A chefe do governo alemão, a
chanceler Angela Merkel, telefonou ao presidente Barack Obama após
receber informações de que os Estados Unidos teriam espionado suas
chamadas no telefone celular.
Merkel é a terceira líder de um país aliado aos
EUA a reclamar das alegações surgidas após o vazamento de dados
promovido por Edward Snowden, ex-colaborar da NSA (Agência Nacional de
Informação). François Hollande, da França, e Dilma Rousseff, do Brasil,
já haviam convocado os respectivos embaixadores americanos para
esclarecimentos.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney,
confirmou a ligação e disse que “os Estados Unidos não estão monitorando
e não vão monitorar as comunicações da chanceler”.
Carney não disse, no entanto, se Merkel havia sido monitorada no passado.
Em Berlim, o porta-voz do governo pediu “uma
explicação imediata e compreensível” de Washington, dizendo que a
confirmação da espionagem “abriria uma brecha na confiança” entre os
dois países.
O governo em Berlim não disse de onde recebeu as informações sobre a suposta espionagem. A revista Der Spiegel
disse em nota, no entanto, que as informações do governo alemão tem
como fonte as investigações feitas por reportagens da revista.
Crise internacional
O telefonema de Merkel acontece no dia em que
Dilma Rousseff deveria ser recebida com um jantar de Estado por Obama. A
presidente brasileira dispensou a honraria após documentos vazados por
Snowden indicarem que suas comunicações haviam sido interceptadas.
O episódio alemão também ocorre um dia após o
chefe da inteligência americana, James Clapper, negar que os EUA
tivessem gravado interceptações telefônicas de 70 milhões de franceses.
As alegações de que políticos franceses haviam
sido espionados fizeram o presidente François Hollande convocar o
embaixador americano.
Tanto Hollande quanto Dilma receberam telefonemas de Obama para dar explicações.
Segundo o porta-voz do governo alemão, Merkel “vê tais práticas como completamente inaceitáveis”.
Nascida na antiga Alemanha Oriental, onde a
espionagem era prática comum de agentes do regime, Merkel reagiu
rapidamente as alegações, botando pressão extra sobre Obama.
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