Uma conferência econômica organizada pelos Estados Unidos começa nesta terça-feira no Bahrein para mobilizar fundos para os palestinos, que rejeitam a iniciativa, na ausência de uma solução política para o conflito com Israel.
A reunião, liderada por Jared Kushner, genro e assessor do presidente americano Donald Trump, e batizada de "Da paz à prosperidade", é o capítulo econômico de um plano de resolução do conflito israelense-palestino, cuja apresentação foi adiada várias vezes.
O encontro começará com um jantar em um hotel de luxo no Bahrein que, juntamente com outros países árabes do Golfo Árabe, pede a formação de uma frente comum com Israel por causa de sua hostilidade compartilhada em relação ao Irã.
O governo dos EUA espera levantar mais de 50 bilhões de dólares em projetos de infraestrutura, educação, turismo e comércio para os palestinos.
Os convidados incluem ministros das finanças dos países árabes do Golfo, o secretário do Tesouro americano Steven Manuchin e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Christine Lagarde.
A Autoridade Palestina decidiu boicotar a reunião e seu primeiro-ministro, Mohamed Shtayeh, criticou a ausência de uma menção ao fim da ocupação israelense.
"Este encontro econômico não faz sentido", disse ele na segunda-feira durante uma reunião do governo. "O que Israel e os Estados Unidos estão tentando fazer é simplesmente normalizar suas relações com os árabes às custas dos palestinos".
"Precisamos de apoio econômico, dinheiro e assistência, mas antes de tudo é necessária uma solução política", declarou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, no domingo. "Não podemos aceitar que os Estados Unidos limitem todo (o conflito) a uma questão econômica", ressaltou.
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Centenas de palestinos protestaram na segunda-feira na Cisjordânia ocupada contra a conferência do Bahrein. Perto de Hebron, alguns deles sentaram-se em torno de um caixão com a inscrição "Não ao acordo do século", uma expressão pejorativa que faz referência às propostas de paz de Donald Trump.
- Nova abordagem -
No Marrocos, onde o governo anunciou sua participação na conferência, milhares de pessoas protestaram no domingo contra o que chamam de "congresso da vergonha".
A administração americana diz que pretende aplicar uma nova abordagem para acabar com o conflito, com um plano que pode ser revelado em novembro, depois das legislativas em Israel.
Segundo autoridades americanas, o plano não mencionará a solução de "dois Estados", um israelense e outro palestino.
Israel, que estará presente no Bahrein, criticou a liderança palestina. "Eu não entendo como os palestinos rejeitaram o plano antes mesmo de saber o que ele contém", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A Autoridade Palestina enfrenta sérias dificuldades financeiras. Israel congelou parte dos impostos alfandegários que deve aos palestinos, justificando que a soma congelada corresponde à quantidade de ajuda dada pela Autoridade às famílias de palestinos presos ou mortos por terem cometido ataques contra Israel.
Antes da reunião no Bahrein, a Liga Árabe reiterou seu compromisso de entregar 100 milhões de dólares por mês aos palestinos, mas não especificou de que maneira.
A promessa de grandes investimentos em favor dos palestinos veio depois que Washington congelou mais de 500 milhões de ajuda, parou de financiar a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) e tomou inúmeras decisões em favor de Israel.
Segundo Aaron David Miller, ex-negociador americano no Oriente Médio, a ideia de um plano econômico em favor dos palestinos não é nova. "Se o governo americano não tivesse passado os últimos dois anos pressionando economicamente e politicamente os palestinos e contrariando suas aspirações, [...] esse plano faria sentido", disse ele.
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