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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Projeto Manhattan: segredo diabólico americano

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O projeto Manhattan foi um dos programas militares mais ambiciosos e secretos do governo americano do século 20. A combinação dos quatro elementos indispensáveis para a construção desse imenso projeto (tecnologia, investimento, indústria e poder) esteve presente nos três anos de trabalho. A produção da bomba atômica americana representou mais do que o controle tecnológico de uma nova arma, mas a consolidação de uma nova potência mundial.


Em agosto de 1939, o clima político por toda a Europa era tenso e preocupante, pois os discursos de Hitlerconvergiam para a guerra ou anexação de vários países. Uns grupos de cientistas europeus, descontentes com a conjuntura política da Europa, imigraram para Estados Unidos e passaram a alertar o governo americano do possível uso nazista de uma arma nuclear. Albert Einstein escreveu uma carta ao presidente Roosevelt pedindo que deslocasse mais verba para a pesquisa do urânio enriquecido. Entre os anos 1940 e 1941, as verbas para pesquisa aumentaram gradativamente, mas no momento que os Estados Unidos foram atacados na base naval de Pearl Harbor e imediatamente declararam guerra contra as três nações aliadas (Alemanha, Itália e Japão), enormes recursos financeiros passaram a ser canalizados para este projeto. De início, o governo americano destinou uma pequena verba orçamentária de U$ 6 mil para o centro de estudos e pesquisa da Universidade da Columbia, mas conforme o avanço nas pesquisas e intensos testes em laboratórios, empregando enorme contingente de técnicos e trabalhadores, as despesas destinadas ao projeto ultrapassaram os bilhões de dólares. O primeiro teste nuclear, realizado na base área americana do Novo México, contava com um quadro de funcionários de 125 mil pessoas e o custo orçamentário já ultrapassava 2 bilhões de dólares.


Painéis de controle e operadores em Oak Ridge. Durante o Projeto Manhattan, os operadores (maioria mulheres) trabalharam em turnos

Um dos problemas que mais afetaram os cientistas no desenvolvimento do projeto Manhattan referia-se ao tempo. A guerra continuava produzindo enormes estragos por toda a Europa, mas os gastos militares, tanto dos Estados Unidos quanto da Inglaterra, começaram a comprometer a economia destas duas nações. Durante os quatro anos de guerra, os Estados Unidos tornaram-se o principal avalista financeiro de todas as nações que lutavam contra o eixo. A enorme soma em dinheiro emprestado preocupava o secretário de finanças do governo Roosevelt. A possível vitória de Hitler sobre a Inglaterra, ou prolongamento da guerra por mais alguns anos, afetava toda a economia americana. O medo do não pagamento da divida, o “calote”, era mais preocupante ao governo Roosevelt do que a própria ideologia nazista. A nova historiografia, fundamentada em análises econômicas, argumenta que os Estados Unidos entraram na guerra não por razões morais ou ideológicas, mas para reivindicar no momento oportuno os bilhões de dólares emprestados e por ser a única nação a fornecer assistência técnica para a reconstrução de toda a Europa após a guerra. Isto proporcionaria a ascensão econômica dos Estados Unidos e o controle comercial americano por todo o mundo. Diante dessa conjuntura, o governo americano queria terminar a guerra o mais rápido possível. O desenvolvimento da bomba atômica seria a melhor resposta para solução deste problema.


O general Leslie R. Groves passou a assumir a responsabilidade da construção e condução de todo o projeto. Os 428 mil acres de terra do Novo México foram convertidos em um imenso centro de processamento de urânio, composto por reatores nucleares e inúmeras salas de manejo e observação. Por motivo de segurança, as salas eram revestidas de chumbo e distantes uma das outras, pois estes recintos acumulavam alto índice de radiação. As relações de trabalho entre o alto comando do exército e a equipe de cientistas eram tensas e conflitantes. As necessidades em avançar as pesquisas cientificas e oferecer um resultado mais acabado do projeto, obrigou Oppenheimer e a sua brilhante equipe de cientistas a trabalharem horas a fio durante anos. A vida de Oppenheimer era monitorada por agentes federais durante 24 horas.

Openheimer e Groves

A decisão de usar ou não a bomba em centros urbanos ficou nas mãos do novo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, e de alguns secretários. O suicídio de Hitler (30/4/1945) e a assinatura do termo de rendição alemã nos primeiros dias de maio eliminaram qualquer possibilidade de o exército americano usar essa nova arma em território europeu. O conflito militar no Pacífico também estava sendo conduzido para um desfecho final. Grande parte da poderosa esquadra naval japonesa estava avariada ou naufragada. Os bombardeiros americanos atingiam facilmente as principais cidades japonesas, danificando portos e instalações militares. Militarmente o Japão já estava derrotado. A entrada do exército russo no norte da Ásia, conforme o acordo firmado entre os três líderes (Acordo de Potsdam), forçaria o governo japonês a assinar otermo de rendição incondicionalmente em poucos meses, mas a grande incógnita que paira até hoje entre os historiadores e até mesmo entre os cientistas é a real razão do uso da bomba. Quais foram os reais motivos que levaram o governo americano a lançar duas bombas atômicas, em dois dias, em território japonês. Por que não demonstraram aos japoneses a poderosa arma no Oceano Pacífico? Quais eram de fato os seus inimigos naquele momento, russos ou japoneses?


O artefato nuclar Trinity completamente montado e pronto para o primeiro teste nuclear da história conduzido pelos Estados Unidos, em 16 de Julho de 1945. Era uma bomba de plutónio de implosão, o mesmo tipo usado, depois, em Nagasaki.

Para muitos estudiosos, a principal razão do uso da bomba atômica estava diretamente vinculada à necessidade de autoafirmação do governo americano perante as demais nações. Com a demonstração da bomba atômica e seus efeitos morais nas duas cidades japonesas (Hiroshima e Nagasaki), os Estados Unidos mostraram ao mundo a sua superioridade militar. A capacidade de construir quantas bombas atômicas fosse necessária dava um claro sinal para os russos de que o governo de Truman não estava satisfeito com a anexação das tropas soviéticas nos países do lado Leste da Europa. A Ásia e a Oceania, na nova ordem mundial, ficariam sob a tutela inglesa e americana, sem qualquer influencia soviética.

Os primeiros sinais de divergência e antagonismo entre as duas potências, Estados Unidos e Rússia, manifestaram-se logo no final da 2ª Guerra Mundial. A Guerra Fria estava prestes a começar e a corrida armamentista entre as duas nações militares iria transcorrer por várias décadas. Nunca se confrontaram diretamente, mas sempre mostraram as suas novas intenções militares e divergências políticas em outras nações, bem distantes da fronteira da Europa.

Adaptado do texto “O Projeto Manhattan”

Fotos: Revista Leituras da História Ed. 87

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