Professores de duas universidades nos EUA comemoram resultados nas pesquisas com animais
Morte é o fim? Técnicas de ressuscitação de pacientes são pesquisadas há tempos pela medicina
Nova York, EUA. Professores de medicina das universidades do Arizona e de Maryland, nos Estados Unidos, estão causando frisson na comunidade científica mundial com uma técnica radical de ressuscitação de pessoas clinicamente mortas. Após testes bem-sucedidos com animais, eles obtiveram autorização para testar em humanos a “suspensão” da morte.
O procedimento desenvolvido por Samuel Tisherman, de Maryland, baseia-se na ideia de que baixas temperaturas mantêm o corpo vivo por mais tempo – cerca de uma ou duas horas. Funciona da seguinte forma: o sangue é retirado e no seu lugar é colocada uma solução salina que ajuda a rebaixar a temperatura do corpo para algo como 10 a 15 graus Celsius.
Quando o problema no corpo do paciente é resolvido, o sangue volta a ser bombeado, reaquecendo lentamente o sistema. Quando a temperatura do sangue chega a 30 graus, o coração volta a bater.
Segundo relato publicado pela rede BBC, em experiência com porcos, cerca de 90% deles se recuperaram quando o sangue foi bombeado de volta. Cada animal passou mais de uma hora no “limbo”.
“Quando seu corpo está com temperatura de 10 graus, sem atividade cerebral, batimento cardíaco e sangue – é um consenso que você está morto”, disse o professor Peter Rhee, da Universidade do Arizona, à BBC. “Mas, ainda assim, nós conseguimos trazer você de volta.”
Rhee se uniu a Tisherman para comprovar que é possível manter o corpo em estado suspenso por horas. Eles admitem que o procedimento é bastante radical, mas acreditam que, diante dos bons resultados com porcos, que tiveram baixíssimos efeitos colaterais ou danos nos cérebros, a técnica tem tudo para ser bem-sucedida também em humanos.
O desafio de obter permissão para testar em humanos tem sido enorme até agora. Mas finalmente Tisherman e Rhee receberam permissão para testar sua técnica com vítimas de tiros em Pittsburgh. Eles querem usar pacientes cujos corações já pararam de bater e que não teriam mais chances de sobreviver, pelas técnicas convencionais.
“Quando as pessoas pensam no assunto, elas pensam em viajantes espaciais sendo congelados e acordados em Júpiter, ou no (personagem) Han Solo, de Guerra nas Estrelas. Isso não ajuda, porque é importante que as elas saibam que não se trata de ficção científica”, disse à BBC.
De acordo com a reportagem, os esforços para trazer as pessoas de volta do que se acredita ser a morte já existem há décadas. Tisherman começou seus estudos com Peter Safar, que nos anos 1960 criou a técnica pioneira de reanimação cardiorrespiratória. Com uma massagem cardíaca, é possível manter o coração artificialmente ativo por um tempo.
“Sempre fomos criados para acreditar que a morte é um momento absoluto, e que quando morremos não tem mais volta”, diz Sam Parnia, da Universidade Estadual de Nova York.
“Com a descoberta básica da reanimação cardiorrespiratória nós passamos a entender que as células do corpo demoram horas para atingir uma morte irreversível. Mesmo depois que você já virou um cadáver, ainda existe como resgatá-lo.”
Chance para vítimas de lesões
Nova York, EUA.“É uma das coisas mais incríveis de se observar: quando o coração começa a bater de novo”, diz o professor Peter Rhee, da Universidade do Arizona, um dos responsáveis pela “suspensão” da morte.
Ele contou que, após a operação em animais, foram realizados vários testes para avaliar se houve dano cerebral. Aparentemente nenhum porco apresentou problemas.
Um dos problemas a ser contornado é ver como os pacientes se adaptam com o sangue de outra pessoa. Os porcos receberam o próprio sangue congelado, mas no caso dos humanos será necessário usar o estoque do banco de sangues.
Se der certo, os médicos acreditam que a técnica poderia ser aplicada não só vítimas de lesões, como tiros e facadas, mas em pessoas com ataque cardíaco.
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