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Para alguns, uma "tragédia", uma "catástrofe". Para outros, a "vitória da raiva" e "a revanche das pessoas comuns", mas a imprensa mundial concorda em afirmar que a vitória de Donald Trump representa, antes de tudo, o triunfo do populismo e a escolha de um presidente imprevisível.
"A vitória da raiva", foi a manchete do jornal francês Le Monde, vendo na chegada ao poder de Trump uma vitória que "reforçará os movimentos e líderes populistas de todo o mundo". E em sua promessa de "tornar a América grande novamente" um sinal "de contenção e isolamento".
"Trumpocalípse", escreveu o jornal francês Libération (esquerda). "Não se enganem: A primeira potência mundial está agora nas mãos da extrema direita. A metade dos americanos votou, com toda a consciência, em um candidato racista, mentiroso, sexista, vulgar, odioso (...) Esta eleição é mais um alerta para aqueles que pensam que Marine Le Pen não pode chegar ao poder na França em 2017".
À direita, Le Figaro vê "na raiva americana" que levou Trump ao poder "o maior primo das frondes europeias. Esta nova realidade não vai se dissipar como um céu obscurecido por uma noite de combate. Nem numa margem do Atlântico, nem na outra".
Na Alemanha, o Süddeutsche Zeitung lamentava "a pior catástrofe possível (...) O inimaginável que se tornou realidade".
Em Londres, o Guardian (esquerda) acrescenta: "O povo americano mergulhou no abismo. O próximo presidente é um homem sectário e instável, um predador sexual e um mentiroso inveterado. É capaz de tudo".
O tabloide de direita Daily Mail cumprimentou, por sua vez, "a revanche das pessoas comuns", "uma humilhação para Hillary, para as pesquisas e elites dos negócios e do show business".
Na Itália, La Stampa é menos pessimista. Sob o título "Trump, um furacão de raiva e descontentamento", acredita que "a vitória de Trump confirma a vitalidade da democracia americana, capaz de se transformar continuamente", mesmo que isso cause "um dilúvio de incertezas ligado à imprevisibilidade do vencedor".
Enquanto isso, acrescentou, "o mundo deve digerir o que aconteceu esta noite: a revolta bate às nossas portas".
'Tragédia americana'
Na Austrália, o colunista econômico dos jornais do grupo Fairfax Media vê uma catástrofe, prevendo uma "extraordinária instabilidade financeira" e o risco de que Trump "desestabilize a maior economia do mundo, empurrando sua dívida a mais de 100% do PIB".
Nos Estados Unidos, os principais jornais destacam a derrota das elites políticas e midiáticas. "O presidente Donald Trump. Três palavras que eram impensáveis para dezenas de milhões de americanos", escreveu o New York Times, que reconhece "um golpe humilhante para a mídia, pesquisadores e elite democrata".
O Washington Post vê uma vitória "dos eleitores rurais e de áreas industriais devastadas, que sentem que a elite política os abandonou", antes de dizer que espera que "Trump seja um presidente melhor do que temos medo", e que a força das instituições democráticas o impeçam de "deportar milhões de pessoas, rasgar acordos comerciais limitar a imprensa (...) e minar os esforços globais de luta contra as mudanças climáticas", como anunciado em sua campanha.
Finalmente, a revista New Yorker, sob o título "Uma tragédia americana", ressaltou que a vitória de Trump, "quando seu racismo e misoginia eram bem conhecidos, sugere que estes sentimentos são amplamente compartilhados".
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