Em seus primeiros sete meses como enviada especial da ONU para a violência sexual em conflitos, Zainab Hawa Bangura visitou uma região do Congo onde rebeldes estupravam bebês, e um lugar da Somália onde uma mulher recebeu 150 dólares de indenização pelo estupro da sua filha de quatro anos.

Ela conheceu uma refugiada no Quênia que havia sido estuprada sob a mira de armas, quando estava grávida de oito meses e catava lenha. Viu também um pai somali que lutava por justiça por suas filhas de 4 e 6 anos, ambas violentadas sexualmente.
"As histórias são horríveis e de cortar o coração, e quando esses sobreviventes lhe dizem o que passaram, e continuam a passar, você sabe que uma só pessoa que seja estuprada na guerra já é demais", disse Bangura, que falou na quarta-feira ao Conselho de Segurança da ONU.
Ela disse que ainda há grande impunidade para quem violenta uma mulher, criança ou homem durante um conflito, e que é preciso lutar contra isso. Futuros acordos de paz ou de cessar-fogo na Síria e no Mali, por exemplo, deveriam incluir medidas para a prevenção da violência sexual.
Bangura, ex-ministra da Saúde de Serra Leoa, planeja visitar a Síria, o Mali e o Sudão do Sul assim que possível.
"Visitei uma comunidade onde no ano passado 11 bebês, entre 6 e 12 meses de idade, haviam sido estuprados por elementos do Mai Mai Morgan", disse ela, referindo-se a um grupo rebelde da República Democrática do Congo. "É inimaginável que alguém possa ter cometido tal atrocidade."
Ela também disse a jornalistas que na mesma comunidade - o distrito de Ituri, no turbulento leste congolês -, 59 crianças com idades entre 1 e 3 anos, e 182 crianças de 5 a 15 anos haviam sido estpuradas no ano passado.
"Sob as luz fria da estratégia e da tática, a razão e o propósito estão claros. Que forma mais eficaz pode haver para destruir uma comunidade do que alvejar e devastar suas crianças?", afirmou ela ao Conselho.
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