sábado, 19 de novembro de 2016

Escola de exorcistasna Argentina ensina como espantar o diabo



O bispo Manuel Acuña (E) participa de ritual na paróquia Bom Pastor, em Santos Lugares, nos arredores de Buenos Aires, em 6 de setembro de 2016Mais

Com um crucifixo levantado, borrifos de água benta, orações cheias de fervor e o olhar fixo no possuído, Manuel Acuña dá a sua receita para espantar o diabo na sua escola para consultores em exorcismo na Argentina, a primeira da América Latina.

"Deus me colocou neste caminho, eu não escolhi ser exorcista. Ser exorcista é um chamado, o chamado de Deus a trabalhar na infantaria entre os seus", diz Acuña, um bispo luterano que diz ter realizado o maior exorcismo do mundo.

Acuña, de 54 anos, oferece suas missas de cura contra feitiços e malefícios em uma pequena e modesta paróquia em Santos Lugares, um bairro de classe média baixa na periferia de Buenos Aires.

Lá, na paróquia O Bom Pastor, assegura ter realizado "o maior exorcismo do mundo" em 2015, o de Laura, que tinha passado 10 dos seus 23 anos internada em um hospital psiquiátrico e hoje "está perfeitamente bem de saúde".

Com um cheiro penetrante de incenso, o bispo recebe a AFP diante do altar onde repousam estatuetas do arcanjo São Gabriel, o "exorcista invisível", e do arcanjo São Rafael, padroeiro da saúde.

Há 35 alunos, todos adultos, cursando a carreira de Parapsicologia, Angelologia e Demonologia, por uma mensalidade de 700 pesos (47 dólares) para obter em três anos o título de Consultor Exorcístico.

"Aprender todas as ferramentas é uma forma de poder combater" o diabo, afirma Luciana Jeaume, de 38 anos, que desde pequena se interessa por bruxaria e feitiçaria, e que hoje é aprendiz de exorcismo.

O programa inclui aulas de filosofia, psicologia e antropologia, assim como de xamanismo, interpretação de fenômenos paranormais e demonologia, que "estuda o caráter e a função do diabo e de todos os demônios", explica Acuña.

Encarar o diabo

O bispo, que é conhecido como "padre Manuel", diz que em 4 de abril de 2001, uma menina de 15 anos começou a rastejar e a falar em outras línguas em plena missa. Apesar da adolescente pesar apenas 40 kg, Acuña precisou de outras oito pessoas para carregá-la. Aquele dia fez o seu primeiro exorcismo, e desde então realizou outros 1.200, conta.

"Não tive medo. Nesse dia troquei cartas de apresentação com o diabo", diz Acuña, que pertence à Associação de Igrejas Evangélicas Luteranas Independentes, com sede em Nova York.

Enquanto fala, o "bispo exorcista", como se apresenta, ergue a cruz de madeira que utiliza nas missas de cura, a mesma que usou no exorcismo de Laura, e a que Deus lhe "mostrou em um sonho", afirma.

Uma vez por mês, Acuña convoca um ritual contra feitiços e malefícios, e a presença de centenas de fiéis obriga a fechar a rua. Entre eles, se produzem "manifestações diabólicas", com gritos e desmaios. Uma mulher cospe sangue, constata a equipe da AFP. "É porque houve um pacto com sangue animal", explica o bispo.

Em um corredor, dezenas de fotos mostram o anfitrião ao lado de celebridades nacionais e em suas aparições midiáticas. Também aparece junto ao então padre argentino Jorge Bergoglio, hoje papa Francisco, embora os luteranos não respondam ao Vaticano.

"O mistério do invisível pode exercer fascínio em alguns, mas também muitas críticas. Não somos ingênuos, fui chamado de todos os nomes possíveis", revela.

O pastor Esteban Tronovsky, da Igreja Evangélica Luterana Argentina, que não apoia o exorcismo, considera que esta prática não se aprende.

"Há questões que vão além do simples conhecimento, que estão subordinadas ao mandato de Deus", diz, ao deixar claro a sua distância em relação a esta escola, assim como fizeram outras três congregações luteranas consultadas pela AFP.

Aprendizes

A nova carreira busca que a prática exorcística seja aprendida por pessoas comuns. Entre os alunos há donas de casa, advogados, um escritor e um arquiteto.

"O consultor exorcístico vai estar em condições de determinar onde há uma manifestação diabólica, uma possessão, uma opressão, uma obsessão ou um malefício" e poder "fazer prevenção espiritual", explica Acuña.

Na paróquia transformada em sala de aula, o aluno Eduardo Klinec segura uma vela e explica aos seus colegas de curso como acendê-la para uma cura. É a sua prova final de velomancia (adivinhação com velas), em frente ao parapsicólogo Alejandro Morgan, o professor, um ex-jogador de futebol cujos conhecimentos de ocultismo vieram da sua avó.

"O medo e o ceticismo vão embora com o conhecimento", afirma Klinec, informático de 53 anos que busca compensar "o racional, a lógica e o material" do seu trabalho.

Os estudantes exploram também a radiestesia (percepção de radiações eletromagnéticas) e os eneagramas, um sistema de análise de personalidade.

"Me sinto abençoada por poder fazer, nesta idade, esta carreira que está me dando respostas a muitas experiências de vida que ninguém sabia me dar", afirma Gloria Sánchez, aposentada de 60 anos, que estudou psicologia social e terapias alternativas.









FONTE:
https://br.noticias.yahoo.com/escola-exorcistas-argentina-ensina-espantar-diabo-201420525.html

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