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sábado, 28 de dezembro de 2013

“Agressividade” russa assusta políticos italianos - retorno da "Cortina de Ferro"???

rússia, itália

Recentemente, em Roma, durante um debate sobre a política mundial, um político italiano disse que estava muito preocupado com o ressurgimento da “agressividade” internacional da Rússia. Naturalmente, estavam falando da possível intervenção da Rússia nos eventos em Kiev e da decisão da Rússia, mais tarde desmentida, de instalar mísseis Iskander no enclave de Kaliningrado.

Esse político, como muitos outros, se esqueceu de que uns dos protagonistas principais dos protestos contra o governo legítimo foram justamente políticos europeus, e a União Europeia, embora quisesse a associação com a Ucrânia, não estava disposta a ajudar de alguma forma a reconstruir a sua economia destroçada. Tão pouco ele se lembrava de que muito antes da decisão de Moscou de instalar mísseis em Kaliningrado os Estados Unidos decidiram instalar seus mísseis na Romênia, Polônia e Turquia. Se o objetivo da instalação desses mísseis era a proteção contra possíveis ataques iranianos, então para quê confirmar sua decisão não obstante o abrandamento das tensões com esse país?
Após o colapso da União Soviética, a principal preocupação de grande parte dos políticos ocidentais foi a de “conter” a Rússia. Algumas das “revoluções de veludo” foram abertamente financiadas pelos norte-americanos e seus aliados com o objetivo que se propõem ainda hoje, principalmente republicanos, de desestabilizar o maior país do mundo. Muitas ações, não só diplomáticas, do Ocidente em países da Ásia Central, bem como as diversas críticas do sistema político russo na mídia, visavam a enfraquecer o governo russo, tanto por dentro como por fora, e, possivelmente, contribuir para a desintegração do país. Por isso não admira que Moscou, cansada de todas essas hostilidades, está respondendo a golpes com golpes.
Felizmente, a Itália nunca participou nesta sabotagem, apesar de que se tem tornado cada vez mais na moda, especialmente entre jornalistas italianos, buscar “palhas” nos olhos azuis russos ao invés de “traves” em olhos mais próximos.
Parece que nos últimos meses estas contradições só se têm intensificado. Parece-nos que tanto de um como do outro lado os verdadeiros, racionais interesses mútuos se estão tornando cada vez menos perceptíveis.
Afinal, o Ocidente industrial sempre vai precisar de mais minerais, especialmente dos que dão energia. A Rússia é extremamente rica neles e quer continuar a vendê-los. Ao mesmo tempo, é óbvio que este país tem e terá uma profunda necessidade de tecnologias e know-how que nós podemos fornecer-lhe. É evidente que aqueles países que num passado longínquo foram inimigos, hoje devem estar do mesmo lado, e que nenhum deles quer impedir ações conjuntas. A Rússia certamente não quer perder um cliente sério, e a Europa seria louca se abandonasse uma fonte de matérias-primas e um tal mercado que ainda só está por desenvolver.
O verdadeiro perigo para ambos os países é outro, e encontra-se mais a leste: é a China. É justamente desde lá, e não de Moscou, que num futuro próximo podem surgir desafios que porão em causa não só o nosso bem-estar, mas também o lugar que ocupamos até agora no mundo. Apesar de que na história da China houve seus altos e baixos, cada cidadão daquele país, que foi outrora o Império Celestial, considera-o “Reino do Meio”, o que significa que, historicamente, por direito pertence-lhe o papel “central”, principal no mundo inteiro.
A liderança chinesa tem uma longa tradição de esperar com paciência e jogar com previsão, mas, ao mesmo tempo, os líderes do país estão explicitamente visando atingir seus objetivos. A China está bem ciente de que não pode mostrar imediatamente suas reivindicações à posição do único grande jogador, que durante mais alguns anos precisa de jogar num nível inferior, escondendo seus verdadeiros objetivos. Mas, apesar de todos os esforços para o baixar, a presença chinesa fora do continente asiático está tomando um caráter cada vez mais agressivo. A África e os seus recursos são cada vez mais frequentemente controlados por Pequim. Ele investe na América do Sul e na Europa, comprando todas as empresas tecnologicamente avançadas de cujo know-how se pode apropriar.
Em vez de continuar a ter medo do “urso russo”, com quem partilhamos uma história, cultura e necessidades comuns, não seria melhor abrirmos os olhos e vermos quem realmente são os nossos rivais? E não continuar a alimentar um clima que poderá empurrar nossos amigos naturais para aqueles que são uma verdadeira ameaça para o nosso futuro.


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