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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Israelenses e palestinos vivem sem esperança de paz 25 anos após Oslo


(Dezembro) Palestino carrega um pneu em chamas na Cisjordânia, durante confronto com forças de segurança israelenses

Vinte e cinco anos após o aperto de mãos histórico entre Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, os Acordos de Oslo não levaram à paz esperada, e, para muitos, é chegada a hora de declarar morto o acordo e a ideia de um Estado palestino convivendo com Israel.

Na quinta-feira (13), serão poucos os israelenses e palestinos comemorando este aniversário.

"Foi um momento decisivo para muitos de nós", lembra Ghaith al Omari, um estudante palestino que vivia na Jordânia em 1993, ano do acordo, e que hoje é membro do Washington Institute for Near East Policy.

"Tínhamos muita esperança, uma esperança ingênua, talvez, mas muita esperança", recorda ele, que anos depois se tornou assessor dos negociadores palestinos.

"No longo prazo, não há outra solução a não ser a de dois Estados", disse ele à AFP.

Mas, acrescenta, "no curto prazo, não há absolutamente nenhuma chance de isso acontecer". Uma opinião amplamente compartilhada.

Até mesmo os mais ferrenhos defensores de uma solução de dois Estados veem com preocupação o que interpretam como uma profunda guinada de Israel à direita, a ocupação perene dos Territórios Palestinos, um governo palestino cada vez mais enfraquecido e as medidas tomadas pelo presidente americano, Donald Trump.

Trump transferiu a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo-a como a capital de Israel, suprimiu a ajuda aos refugiados e hospitais palestinos em Jerusalém, recusou-se a se comprometer com uma solução de dois Estados e, na segunda-feira, anunciou o fechamento da Representação palestina em Washington.

- Responsabilidades compartilhadas? -

O acordo diplomático prometido por Trump se transformou "no tapa do século", estimou o presidente palestino, Mahmud Abbas.

A direita israelense não vê a situação da mesma maneira. Muitos de seus membros se opõem à criação de um Estado palestino e veem em Oslo o germe da Segunda Intifada, na qual centenas de israelenses morreram no início dos anos 2000.

Os palestinos acusam Israel de não ter cumprido os compromissos de Oslo. Sua liderança está profundamente dividida, porém, entre o Fatah do presidente octogenário Mahmud Abbas e o movimento islâmico Hamas, que dirige a Faixa de Gaza, e se recusa a reconhecer Israel.

Benny Morris, reconhecido historiador israelense e autor de "Somente vítimas: uma história do conflito árabe-sionista, 1881-2001", também observa um Israel cada vez mais à direita. Ele acredita, no entanto, que as responsabilidades são compartilhadas.

"Algo deve mudar nas cabeças dos dois povos", diz ele. "Israel precisa se livrar dos líderes atuais, incapazes de avançar em direção à paz e incapazes de adotar a fórmula de dois Estados", completou.

Já os palestinos "devem se livrar da liderança do Hamas, e os líderes do Fatah devem realmente querer a paz, e não apenas fingir", insiste Morris.

- Trump: um acordo mais difícil do que pensado -

Em 13 de setembro de 1993, após seis meses de negociações secretas em Oslo, Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se reconheceram mutuamente. Por estímulo do presidente Bill Clinton, assinaram em Washington uma "declaração de princípios" sobre uma autonomia transitória palestina de cinco anos.

Em etapas, o processo iniciado deveria terminar com o fim do conflito antes do final do século. Sem mencionar explicitamente a criação de um Estado palestino, Oslo lançou as bases dos mecanismos de autogestão, incluindo a Autoridade Palestina, considerada a pré-configuração de um Estado.

Mas os tropeços se repetiram. Em 4 de novembro de 1995, o então primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, foi assassinado por um extremista judeu oposto ao processo.

Em 2000, uma segunda intifada eclodiu após a cúpula de Camp David.

Ao mesmo tempo, os colonos continuaram a se estabelecer na Cisjordânia, em terras que os palestinos consideram o território de seu futuro Estado.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro entre 1996 e 1999, cargo que ocupa atualmente desde 2009, lidera um governo classificado como o mais direitista da história de Israel.

Importantes membros de sua coalizão exigem abertamente a anexação de grande parte da Cisjordânia, ignorando as advertências sobre o regime de apartheid que pode se estabelecer.

Trump, de quem ainda se aguarda um plano de paz, admitiu recentemente que estava começando a acreditar que um acordo entre israelenses e palestinos talvez seja muito difícil de concluir.

Benny Morris, que ao longo de sua vida escreveu sobre o assunto, continua a pensar que uma solução com dois Estados é a única possível, embora ele não seja muito otimista.
 
 
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