Islamismo crescerá 73% e será religião que mais terá se expandido no mundo, diz estudo. Alta taxa de fertilidade e significativa população abaixo de 15 anos são motivos que explicam aumento de muçulmanos no planeta nas próximas décadas
Pragmatismo Político
Conforme a recém-publicada pesquisa do Pew Research Center, a
religião muçulmana irá ultrapassar o número de cristãos no mundo em
meados dos anos 2050. Isto pode concretizar o choque das civilizações e a
reconstrução da nova ordem mundial descrito por Huntington?
O Pew Research Center é um dos mais importantes think tank dos
Estados Unidos, com sede em Washington. Segundo o estudo chamado “The
Future of World Religions: Populations Growth Projetions, 2010 – 2050″, a
religião muçulmana alcançará o mesmo número de cristãos no mundo em
2050, e possivelmente, pela primeira vez na história, vai predominar
como a maior em 2070.
Em linhas gerais, o estudo descreve que devido à obtenção de uma
população mais jovem e com uma alta taxa de fertilidade, os islâmicos
tendem a crescer seu número de praticantes no mundo, diferentemente dos
cristãos.
Apesar de a religião católica representar mais de um terço da
população mundial, vários aspectos influenciam na diminuição gradativa
dos cristãos no mundo. A Europa é um exemplo nítido disso. O atual
problema demográfico do velho continente é grave e preocupante. A taxa
de fertilidade dos europeus é baixa, e não custa concluir que além dos
fatores políticos e econômicos, o fator demográfico também colabora
consideravelmente para a crise. Um dos exemplos mais surpreendentes do
problema demográfico está na Alemanha, onde 40% de sua população terá
mais de 60 anos em 2050. Em Portugal, constata-se o mesmo.
Seguindo outro rumo, os muçulmanos têm uma taxa de fertilidade alta e
com tendência a crescer. Pode-se notar isso na Palestina ocupada. Quase
a metade da população palestina tem menos de 14 anos e a média de idade
é de 17 anos. Sem a proteção devida dos direitos fundamentais com as
famílias, as mulheres muçulmanas convivem com o medo da guerra e da
grande possibilidade de perderem seus filhos. Através disto, elas têm
muitos filhos, todos com uma diferença mínima de idade.
Até mesmo aquelas com maiores níveis de educação acabam por ter um
número considerável de filhos. Nota-se que, ao engravidar várias vezes
pelo medo de perder filhos no conflito, as palestinas desenvolvem,
assim, um senso instintivo de sobrevivência. Isto ocorre quando existem
demasiadas violações de direitos humanos com a população, pois a
fertilidade é uma das poucas liberdades que sobraram ao povo palestino. E
isto pode se aplicar também em outras regiões conflituosas no Oriente
Médio, como na Síria e Iraque.
Dessa maneira, ao presenciar os atuais protestos contra o islamismo
no mundo, como as recentes manifestações na Austrália, pode-se prever
que o mundo vai ser reordenado pelas tensões de países com diferentes
religiões e etnias. É o que justamente descreveu Samuel Huntington, em
1996, no seu livro Choque das Civilizações e a Reconstrução da Nova
Ordem Mundial.
Huntington é considerado um grande teórico das relações
internacionais, e sua tese consiste no fato de que a nossa civilização é
dividida por entidades culturais distintas.
Destaca, assim, o fator religioso como primordial para criar tensões
no cenário internacional. Para ele, o mundo seria dividido por oito
civilizações, entre elas a ocidental, latino-americana e islâmica, sendo
que os conflitos tenderiam a ocorrer ao longo das linhas de cisão
destas denominadas civilizações.
Contudo, o crescente embate entre “Ocidente x Oriente”, no qual o
fanatismo extremo, tanto dos dois lados, como também a “ameaça islâmica”
difundida pelo ocidente através do surgimento do terrorismo, tudo isso
colabora para sustentar a tese de Huntington. Basta saber se, com o
crescimento demográfico de religião muçulmana, em 2050 vamos nos deparar
com um mundo conflituoso, dividido por culturas e religiões. Espero que
não.
FONTE:
http://www.dm.com.br/mundo/2015/04/em-2050-o-isla-sera-a-maior-religiao-do-mundo.html
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