsável pela imigração.
Palmor, no entanto, se recusou a revelar mais detalhes do dispositivo, que exigiu "vários meses" de preparação.
Os resgatados foram levados de ônibus do aeroporto de Tel Aviv para um centro de imigrantes em Beer-Sheva, sul de Israel.
Para a Agência Judaica, a operação é o último recurso para salvar homens e mulheres descendentes dos enviados à Arábia há 2.500 anos pelo rei Salomão.
Desta comunidade restam apenas 50 judeus, que decidiram permanecer no Iemen, a maioria na capital, Sanaa, informou Palmor.
"São indivíduos um pouco isolados, que não quiseram aproveitar a última oportunidade desta operação", completou.
"É o final da comunidade (judaica no Iêmen) como tal", resumiu o diretor, que demonstrou preocupação com os riscos para os que permaneceram em um país "extremamente perigoso para eles", onde os rebeldes xiitas huthis, que controlam Sanaa, "são abertamente antissemitas".
A comunidade judaica no Iêmen chegou ao menor número nas últimas décadas, isolada em si mesma, enfrentando ameaças e ataques, vítima dos confrontos entre o exército e os rebeldes.
Totalmente esquecida, o último reduto desta comunidade sobrevivia em Sanaa, onde muitos judeus foram levados de helicóptero em 2007 para viver sob proteção, e em Raida, no deserto, 80 km ao norte da capital.
Em 2008, um membro da comunidade foi assassinado depois de recusar a conversão ao islã. Em 2012, Aharon Zindani teve o mesmo destino pelo simples fato de ser judeu, recordou Palmor. No mesmo ano, uma jovem foi sequestrada, convertida ao islã e casasa à força com um muçulmano.
Entre as pessoas que chegaram em Israel está o filho de Aharon Zindani, sua mulher e os três filhos, procedentes de Sanaa. Outras 14 pessoas foram repatriadas de Raida, incluindo o rabino da comunidade, que conseguiu transportar um rolo da Torá que tem entre 500 e 600 anos.
Desde 1949, a Agência "trouxe a comunidade judaica do Iêmen para sua casa, em Israel, e esta missão histórica termina hoje", afirmou o diretor Natan Sharansky.
A Agência Judaica afirma que salvou quase 200 judeus em várias operações secretas nos últimos anos, dezenas deles nos últimos meses.
Desde sua criação em 1948, Israel recebeu 51.000 judeus do Iêmen. Quase 50.000 deles chegaram entre 1949 e 1952, durante a operação "Tapete mágico". Mais tarde, a emigração aconteceu em pequenos grupos, para Israel ou Estados Unidos.
Centenas de milhares de judeus de origem iemenita vivem atualmente em Israel.
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