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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Boneca Momo aterroriza pais e professores e já pode estar matando no Brasil



Depois do perigoso desafio da Baleia Azul, que envolveu crianças e adolescentes no ano passado no Brasil e em vários outros países e tinha como suposta etapa final de uma série de ações o suicídio, pais e educadores estão preocupados agora com um novo jogo que está rodando o mundo por redes sociais e aplicativos.

Comparada ao jogo da Baleia Azul, Momo é uma boneca virtual assustadora que propõe desafios que podem colocar em risco a vida de milhares de jovens. No Brasil, ganhou mais notoriedade nos últimos dias, quando a polícia de Pernambuco abriu uma investigação sobre o possível suicídio de um menino de apenas 9 anos.



No mês passado, Arthur Luis Barros Santos foi encontrado pelos pais, no quintal de sua casa, na Zona Oeste do Recife, pendurado pelo pescoço em uma árvore. Levado às pressas para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, depois, para um hospital particular, ele acabou não resistindo. Em depoimento às autoridades, a professora Jany Nascimento, mãe do menino, disse, segundo a imprensa local, que o filho estaria participando de um jogo e teria sido induzido a se enforcar.

O jogo da Boneca Momo é um novo desafio de enforcamento representando pela imagem aterrorizante de uma escultura japonesa de uma mulher-pássaro que foi exibida na Vanilla Gallery, de Tóquio, em 2016, como parte de uma exposição sobre fantasmas e espectros. A escultura apresenta olhos esbugalhados, pele pálida e um sorriso sinistro, além de pés de pássaro. O novo viral começou a ser compartilhado em julho aqui no Brasil, depois de chamar a atenção das autoridades em países como Argentina, México, Estados Unidos, França e Alemanha. Além do caso do menino Arthur, já há outros episódios de terror por aqui sendo atribuídos ao contato de crianças com a boneca.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o doutor em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia Rodrigo Nejm destacou que jogos como o da Momo misturam lendas urbanas com fake news, de uma maneira que acabam criando um ambiente propício para a atuação de criminosos que se aproveitam dessas ondas para praticar golpes, extorsão e até para fazer apologia ao suicídio e outras formas de autolesão. Segundo ele, o grande problema é o fato de que cenários como esse, que muitas vezes partem de uma brincadeira entre jovens e amigos, acabam absorvendo também pessoas mal intencionadas, dispostas a todo tipo de barbaridade.



"É importante ter o alerta, mas é importante também um olhar sensível de pais e educadores para saber diferenciar realmente se é só uma participação por curiosidade, por bagunça. Ainda assim, isso tem que ser evitado, diante do risco que isso pode abrir. Mas também [é preciso] intervir sem julgamento, com uma escuta cuidadosa, quando é o caso de um pré-adolescente ou adolescente que está em uma situação de sofrimento emocional", explica Nejm, que é diretor de Prevenção da ONG Safernet, que trabalha com segurança e cidadania na internet.

Ainda de acordo com o especialista, os adultos precisam levar em consideração que a Internet é uma espécie de grande praça pública, e o fato de as crianças passarem muitas horas online não significa que elas tenham todas as condições e habilidades necessárias para navegar sozinhas, sem mediação ou orientação. Para ele, não se pode confundir a capacidade técnica que os jovens têm para manipular diferentes tipos de aparelho e navegar em diferentes plataformas com maturidade.

"Para, por exemplo, diferenciar um jogo de uma situação criminosa, diferenciar uma informação falsa de uma informação credível… A maturidade que elas ainda não têm e a capacidade crítica que têm que ser dialogadas, negociadas", afirma o psicólogo, destacando que a preparação deve vir antes do acesso aos aparelhos e continuar depois, tanto na escola quanto em casa.


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