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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

'Estamos em guerra com a China': americanos estão sendo expulsos da África



A guerra que está acontecendo entre os Estados Unidos e a China no espaço econômico, informacional e cibernético está transbordando, inclusive para o campo informativo russo.

O homem que trouxe Trump para a Casa Branca, o investidor e estrategista Steve Bannon, já havia declarado que a Rússia poderia ser usada como instrumento para isolar a China.

"Estamos em guerra com a China […] e estamos vencendo", disseBannon anteriormente em um discurso, adicionando que para ganhar é preciso quebrar a economia da China e fazer uma estratégia para que não reste para ela nenhum aliado ou parceiro que estejam dispostos a participar do seu processo de globalização.



Há uma tendência propagandística contra a China e agora, por exemplo, há um trabalho para desacreditar o projeto chinês Um Cinturão, Uma Rota, e até mesmo em canais de televisão surgiram notícias sobre a suposta preparação da China, juntamente com os EUA, para tirar à Rússia a Rota Marítima do Norte e os campos petrolíferos e de gás do Ártico russo.

Talvez seja uma coincidência, mas a intensidade da informação contra a China se acentua durante e antes de eventos diplomáticos importantes.

Os adversários norte-americanos transmitem para todo o mundo a mesma mensagem: "A cooperação com a China é uma armadilha, mas os empréstimos do FMI [Fundo Monetário Internacional] são uma coisa boa", contando claramente com o fato de que os residentes de países onde o FMI já conseguiu trabalhar de forma produtiva tenham memória curta, enquanto a vontade de entender a questão simplesmente não existe.

Do ponto de vista pragmático, as propostas econômicas chinesas têm várias vantagens inegáveis sobre os esquemas americanos de interação econômica. Essas vantagens foram mais uma vez destacadas abertamente pelo presidente chinês, Xi Jinping, em seu discurso no Fórum de Cooperação China-África.

As principais características das propostas de investimento chinesas são: nada de excessos políticos, ou mais precisamente, nenhuma reivindicação ou condição política que saia além da segurança de projetos específicos financiados com dinheiro chinês.



Pequim não está praticando caridade, e seus investimentos em todos os lugares, da África à Rússia, são construídos sobre considerações bastante pragmáticas. No entanto, quando comparado com o mesmo FMI, que em troca de dinheiro pode exigir, por exemplo, um aumento no preço do gás para a população ou privação de seus direitos, entre outros, verifica-se que o investimento chinês é mais honesto, no sentido de que eles têm muito mais economia e muito menos política.

Além disso, a China está pronta, sob certas condições, para investir na estabilidade social e no desenvolvimento dos países mais vulneráveis. Xi disse que US$ 15 bilhões (R$ 62 bilhões) serão alocados sob forma de subvenções, empréstimos sem juros e empréstimos com bonificação. Isso também é uma espécie de investimento — mas não no sentido financeiro clássico da palavra.

A liderança chinesa se baseia no pressuposto lógico que se construírem na África um "posto de assistência médica e uma estrada", então, no futuro, os residentes locais tratarão os representantes da China com um certo grau de gratidão e será mais difícil influenciá-los com a "ideia antichinesa", apesar de todos os esforços da embaixada americana local.



Ademais, especificamente para reduzir a acusação de usar "armadilhas da dívida" como um instrumento de pressão diplomática, o presidente chinês prometeu anular a dívida multibilionária dos países africanos que estão na situação econômica mais difícil. Neste sentido, as ações da República Popular da China são semelhantes à política russa sobre empréstimos não reembolsáveis da época da URSS.

Outra diferença importante entre a abordagem chinesa e a americana é a vontade de investir em infraestruturas que não beneficiariam apenas a eles.

A mídia dos EUA, sobre isso, adora "provocar" os partidários do projeto Um Cinturão, Uma Rota, apontando que seus empréstimos ou investimentos no capital das empresas de projetos vão de qualquer forma apenas para a criação de portos, rodovias e ferrovias para que as corporações chinesas retirem recursos.

Finalmente, e o mais importante, a China está pronta para coordenar seu projeto de integração com outros projetos de integração na Europa (UE), Rússia e África, o que faz diferir vantajosamente sua abordagem do princípio americano: uma hegemonia, um "consenso de Washington" e uma moeda mundial principal (o dólar norte-americano). A competição entre projetos de globalização é um processo que beneficia a todos, exceto a Washington, que acaba propagando a falsa "ameaça chinesa".

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