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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

“Política da demonização” deixou o mundo mais dividido e perigoso em 2016, diz Anistia Internacional

Relatório diz que discursos de medo, culpa e divisão têm se tornado comuns pelo mundo



Anistia diz mundo mais desumanizado, dividido e perigoso em 2016Anistia Internacional/Olga Stefatou

A Anistia Internacional lançou seu novo relatório sobre Direitos Humanos nesta terça-feira (21) e destacou que 2016 foi um ano que a “política da demonização” deixou o mundo mais desumanizado, dividido e perigoso.

O relatório, que engloba 159 países, alerta para discursos de medo, culpa e divisão, que têm se tornado comuns na Europa e nos EUA, e alimentado um retrocesso mundial no combate aos crimes contra a humanidade, explica Salil Shetty, Secretário Geral da Anistia Internacional.

— 2016 foi o ano no qual os usos descarados de narrativas do tipo “nós contra eles”, de culpa, ódio e medo, ganharam proeminência global, num nível que não se via desde a década de 1930. São muitos os políticos que têm respondido a receios reais quanto à segurança e a economia utilizando-se da manipulação da política identitária de forma separatista e perversa, na tentativa de ganhar votos.

Ainda de acordo com o estudo, essas políticas disseminam a ideia de que algumas pessoas são menos humanas do que outras, destituindo a humanidade de grupos inteiros.

— Em vez de lutar pelos direitos das pessoas, muitos líderes adotaram uma agenda desumanizante por mera conveniência política. Muitos estão violando direitos de grupos que são usados como bode expiatório para ganhar pontos na política, ou tirar a atenção de suas próprias falhas em garantir direitos sociais e econômicos.

Além disso, o texto denuncia que governos fizeram vista grossa a crimes de guerra, forçaram negociações que enfraquecem o direito a pedido de asilo, aprovaram leis que violam a liberdade de expressão, incitaram o assassinato de pessoas pelo simples fato de elas serem acusadas de usar drogas, justificaram torturas e vigilância em massa, e intensificaram o uso de poderes policiais excessivamente severos.

O relatório documenta ainda que 36 países violaram leis internacionais enviando ilegalmente refugiados de volta a países onde seus direitos estavam sob risco e que houve um aumento de políticas autoritárias foi um aumento do discurso antifeminista e anti-LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgênero). 

— Em2016, essas formas cruéis de desumanização tornaram-se uma força dominante na política global. Os limites do aceitável mudaram. Os políticos estão legitimando, de forma ativa e vergonhosa, todos os tipos de políticas e retóricas de ódio com base na identidade das pessoas: misoginia, racismo e homofobia.

Para este ano, a Anistia alerta que o mundo testemunhará a exacerbação das crises já em andamento causada por uma ausência de liderança no campo dos direitos humanos diante da situação caótica em que o mundo se encontra.

— No início de 2017 vê-se que as maiores potências mundiais preferem buscar interesses nacionais tacanhos à custada cooperação internacional. Isso pode nos levar a um mundo mais caótico e perigoso. Uma nova ordem mundial, na qual os direitos humanos são apresentados como uma barreira para os interesses nacionais, enfraquece perigosamente a capacidade de lidar com atrocidades em massa, abrindo a porta para abusos que remetem aos períodos mais tenebrosos da História da humanidade.



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