A tecnologia de edição de genes CRISPR ganhou destaque em 2015.
Em novembro de 2018, um biofísico chinês chamado He Jiankui entrou no centro das atenções internacionais, depois de relatos de que ele usou a tecnologia de edição de genes CRISPR para criar os primeiros seres humanos geneticamente modificados. Os gêmeos geneticamente modificados, conhecidos pelos pseudônimos Lulu e Nana, nasceram em 8 de novembro de 2018, levantando uma condenação internacional às ações de He, vistas por uma grande parte da comunidade científica como uma prática imprudente.
He Jiankui diz que as modificações genéticas feitas às meninas gêmeas foram feitas para torná-las imunes ao vírus HIV. Como alguém poderia condenar isso? Bem, acontece que além da imunidade ao HIV, os ajustes de He Jiankui podem ter “acidentalmente” dado às gêmeas super inteligência, melhorando sua cognição, memória e capacidade de aprender. Acidentalmente.
De acordo com o MIT Technology Review, a imunidade ao HIV e a inteligência aprimorada são inseparáveis uma da outra. Para tornar Lulu e Nana imune ao HIV, He usou CRISPR para excluir um gene conhecido como CCR5. O HIV precisa do gene CCR5 para infectar as células do sangue. Mas há outra parte interessante do gene CCR5: desde 2016, sabe-se que a remoção do gene dos camundongos melhora suas memórias. Além disso, as pessoas naturalmente carentes de CCR5 parecem recuperar-se melhor de acidentes vasculares cerebrais e ter um melhor desempenho na escola. Um recente artigo nomeia o CCR5 como um “supressor de memórias e conexões sinápticas”.
Embora ainda não haja evidências de que essas foram as verdadeiras intenções de He Jiankui, trata-se de algo muito suspeito no momento em que uma nova disputa de biotecnologia entre os EUA e a China parece estar começando. He Jiankui aparentemente procurou outros cientistas em todo o mundo em busca de conselhos e apoio, mas não há nenhum registro dele fazendo qualquer pergunta sobre a ligação entre o CCR5 e a inteligência. Talvez seja apenas um acidente de sorte, afinal. Mas também é provável que fazer esse tipo de pergunta poderia deixar você em apuros antes de se divertir como cientista maluco.
É certo que He Jiankui, pelo menos, sabia a respeito da pesquisa sobre CCR5 e cognição. Ele discursou sobre isso em uma conferência, descartando a necessidade de “verificação mais independente”. Novamente questionado em outra ocasião, ele declarou que era contrário à modificação genética para aprimoramentos.
Um dos autores do novo artigo sobre a ligação entre o gene CCR5 e inteligência, Alcino J. Silva, um neurobiólogo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, não acredita em He. Quando a notícia do nascimento das gêmeas foi anunciada em 25 de novembro, Silva imediatamente suspeitou que o aprimoramento cognitivo era o verdadeiro objetivo das experiências de He Jiankui: "De repente, percebi … **** *****, eles estão realmente falando sério sobre essa *****". Minha reação foi repulsa e tristeza visceral.
Silva vê esses experimentos genéticos como irresponsáveis e moralmente repugnantes. Embora tenhamos evidências do que a remoção desse gene faz para os camundongos, não temos ideia do que isso fará com os seres humanos, e menos ainda de uma ideia do que remédios genéticos descontrolados fariam nas sociedades humanas.
Silva diz: "Poderia ser concebível que em um ponto no futuro poderíamos aumentar o QI médio da população? Eu não seria um cientista se dissesse não. O trabalho em ratos demonstra que a resposta pode ser sim. Mas os ratos não são pessoas. Nós simplesmente não sabemos quais serão as consequências. Ainda não estamos prontos para isso".
Independentemente das intenções de He Jiankui, o proverbial gato saiu do proverbial balaio, e só o tempo dirá quais serão os resultados dessa “bagunça”.
( Fonte )
Notícia anterior a essa:
Eu sinceramente acredito que muitos desses - geneticamente modificados - já estão entre nós.
E a propósito, me lembrou o filme Gattaca...
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