De longe a notícia mais interessante que eu ví enquanto pesquisava sobre Bitcoins foi uma matéria da CNN afirmando que o Zimbábue fez história e proclamou BitCoins a moeda corrente oficial do país.
Hoje, há no mercado cerca de 11 milhões de Bitcoins que valem aproximadamente $1 bilhão de dólares.
O número de Bitcoins está a meio caminho do número que os criadores da
moeda definiram como limite máximo de Bitcoins em circulação na rede,
que é de 21 milhões de Bitcoins. Sabe como é, para evitar a desvalorização da moeda.
A
nova moeda virtual criou todo um ecossistema que está crescendo cada
vez mais. Em alguns países, principalmente nos EUA, já é
possível comprar eletrônicos, games, roupas, comida e algumas pessoas
começaram até mesmo a vender carros e outros bens aceitando Bitcoins como pagamento.
Você pode estar se perguntando se o negócio de Bitcoins é legal. Sim, é legal e você pode comprar e negociar Bitcoins com qualquer pessoa [que também aceite Bitcoins é claro] sem limites geográficos. O limite da Bitcoin são os mesmos limites da Internet. Ou seja, não existem.
O
crescimento acelerado do valor e do tráfego de bitcoins já está
inclusive chamando a a atenção do governo americano que mostra sinais de
uma possível tentativa de regulamentação ou destruição da moeda. Adam Penenberg escreveu recentemente para o PandoDaily:
É bem provável que o governo tentará ou regulamentar ou destruir a moeda caso ela seja amplamente adotada. Com um valor estimado em mais de 1 bilhão de dólares em bitcoins circulando, isso pode acontecer a qualquer momento. No passado o governo dos EUA tomou iniciativas contra várias ameaças como essa [ameaça ao dólar americano].
Porém, Bitcoin não é uma moeda que está em solo americano ou em
qualquer outro. Assim como BitTorrent e KaZaa, bitcoin é baseado em P2P,
é descentralizado e, consequentemente é muito difícil de ser proibido
pelo governo de qualquer país.
No Brasil a aparição de Bitcoins ainda é bastante suave. Poucos sabem, poucos usam. O Bitmit é uma site parecido com o Mercado Livre com a diferença que ele só aceita Bitcoins como pagamento. Neste momento em que escrevo é possível comprar uma BMW 530D por “apenas” 1000 bitcoins. (A cotação está 1BTC = 114USD).
O melhor? eles mandam para o Brasil. Bom, não sei eles enviam um carro, mas alguns dos produtos “menores” eles enviam sim.
Além disso, a rede de hotéis Howard Johnson, que tem franquias em São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru, Campinas, São José dos Pinhais e Lagoa Santa também aceita Bitcoins como pagamento da diária.
Um conceito revolucionário
Bitcoin
é um conceito potencialmente revolucionário por vários motivos.
Primeiro porque, devido ao fato de ser uma moeda virtual é praticamente impossível haver inflação e você não paga impostos pelos produtos pagos com Bitcoins. Na maioria dos países, o banco central é quem controla o fluxo de dinheiro, e alguma vezes [principalmente em épocas de crise]
o banco central decide injetar mais dinheiro no país, ou seja,
simplesmente imprimir mais dinheiro. Com isso o dinheiro que as pessoas
já têm em mãos perde valor. Ao contrário, como o mercado de Bitcoins não
conta com um banco central, ninguém pode decidir criar mais Bitcoins. A
taxa de Bitcoins injetada no mercado é baseada em algoritmos públicos
que são decriptados por “mineradores” de Bitcoins. Dessa forma a quantidade de novas moedas virtuais pode ser razoavelmente prevista analisando a complexidade dos algoritmos a serem quebrados.
Além disso não são necessários intermediadores (O sistema é baseado em P2P) para
realizar transações com Bitcoins, ou seja, o governo não tem controle
nenhum. Toda transação é anônima e por isso o rastreamento de usuários é
bem improvável. Mas como qualquer outra tecnologia, Bitcoins também tem
suas desvantagens. O mal uso pode incluir vários tipos de atividades
ilegais como venda de produtos piratas, roubo de número de cartão de
créditos e senhas ou apostas ilegais.
Linha do tempo
Em 2005 quando a comunidade que já usava as Bitcoins começaram a pedir que a WikiLeaks
aceitasse doações em Bitcoins, Satoshi publicou que era contra o pedido
em um fórum de usuários, disse ainda que não deveriam fazer esse tipo
de pedido à WikiLeaks porque a Bitcoin deveria crescer de maneira sólida
e vagarosa, enquanto tal atitude mataria a moeda por dar muita ênfase
em um período de tempo muito curto (Os planos de crescimento para as bitcoins foram projetados até 2140). Pouco tempo depois Satoshi desapareceu e nunca mais contactou ninguém.
