Gametogênese in vitro gera debate sobre consequências éticas.
Em fevereiro de 2015, cientistas da Universidade de Cambridge (Inglaterra) e do Weizmann Institute (Israel) provaram ser possível se produzir óvulos ou espermatozoides a partir de células da pele de doadores adultos. Tal avanço tecnológico poderá ajudar pessoas que são inférteis, gerar novos tecidos para tratamento médico.
Jacob Hanna, especialista-chefe do ramo israelense dessa pesquisa, afirmou: “Estou confiante de que esse processo vai dar certo e será muito importante para qualquer pessoa que tenha perdido sua fertilidade por causa de alguma doença. Essa descoberta também já despertou o interesse de grupos gays, por causa da possibilidade de se produzir óvulos e espermatozoides a partir de pais do mesmo sexo”.
A técnica é chamada de gametogênese in vitro (GIV). Acredita-se que até 2017 será possível que dois homens ou duas mulheres produzam os gametas necessários para gerar um bebê. Ele poderia ser gestado ou no útero de uma das mães, ou numa barriga de aluguel, no caso de dois pais homens, segundo o The Sunday Times.
Essa possibilidade, que ainda depende de mais estudos, gera um aprofundamento no debate sobre suas ramificações morais, éticas e legais. Situada no âmbito da bioética, novas maneiras na produção de vida incomodam teólogos desde a década de 1970, quando se iniciou as técnicas de fecundação artificial (in vitro). Aprofundou-se no 1990, quando começaram os experimentos de clonagem de animais.
Sonia Suter, professora da Universidade George Washington, publicou o artigo “In vitro gametogenesis: just another way to have a baby?” (Gametogênese in vitro: apenas mais uma maneira de se ter um bebê?).
Nele, aborda questões sobre as consequências do uso dessa tecnologia. Como filhos gerados a partir de dois pais ou duas mães vão afetar o conceito de família? Essa técnica possibilitará que uma pessoa produza óvulos e espermatozoides a partir de suas próprias células, e gere um filho sem a necessidade de uma segunda pessoa? A mesma tecnologia possibilitaria que mais que duas pessoas tivessem seu código genético envolvido na concepção de um embrião. Como isso afeta, ética e legalmente, o conceito de família?
Entre os argumentos mais comum na oposição do chamado “casamento gay” é justamente que o uso do termo é indevido, uma vez que o termo varia de “acasalamento” e matrimônio é uma derivação de ‘maternidade’. Logo, a união de pessoas do mesmo sexo que não podem reproduzir não podem ser colocada na mesma categoria.
Para os ativistas LGBT, a viabilização de gestações assim acabaria com o argumento de religiosos que “duas pessoas do mesmo sexo não fazem filho”. A doutora Suter defende que a GIV “poderia colaborar com essa normalização, mostrando que indivíduos dentro desse tipo de relacionamento homossexual podem escolher levar suas vidas de maneira muito similar àqueles da comunidade heterossexual ao casarem-se (e até divorciarem-se) e procriarem juntos”.
Até o momento, como se trata de uma tecnologia experimental, que não se provou viável a curto prazo, nenhum especialista da área de bioética tem se manifestado desfavorável à questão. Com informações de Uol e The Health Site
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