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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Europa é contra a hegemonia do Google


© Foto: Flickr.com/Maria Guimarães /cc-by-nc-sa 3.0

Os deputados do Parlamento Europeu votaram a favor de um projeto que prevê a separação de quaisquer ferramentas de busca na web dos serviços comerciais que pertençam às mesmas empresas. De acordo com os autores do projeto, essa abordagem permitirá aumentar a concorrência no mercado de buscadores da Internet.

A favor desse documento votaram 384 deputados e 174 parlamentares se manifestaram contra, tendo outros 56 membros do Parlamento Europeu se abstido na votação.

Atualmente o Google detém mais de 90% do mercado de buscadores em quatro países da União Europeia: na França, na Alemanha, na Espanha e no Reino Unido.

O Parlamento Europeu está insatisfeito com o aproveitamento da situação pela corporação estadunidense para promover seus produtos nos resultados de busca. Por exemplo, se um usuário procura um notebook no Google, este irá lhe apresentar em primeiro lugar seu próprio serviço de comparação de preços – o Google Shopping. Entretanto, a concorrência é relegada na busca para segundo plano, ou mesmo para as páginas seguintes.

Essa iniciativa será realizável? Será que alguém poderá derrubar o Google do pedestal europeu? Arnaud Dotézac, cientista político suíço e editor principal da revista de análise Market, partilhou conosco as suas considerações.

– Qual é o lugar ocupado pelo Google no mercado europeu?

– As posições do Google são à escala global. Se falarmos sobre o mercado mundial, a cota desse buscador é de 90%, o volume de negócios da companhia é superior a 60 bilhões de dólares. Além disso, ele é praticamente o único no mercado. Quanto ao mercado europeu, aí também as posições do buscador são muito fortes, o que não pode deixar de preocupar as estruturas europeias responsáveis pela manutenção das regras da concorrência.

– Existem quaisquer hipóteses de essa iniciativa europeia poder ser posta em prática?

– Na Europa neste momento acontecem duas coisas com o Google. Em primeiro lugar, se trata da investigação do abuso de posição dominante. Claro que esse é um processo muito complexo de conduzir, porque o Google é quase o único no mercado, tudo se atrasa e mesmo os responsáveis por esse processo não têm muita pressa em avançar.

Existe ainda outro aspecto ao nível da Comissão Europeia: a proteção de dados pessoais, porque nós sabemos que os serviços secretos norte-americanos têm o direito praticamente ilimitado ao livre acesso a todos os dados pessoais de que o Google dispõe, o que contraria a legislação europeia. Este ano deverá ser aprovado o regulamento, mas sua votação foi adiada para 2015.

Além disso, na semana passada o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que prevê a proibição do uso da busca em pacote com outros serviços de empresas da web.

Mas tenha em consideração que o Parlamento Europeu não tem qualquer poder. Isso é apenas um apelo às estruturas europeias que detêm o poder real, nomeadamente a Comissão Europeia e o Conselho da Europa, para que estas comecem fazendo alguma coisa. Portanto, aqui será mais correto falar de blefe do que de uma iniciativa real.

– Alguns peritos pensam que por trás da Europa poderão estar os concorrentes do Google. Concorda com isso?

– É evidente que existem pessoas e empresas que estão em conflito com o Google. Vejamos o exemplo da Alemanha: a grande companhia Axel Springer queria que o Google deixasse de indexar sua informação no Google News, argumentando que o agregador viola os direitos de autor. A Axel Springer simplesmente retirou seus cabeçalhos do buscador. Isso durou menos de duas semanas. No final a Axel Springer tinha perdido 40% das visualizações a partir da África Central em todos os seus sites.

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