Entre 2009 e início de 2010 as Bitcoins não valiam muita coisa. Chegou ao mínimo de 14 cents e subiu um pouco, depois, em 2011, chegando a estabilizar por um tempo no valor de 87 cents.
Um pouco mais tarde, a revista Forbes publicou uma reportagem sobre a “moeda criptográfica” e a cotação das Bitcoins foi aos céus. Entre abril e maio uma Bitcoin valia em torno de $8.89. A moeda tornou-se popular entre traficantes de drogas e logo depois que isso foi publicado, mais uma vez o preço da moeda subiu atingido ridículos $27 dólares por Bitcoin. Esse preço significava que cerca de $130 milhões de dólares circulavam abaixo dos radares governamentais.
O
aumento da popularidade das Bitcoins dificultou a vida dos mineradores.
Os algoritmos criptográficos a serem solucionados para que novas
Bitcoins fossem geradas ficaram perto do impossível, levando muitos
entusiastas a correrem atrás de máquinas mais poderosas para tentar
quebrar os algoritmos e ganhar suas moedinhas. Outros problemas também
começaram a emergir conforme a popularidade da moeda aumentava. O
governo começou a pedir para que a moeda fosse tirada de circulação pois
ameaçava o dinheiro real utilizado no dia a dia. Mas o governo não foi
muito ouvido e Satoshi foi “endeusado” pelos entusiastas das Bitcoins.
Por padrão, as Bitcoins eram guardadas em uma carteira virtual que ficava no desktop de seus proprietários.
Conforme seu valor foi aumentando, armazenar Bitcoins dessa forma ficou
cada vez mais perigoso e inapropriado. Foi então que as pessoas que
tinham Bitcoins começaram a fazer backups, criptografar documentos,
armazenar em HDs externos, computadores sem acesso a Internet, cópias impressas [era gerado um tipo de relatório]
guardadas em cofres, etc. Mesmo assim algumas das pessoas mais bem
precavidas foram roubadas, como Stefan Thomas, um entusiasta, que perdeu
sua senha e junto se foram 7 mil Bitcoins avaliados em $140.000
dólares. Desde então uma onda de roubos e especulação envolveu o mercado
de Bitcoins.
Em
17 de julho de 2010 foi fundado o MtGox [Lê-se Mount Gox], o primeiro
mercado de troca de Bitcoins, e desde então o maior em termos de
popularidade e volume de “dinheiro”. O MtGox é como se fosse uma agência
bancária em que os “clientes” podem vender e trocar seus bitcoins.
[Atualmente o MtGoz é comandado pela Japonesa Tibanne Co. que comprou o
MtGox em 2011, mas manteve o nome. Já em dezembro do mesmo ano havia no
mercado cerca de $1 milhão de dólares em bitcoins que valiam no MtGox
USD $0.50/BTC [BTC = Bitcoins].
Em
fevereiro de 2011 o valor de um bitcoin já era o mesmo que o valor do
dólar. No mês de março mais três agências para troca de Bitcoins foram
fundadas: Britcoin, no Reino Unido, Bitcoin Brazil aqui no Brasil, e
BitMarket.eu na Polônia. Dessa forma tornou-se possível trocar Bitcoins
pela moeda corrente nesses países.
História
Em 1 de novembro de 2008, um homem chamado Satoshi Nakamoto lançou em uma listserv o rascunho do que seria uma nova moeda digital a qual ele chamou de Bitcoin.
Nenhum dos participantes da listserv deu a mínima atenção à proposta de Satoshi por vários motivos, o principal era que ninguém conseguia achar informações sobre ele e desconfiava-se que Satoshi era apenas um pseudônimo. Na verdade é um pseudônimo, e ninguém sabe quem ele é até hoje.
Mesmo assim, a criação solucionou um problema que já vinha incomodando criptógrafos há muito tempo – A ideia de uma moeda digital. E isso incomoda porque uma moeda digital é conveniente, dado que na época já havia um crescente uso da internet para fins comerciais e era algo que não poderia ser rastreado e seria livre de fiscalizações governamentais e bancárias. Ou seja, a festa para quem quer agir de má fé.
Nenhum dos participantes da listserv deu a mínima atenção à proposta de Satoshi por vários motivos, o principal era que ninguém conseguia achar informações sobre ele e desconfiava-se que Satoshi era apenas um pseudônimo. Na verdade é um pseudônimo, e ninguém sabe quem ele é até hoje.
