'Não seguiremos acordo. Israel deve assumir responsabilidade como potência ocupante', afirmou; bandeira palestina é hasteada na ONU.
Em imagem do dia 13 de setembro de 1993, o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (E) e o presidente da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, se cumprimentam após chegarem ao Acordo de Oslo, mediado pelo então presidente americano, Bill Clinton Foto: REUTERS/Gary Hershorn/Files
NOVA YORK - (Atualizada às 20h01) O líder palestino Mahmoud Abbas anunciou ontem que abandonará os acordos de paz assinados com Israel há duas décadas até que o país cumpra os compromissos que assumiu, entre os quais está o fim da construção de assentamentos na Cisjordânia.
Em discurso na ONU, Abbas também acusou Tel-Aviv de tentar transformar um enfrentamento político num conflito de natureza religiosa, em razão de incursões a um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos, a Mesquita de Al-Aqsa.
A decisão foi divulgada no mesmo dia em que a bandeira palestina foi hasteada pela primeira vez na sede da ONU, em Nova York. Duas décadas depois de sua assinatura, os Tratados de Oslo estão longe de ser implementados.
“A manutenção do status quo é completamente inaceitável porque significa a rendição à lógica da força bruta utilizada pelo governo israelense”, declarou Abbas no discurso à 70.ª Assembleia-Geral da ONU. “Nós não continuarem a ser os únicos comprometidos com esses acordos, enquanto Israel continuamente os viola.”
Os tratados levaram à criação da Autoridade Palestina, comandada por Abbas. Ontem, ele sustentou que a autoridade concedida a ele é desprovida de “poder real”. Sem detalhar o que isso significa, o líder palestino ressaltou que Israel deverá assumir todas as responsabilidades como “potência ocupante”.
Abbas também pediu a mobilização de esforços internacionais para pôr fim à ocupação israelense dos territórios palestinos e solicitou à ONU que proteja a população local nos termos de sua legislação humanitária internacional.
O conflito israelense-palestino foi mencionado várias vezes ontem durante reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Rússia para discutir a situação no Oriente Médio e o combate ao terrorismo. A maioria dos 74 participantes do encontro afirmou que a ausência de um acordo de paz é uma das principais causas da turbulência na região.
Muitos dos oradores disseram que a recusa de Tel-Aviv em aceitar a criação de um Estado palestino independente dá munição à propaganda de grupos como o Estado Islâmico. “Não podemos esquecer o terrorismo de Estado de Israel contra a Palestina”, disse Iyad Ameen Madani, secretário-geral da Organização para Cooperação Islâmica.
A representante da União Europeia no encontro, Federica Mogherini, defendeu a retomada das negociações entre Israel e os palestinos e afirmou que um eventual acordo de paz enviaria “uma forte mensagem de reconciliação” para a região.
Em comunicado, o governo de Israel declarou que o pronunciamento de Abbas foi “mentiroso” e estimula a agitação e a ilegalidade no Oriente Médio. Hoje será a vez de o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, discursar no plenário da ONU.
Além de estabelecer o autogoverno nos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia, os acordo de Oslo previam a resolução da situação de mais de um milhão de refugiados palestinos, o fim dos assentamentos e a definição do status final de Jerusalém Oriental. “Não é o momento de terminar os assentamentos racistas, terroristas e coloniais de nossa terra, que estão destruindo a solução de dois Estados?”, indagou Abbas.
Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou que não seguirá mais os acordos assinados com Israel Foto: AFP PHOTO/JEWEL SAMAD
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