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domingo, 6 de março de 2016

Jornal francês diz que o mito em torno de Lula está desmoronando

O ex-presidente Luiz Ináacio Lula da Silva durante seu discurso na sede do Sindicato dos Bancários em São Bernardo do Campo.®REUTERS/Paulo Whitaker

A imprensa francesa repercute neste sábado (5) a nova fase da Lava Jato e o depoimento do ex-presidente Lula aos investigadores. As reportagens e análises estimam que trata-se do crepúsculo do “mito Lula” e o ex-presidente vive uma situação de muita fragilidade.

Para Le Figaro, Lula foi apanhado pela justiça e, assim como a presidente Dilma Roussef, é suspeito de ter se beneficiado do esquema de corrupção na gigante petrolífera. Erroneamente, o texto diz que o ex-chefe de Estado ficou sob custódia e buscas foram realizadas em seu domicílio. A situação constitui uma ameaça cada vez maior ao mandato de Dilma, afirma o texto.

Le Figaro informa que Lula não foi o único visado pela nova fase da Lava Jato. Outros 33 mandados de buscas foram emitidos e 11 para interrogatórios, sendo dois deles em São Bernardo do Campo.

O diário francês reproduz a mensagem da polícia com afirmações de que "além de líder do partido, o ex-presidente era um dos responsáveis que decidiam pela nominação dos diretores da Petrobras e um dos principais beneficiários dos crimes".

Apesar de não ter, por enquanto, nenhuma acusação direta, a presidente Dilma Rousseff é suspeita de envolvimento porque era ministra da Energia no período em que os desvios aconteceram para financiar ilegalmente a campanha eleitoral e também foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras. "Como ela poderia ignorar o vasto esquema de corrupção se ela participava das instâncias decisórias mais importantes do país e da Petrobras?", questiona Le Figaro.

Mito se desfaz

É o crepúsculo de um ídolo?, pergunta Libération. Os adversários políticos esperavam por este momento, escreve o jornal, informando que a investigação do escândalo de corrupção da Petrobras bateu às portas do ex-presidente. Três horas depois de prestar depoimentos sobre as suspeitas de ter recebido "vantagens indevidas" de empreiteiras, ele saiu livre e foi para a sede do PT onde se realizava uma reunião de crise. O jornal informa as reações indignadas de militantes e juristas sobre o mandado de condução coercitiva.

Libération explica que os procuradores afirmar ter encontrado "elementos" que comprovam o recebimento por parte de Lula de R$ 30 milhões de empreiteiras entre 2011 e 2014. O jornal lembra que foi a delação premiada do senador Delcídio do Amaral que deu à polícia evidência da implicação do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff no esquema.

"Os brasileiros se mostram menos tolerantes com uma corrupção que passou dos limites. As línguas se soltam e o mito Lula está desmoronando", afirma o texto.

"Um político como outro qualquer"

Para Le Monde, atordoados pela condução forçada de Lula à prestar depoimento à Polícia Federal, militantes petistas mostraram revolta e negam as acusações que pesam sobre o ex-presidente. Os partidários do ex-presidente não desistem e o "defensor dos mais pobres", se tornou um "prisioneiro político", diz o artigo em referência às declarações do ex-presidente.

O jornal teve o cuidado de explicar que Lula não ficou sob custódia, termo muito empregado na França mas que não se aplicaria à situação de Lula. Le Monde diz que há vários meses a operação Lava Jato ronda o ex-presidente e diariamente a imprensa revela informações sobre suspeitas como as obras do triplex no Guarujá.

A reportagem explica que muitos brasileiros poderão ir às ruas nas manifestações previstas em favor de Lula, e um cientista político ouvido pelo jornal explica que militantes de esquerda e a população mais pobre poderão seguir o discurso de Lula de que a justiça está sendo instrumentalizada pela imprensa e pela oposição.

No entanto, os casos suspeitos são numerosos e em um país acostumado por tanta corrupção, Lula aparece como "um político como qualquer outro". A reportagem termina com uma análise do cientista político francês Stéphane Montclaire de que o ex-presidente se encontra "muito, muito fragilizado".


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