Mesmo assim, a criação solucionou um problema que já vinha incomodando criptógrafos há muito tempo – A ideia de uma moeda digital. E isso incomoda porque uma moeda digital é conveniente, dado que na época já havia um crescente uso da internet para fins comerciais e era algo que não poderia ser rastreado e seria livre de fiscalizações governamentais e bancárias. Ou seja, a festa para quem quer agir de má fé.
O
grupo Cypherpunks (ativistas que usam fortes algoritmos criptográficos
na tentativa de mudar a ordem social e política do mundo) trabalhou no
projeto de uma moeda virtual, mas todo o esforço dedicado a isso
fracassou. Ecash, bit gold, RPOW, b-money, todas foram tentativas de criar algum valor monetário virtual e que não deram certo.
O desafio na criação de moedas virtuais de valor real é que não existe algo físico, nada de plástico, ou metal, ou papel que assegure a legitimidade da procedência. São apenas informações na rede que podem ser fraudadas, copiadas milhares de vezes e gastas repetidas vezes. Ninguém garante a confiabilidade desse tipo de informação.
A solução para o problema da fraude seria manter um registro em tempo real de todas as transações realizadas usando a moeda virtual. Isso asseguraria que quando alguém gastasse a última moeda, ela não seria gastada de novo, e de novo e de novo. Apesar de prevenir fraude, para manter esses registro é preciso confiar em uma terceira pessoa que serviria como administrador de tudo. O que seria bem perigoso.
O que o modelo apresentado pela Bitcoin fez foi sumir com a pessoa que administraria o registro de todas as transações, distribuindo esses registros no que o criador Nakamoto chamou de “cadeia de blocos”. Voluntários, que mais tarde seriam chamados de mineradores, fariam download de um software especial e criariam uma rede para manter a cadeia de blocos ativa e de forma coletiva. No processo de manter os registros e fazer o controle de fraude os mineradores também fariam novas Bitcoins. Todas as transações envolvendo Bitcoins seriam transmitidas pela rede e os computadores que estivessem rodando o software especial resolveriam complicados quebra cabeças criptográficos contendo dados sobre as transações. O primeiro minerador a resolver cada problema criptográfico ganharia 50 novos Bitcoins e o bloco de transações solucionado era adicionado à cadeia. A dificuldade em resolver os problemas seria aumentada conforme o maior número de mineradores.
O desafio na criação de moedas virtuais de valor real é que não existe algo físico, nada de plástico, ou metal, ou papel que assegure a legitimidade da procedência. São apenas informações na rede que podem ser fraudadas, copiadas milhares de vezes e gastas repetidas vezes. Ninguém garante a confiabilidade desse tipo de informação.
A solução para o problema da fraude seria manter um registro em tempo real de todas as transações realizadas usando a moeda virtual. Isso asseguraria que quando alguém gastasse a última moeda, ela não seria gastada de novo, e de novo e de novo. Apesar de prevenir fraude, para manter esses registro é preciso confiar em uma terceira pessoa que serviria como administrador de tudo. O que seria bem perigoso.
O que o modelo apresentado pela Bitcoin fez foi sumir com a pessoa que administraria o registro de todas as transações, distribuindo esses registros no que o criador Nakamoto chamou de “cadeia de blocos”. Voluntários, que mais tarde seriam chamados de mineradores, fariam download de um software especial e criariam uma rede para manter a cadeia de blocos ativa e de forma coletiva. No processo de manter os registros e fazer o controle de fraude os mineradores também fariam novas Bitcoins. Todas as transações envolvendo Bitcoins seriam transmitidas pela rede e os computadores que estivessem rodando o software especial resolveriam complicados quebra cabeças criptográficos contendo dados sobre as transações. O primeiro minerador a resolver cada problema criptográfico ganharia 50 novos Bitcoins e o bloco de transações solucionado era adicionado à cadeia. A dificuldade em resolver os problemas seria aumentada conforme o maior número de mineradores.
Durante
pouco mais de um ano o mundo das Bitcoins se resumiu a poucos
entusiastas, mas aos poucos foi crescendo em um época e que o governo
dos EUA estava desacreditado e a economia estava de pernas bambas.
A
parte interessante do início da história da Bitcoin é que Satoshi nunca
foi descoberto, ele simplesmente sumiu. Houve boatos de que na verdade
Satoshi não era uma pessoa mas uma união de grandes empresas como SAmsung, TOSHIba, NAKAmichi e MOTOrola [Se a motorola está no meio, então hoje quem comanda é a Google?].
O fato é que algumas pessoas chegaram a conversar com Satoshi, sem
nunca descobrir quem ele é. Dizia-se que ele não tinha sotaque e falava
como um americano nativo qualquer.
FONTE:
http://cafedoprogramador.com/bitcoin-a-moeda-virtual-que-quer-dominar-o-mundo/
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